Benfica
Benfica, a Europa na linhagem (a Juventus é que é do teu campeonato)
"Sem prejuízo da final do Jamor, é o duelo com a Juventus que dirá se esta é uma época mesmo especial para os encarnados ou apenas boa.
A festa benfiquista foi bonita. Teve a intensidade das reconciliações, das coisas que «estavam aqui atravessadas» (como disse um popular na televisão, apontado para a garganta) e deixaram de estar. A mágoa dos dois últimos campeonatos perdidos para o FC Porto foi-se o exacto momento em que Benfica garantiu matematicamente o título. Que foi ganho com todo o mérito, nenhuma surpresa e pouco ou nenhum «frisson». Por muito que o treinador Jorge Jesus (gato escaldado...) se tenha esforçado por nomear perigos, obstáculos e adversários que mais ninguém viu, a verdade é que o 33.º título benfiquista resultou de uma campanha sóbria e competente... mais tranquila, praticamente sem angústias nem adversários. No fundo, igual a tantas outras que o FC Porto fez nestes últimos anos. Dito isto, deve elogiar-se o Sporting porque foi o único que deu luta ao Benfica, embora quase sempre a uma distância considerável.
Sem querer estragar a festa aos benfiquistas, nomeadamente à minha amiga Leonor Pinhão (o título desta crónica é para ela), parece-me que este campeonato do Benfica está destinado a ficar na história como uma conquista normal, sem nada de transcendente. É o que acontece quando uma equipa se revela francamente superior à concorrência que, ainda por cima, patina. Houve outros títulos do Benfica muito mais custosos.
ASSEGURADA a «prioridade n,º 1» e pulverizadas as ansiedades, angústias e inquietações trazidas da época passada, Jorge Jesus tem agora oportunidade de mostrar aos benfiquistas até que ponto é ambicioso e não se contenta com o óbvio; até que ponto quer ficar - ele e a equipa - na história do Benfica; vamos pôr as coisas assim. Ganhar o campeonato é uma coisa normal: o Benfica fez isso 33 vezes; outra coisa, mais difícil, é ganhar na mesma época campeonato e taça: o Benfica fez isso nove vezes, a última das quais há 27 anos; outra coisa, ainda mais difícil, é ganhar campeonato, taça e chegar a uma final europeia: o Benfica só fez isso uma vez - com Eriksson, há 31 anos; outra coisa, mesmo muito difícil, é ganhar campeonato, taça e uma competição europeia na mesma temporada: o Benfica nunca fez isso. Mas o FC Porto fez, por duas vezes (!)... nos últimos onze anos. Primeiro com José Mourinho (2002-03), depois com André Villas Boas (2010-11), em ambos os casos à frente de plantéis formidáveis - como este do Benfica. É nestes dois exemplos que Jesus se pode inspirar para o que resta da época. Homem, assuma que a conquista da Liga Europa é um objectivo possível, viável e extremamente desejável. Quanto mais não seja - não é verdade, Leonor? - porque o Benfica deve à Europa a imagem (e a linhagem) que tem. Não foi a ganhar campeonatos e taças domésticas (a que ninguém fora deste país presta atenção) que o Benfica se fez monstro sagrado na Europa e no Mundo. Foi a brilhar durante dez anos seguidos na Taça dos Campeões Europeus com Eusébio, Coluna & c.ª.
ESTA conversa transporta-nos para a Juventus e a meia-final da Liga Europa, a taça europeia que o Benfica perdeu injusta e dolorosamente há um ano, em Amesterdão, para o inconvincente Chelsea de Rafa Benitez; a taça europeia que o Benfica tem de ganhar para que esta época seja verdadeiramente especial. Para isso é preciso derrubar a «Juve». Tem o Benfica hipóteses de eliminar o campeão italiano? Claro que tem. Tantas como o FCP antes de eliminar a Lazio de Roma na meia-final de 2002-03; e o Villareal na meia-final da Liga Europa de 2010-11. O importante é querer, acreditar - o poder vem logo a seguir. A Juventus é uma equipa chata, a segunda melhor que o Benfica defronta nesta época depois do Paris SG. Uma equipa 100% italiana no modo como se apresenta e compete, ou seja, dura, rochosa, pragmática, velhaca. Mas se a Juventus fosse assim tão forte não tinha sido eliminada na fase frupos da Champions com apenas 6 pontos. Num grupo com Galatasaray e Copenhaga...
Amanhã começamos a perceber se esta é uma época mesmo especial para o Benfica e para Jorge Jesus ou apenas uma época igual a tantas outras (se o Benfica se ficar apenas pelo campeonato), ou uma boa época (se Jesus fizer a «dobradinha» que, note-se bem, nenhum treinador português conseguiu na Luz). Ah. Na segunda-feira a Mary Calado perguntou-me, antes da Revista de Imprensa Internacional d'A BOLA TV, quantas referências tinha encontrado nos jornais estrangeiros à festa do título benfiquista. Poucas, Mary, muito poucas. O campeonato português praticamente não tem expressão internacional. É assim a vida.
Ninguém como Lajos Baroti
SE perguntassem aos adeptos benfiquistas que época futebolística escolhiam como a melhor de sempre, suspeito que a maioria optaria pela de 1960-61 - quando o Benfica de Bella Gutmann ganhou o campeonato e a Taça dos Campeões Europeus. Dois títulos, portanto. Na época seguinte, o Benfica de Guttmann voltou a ser campeão europeu e ganhou a Taça de Portugal mas perdeu o campeonato para o Sporting. Dois títulos, portanto. Há uma ideia generalizada de que Eriksson fez coisas inéditas na Luz, mas não é bem assim: a melhor época do sueco (1982-83) traduziu-se numa «dobradinha» acrescida de final europeia perdida (Taça Uefa, com o Anderlecht). Dois títulos, portanto. Do ponto de vista contabilístico, melhor fez o húngaro Lajos Baroti em 1980-81: ganhou campeonato, taça, supertaça e ainda chegou a uma meia-final europeia (Taças das Taças), Três títulos, portanto - e o superpleno doméstico da história do Benfica.
Engraçado como Jorge Jesus ainda pode ultrapassar o registo de Baroti, único treinador do Benfica que ganhou três títulos nacionais numa época (Agosto-Maio). Jesus pode chegar aos quatro. Um já está. Faltam as taças (de Portugal e da Liga) e a Liga Europa. É difícil? É. Tão difícil como perder tudo de enfiada - possível, portanto.
(...)"
André Pipa, in A Bola
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