«Henrique O Grande; Henrique O Único»
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«Henrique O Grande; Henrique O Único»


"Uma vez, em Sófia, em 1973, com a camisola da Selecção Nacional, o Zé Gato fez uma das melhores exibições alguma vez assinadas por um guarda-redes português no estrangeiro. Conta quem lá esteve, com elogios merecidos.

HOJE vou falar de José Henrique: José Henrique Rodrigues Marques. O Zé Gato! O Zé merece! É uma amigo e foi grande como poucos. Por isso o título: roubei-o a um dos velhos mestres, Alfredo Farinha, que o publicou na antiga «A Bola» no dia 3 de Maio de 1973, na sequência de mais uma derrota bisonha da Selecção Nacional, em Sófia, na Bulgária, por 1-2. Uma derrota tão tristonha que praticamente afastava Portugal da Fase Final do Campeonato do Mundo de 1974, na Alemanha. Eram os tempos. 1966 teimava em não se repetir. Teríamos de esperar precisamente quarenta anos, até 2006, também na Alemanha, por nova meia-final de um Mundial.
José Henrique não teve na Selecção Nacional a carreira que mereceu: apenas 15 internacionalizações. Havia o Damas, depois houve Bento, e o Zé Gato ficou-se pelo meio dos dois. Mas, nesse ano de 1973, era ainda o guarda-redes da Minicopa, essa aventura de Verão que nos levou, em 1972, ao Brasil e a um dos momentos mais fascinantes do Futebol português.
Daí que a desilusão da ausência no Campeonato do Mundo de 1974 tenha sido ainda maior: afinal a Minicopa prometera tanto!
E havia ainda Eusébio, marcando mais golos do que nunca, «Bota de Ouro» europeu pela segunda vez.
Havia, mas não houve. Em Sófia, quero eu dizer. Em Sófia, nesse dia 2 de Maio, não houve nada. Ou melhor: houve Henrique, O Grande! O Único!

Ponto mais alto do elogio
ZÉ GATO é de família, mas ficava-lhe bem. Ele conta que quando surgiu no Benfica para se submeter à experiência era tão franzino que o equipamento ficava a boiar-lhe no corpo. Mandaram-no embora. Era pequeno demais para uma baliza tão grande. Teimou. A baliza foi, com o tempo, tornando-se mais pequena por sua vez.
Sobre José Henrique podem escrever-se páginas e páginas. E vamos escrevê-las. Vamos escrever até um livro inteiro, porque ele o merece. É deixar passar esta chuva insuportável e este mar furibundo que teima em destruir os molhes e as praias da Caparica para voltarmos às nossas conversas por dentro da memória, lá desse lado do rio que é o seu lado, da Arrentela ao Seixal onde nasceu e apanhou lamejinhas e ameijôas e começou a jogar futebol e se fez homem. Um homem às direitas na margem esquerda do Tejo!
Fez mais de 400 jogos com a camisola do Benfica: foi campeão por oito vezes. Ainda é um campeão!
Mas hoje vou dedicar aqui, a ele e ao Alfredo Farinha, esse momento brilhante na baliza da Selecção Nacional, em Sófia. Portugal jogou assim: José Henrique; Artur, Humberto Coelho, José Mendes e Adolfo; Toni, Quaresma e Simões; Artur Jorge, Eusébio e Jacinto João. Na segunda parte Nené substituiu Jacinto João e Pavão entrou para o lugar de Quaresma. Equipa de qualidade, como se vê. Não chegou. Na primeira parte Denev fez 1-0, num remate indefensável à entrada da grande-área. Na segunda, Bonev chegou aos 2-0, numa recarga a pontapé de Stoianiov ao poste. Nené faria o 1-2.
Vamos lá à prosa do mestre sobre o gato: «Com dois golos sofridos, derrotado, enfim, tal como os outros (doze), ele foi apesar de tudo o salvador da equipa portuguesa, o que vale por dizer que se não tem sido ele não teriam sido só dois - seriam pela certa mais. Felino como só ele (por alguma razão ganhou jus ao apodo de 'o gato'), arrojado a lançar-se aos pés dos búlgaros, decidido a sair-se aos cruzamentos pelo ar, optando sempre bem entre segurar o esférico e socá-lo para os lados, José Henrique adregou aqui em Sófia não apenas uma das melhores exibições da sua carreira, mas também uma das melhores actuações que já alguma vez vimos a um guarda-redes português no estrangeiro».
Ah pois! De truz! A homenagem é mais do que merecida.
Lembras-te Zé? Olha. Cá fica o meu abraço!"

Afonso de Melo, in O Benfica



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