Benfica
À beira (mar) da surpresa
"Benfica arrecadou e depois aguentou.
Assoberbados, desde o início da época, com uma série infindável de compromissos, os encarnados começam agora a sentir os efeitos de tão prolongada presença competitiva. Se a isso se juntar a garra e empenhamento dos adversários, como aconteceu, domingo, em Aveiro, então a tarefa torna-se mais complicada e nem a cuidada gestão de recursos humanos pode ser suficiente. Mas, para já, ainda vai dando...
Frente ao Beira-Mar, o Benfica viu-se e desejou-se para carimbar os três pontos (1-0). A equipa começou muito bem (o problema foi depois) e os primeiros minutos até foram de franco assédio às redes de Rui Rego, por força de um dispositivo atacante protagonizado por Cardozo e Lima, com Enzo Perez no apoio, além de Salvio e Ola John, nos flancos.
Lima podia mesmo ter marcado no primeiro lance do jogo, mas a festa não ficaria adiada por muito mais tempo. Aos 16', Cardozo, dentro da área, cabeceou e Hugo, de costas, cortou com o braço. Não houve intenção, é facto, mas a recomendação de recolher os braços não foi acatada pelo defesa, para além de que a bola seguia na direcção da baliza. A grande penalidade, indiscutível, seria convertida por Cardozo, que, decididamente, já atina com a melhor forma de desfeitear guarda-redes.
O golo acabou por mexer mais com o Beira-Mar, que, a partir daí, perdeu o respeito ao adversário e passou a controlar a situação. Muito por mérito de um meio-campo esclarecido, no qual Ruben Ribeiro foi a grande figura, não apenas no municiamento do seu ataque, onde a dupla Camara-Yazalde já teve melhores dias, mas também no duelo com Matic, de que não saiu a perder.
O último quarto de hora foi, pois, de preponderância aveirense, com Artur a ser chamado várias vezes a intervir com a eficácia que se lhe reconhece. Ao contrário do que se esperaria, essa disponibilidade dos da casa no ataque, mas com epicentro no miolo, manteve-se no 2º tempo. Porém, Jesus só procedeu à primeira alteração a meio deste período e para deixar tudo como estava (Ola John por Gaitán), ganhando apenas no refrescar da equipa, o que, convenhamos, também não é pouco.
Seria, de resto, Gaitán a contrariar o ascendente dos anfitriões, num lance por si iniciado e em que o Benfica podia ter arrumado de vez o assunto. Contudo, o pé direito de Cardozo não tem, como se sabe, a "fluência" do outro e a bola passou frente à baliza do irremediavelmente batido Rui Rego sem qualquer assinatura do paraguaio.
Para os últimos 15' de jogo, e tentando preservar a vantagem, Jesus apostou na contenção, reduzindo a frente de ataque a Lima, enquanto Cardozo cedia o lugar a Carlos Martins. Enzo recuaria, fazendo então companhia a Matic (não tão decisivo), como médios mais defensivos. Até final, o que se viu foi um Beira-Mar inconformado em busca do empate que chegou a justificar. O Benfica já teve exibições mais fulgurantes..."
Rui Tovar, in Sapo Desporto
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