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Benfica
ÁLVARO RECOBA, O DRUIDA DE MONTEVIDEU
Autor: RUI CASTRO/24 ANOS/TREINADOR DE FUTEBOL
Esquerdino, olhos rasgados, estilo meio desmazelado, mas uma soberba técnica. Recoba jogava barbaridades, um talento quase fantasmagórico que assombrou Milão durante anos. Cada grande golo, cada passe magistral ou cada finta desconcertante era um bálsamo para os aficionados do clube Interista.
Começou no Danubio, seguindo-se o Nacional, onde pintou a manta de tal maneira que o seu talento começou a transbordar para fora do Uruguai, de tal forma, que o Inter de Milão pagou uma pequena fortuna por “El Chino”. Este teria que encantar com golos em forma de poções para oferecer magia em doses industriais nos relvados do Calcio. Em Milão, Recoba jogou durante 9 anos (com uma passagem de 1 ano por empréstimo no Veneza), foi rei, com golos de cabeça, através de slalons incríveis pelos defesas duros de Itália, em remates em arco perfeito até ao ângulo das balizas, assistências, fintas e toques de habilidade, Recoba foi o mago que Milão ansiava, mas para seu pecado nunca conseguiu ser constante.
Deambulava entre grandes exibições e períodos de cinzentismo no banco. Em Milão ganhou quase tudo: 2 ligas Italianas, 2 supertaças, 2 Taças de Itália e 1 Liga Europa. Chegou a ser o jogador mais bem pago do mundo. O seu talento justificava o investimento mas a irregularidade roubava-lhe o cetro de fenómeno mundial. Depois de quase 10 anos em Milão, Recoba transfere-se para a Grécia, Panionios foi o seu clube, um clube demasiado modesto para a tamanha envergadura da qualidade deste prodígio sul-americano. Durou pouco tempo no país helénico e depressa voltou para a sua terra-natal.
Refez o circuito que tinha feito no início da carreira, primeiro vestiu a camisola do Danubio, onde foi formado e começou a dar nas vistas e a seguir segue para o Nacional de Montevideu onde joga há três anos e onde já foi campeão uruguaio por duas vezes, enriquecendo um palmarés que teria tudo para ser ainda mais rico, não fosse o diletantismo futebolístico de Recoba e a sua facilidade assustadora de se eclipsar durante largos períodos de tempo.
Que jogador teria sido Álvaro Recoba se tivesse seguido um rumo mais ortodoxo na sua carreira? Com certeza figuraria atualmente nos jogadores mais renomados e condecorados do mundo. Assim, só fica o extraordinário talento, o predestinado pé esquerdo e um Q.I a nível de leitura de jogo que fizeram de si um dos melhores executantes de sempre da Série A, mas nem sempre dos melhores profissionais.
O menino de sorriso reguila e cara de malandro ainda joga quanto baste para irrigar de magia e talento os relvados do Uruguai.
Um talento fora da norma, Recoba!
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