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CLUBES PORTUGUESES INVESTIRAM 60 MILHÕES DE EUROS

Campeonato inicia-se numa fase em que o mercado de Verão ainda vai implicar mudanças. Saídas equivalem a 110 milhões de euros, tornando o balanço muito positivo.

O investimento dos 16 clubes da Liga Zon Sagres, cuja edição 2013/14 começa hoje, não chegaria para pagar Edinson Cavani, transferido do Nápoles para o PSG por 63 milhões de euros. Até agora, segundo dados do site "Transfermarkt.de", os portugueses gastaram 59,5 milhões de euros, tendo encaixado 109,7 milhões. Porém, estes números não são definitivos, uma vez que ainda vão registar-se mexidas nos plantéis até ao final do mercado de Verão.

"É prematuro fazer uma avaliação ao mercado de transferências em Portugal", defende António Samagaio, professor no ISEG. "Enquanto o mercado de Verão não fechar, existem sempre possibilidades de negócio. Por exemplo, em Setembro de 2012 assistimos à saída de duas das principais referências da época 2011/12: Hulk e Witsel. Os clubes portugueses têm uma tradição de exportar talentos e, por isso, é natural que possa haver saídas.

Não é novidade que alguns clubes necessitam das mais-valias das transferências para equilibrar as suas contas, atendendo a que as receitas operacionais não chegam para fazer face aos gastos operacionais. Se não conseguem essas receitas extraordinárias, os prejuízos começam a acumular e, por arrasto, o passivo aumenta."

Refere o docente que "a necessidade de receitas tem levado os clubes portugueses a alargar os mercados de recrutamento, mas Portugal continua a ser um ‘hub' de entrada de jogadores brasileiros na Europa". Olhando as movimentações dos clubes portugueses no mercado, António Samagaio resume: "O sucesso desportivo é sinónimo de qualidade dos jogadores, equipa técnica e estrutura organizacional. Assim, o Paços de Ferreira, por exemplo, pôde transferir Diogo Figueiras por um milhão de euros."

O professor comenta que da Luz "não deverão sair as principais referências". Porquê? "Três anos seguidos do rival a vencer e a frustração da época passada levam a SAD a apostar forte. O êxito desportivo terá óbvia implicação nas subscrições da Benfica TV. E não parecem existir problemas de tesouraria, pois foi renovado o empréstimo obrigacionista de 45 milhões por mais três anos e as alienações ao Benfica Stars Fund não são expressivas."

Outra questão são os casos do Benfica com Oscar Cardozo, mas também do Sporting face a Bruma e Labyad. "Uma situação de conflito entre o jogador e a entidade patronal não é boa, sobretudo quando o clube está pressionado pelas suas finanças para ter de realizar cash. Após a lei Bosman, os clubes viram as posições negociais mais enfraquecidas, sobretudo quando necessitam das transferências para equilibrar os orçamentos."

Sobre a actuação dos dirigentes do Sporting, o docente mostra optimismo: "O investimento em jogadores revela realismo em função da situação económico-financeira do clube. A preocupação e as acções empreendidas junto dos núcleos sportinguistas também são elementos positivos. O Sporting tem potencial na sua massa adepta para gerar mais receitas na bilheteira, quotização e merchandising", revela.

Fariña e o Banyias

Num negócio que teve a participação do empresário Jorge Mendes, o Benfica contratou o argentino Luís Fariña ao Racing Avellaneda, cedendo-o logo ao Banyias dos Emirados Árabes. "São motivações de carácter económico", opina Samagaio. "É o preço que a SAD benfiquista irá receber por esse empréstimo e, caso o jogador tenha bom desempenho, torna-se natural que o clube consiga transferi-lo com mais-valia."

Outro dado importante do negócio é "o estreitamento de relações com um clube de uma região que está na moda". O docente acrescenta: "A oportunidade de crescimento das receitas dos clubes portugueses passa por explorar os mercados internacionais com a hipótese de empresas desses países patrocinarem os clubes ou abrir portas à realização de jogos particulares nessas paragens a troco de verbas avultadas. Na Benfica SAD há ainda a necessidade de comercializar as transmissões em mercados internacionais. O estreitar de relações com pessoas influentes desses países pode abrir portas a outros negócios."

No plano desportivo, porém, a perspectiva é diferente. "Este empréstimo foge à lógica tradicional de arranjar um clube onde o jogador pudesse fazer a transição para o futebol europeu. Não é, por certo, no Médio Oriente - e ainda por cima treinado por um técnico sul-americano - que o jogador faz a adaptação ao futebol europeu, ou seja, clima, língua, estilo de jogo, entre outros."

fonte:jornaleconómico

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