Benfica
Como ele dizimou os nossos presidentes (V)
OPINIÃO
É importante perceber como chegámos à situação actual, passando de Clube dominador para emblema dominado, e não é só no futebol.
Há que aproveitar esta paragem, entre 2010/11 e 2011/12 para reflectir sobre as nossas fraquezas. É este o tempo certo.
Que clubes antes de 1982/83?
Quando PdC tomou posse como presidente da Direcção do FCP a diferença, entre FCP e “Glorioso” era abissal. O Benfica conquistara 24 Nacionais (mais 17 que os 7 do FCP), 20 Taças de Portugal (mais 12 que as 8 do FCP), 1 Supertaça (tantas quantas as do FCP) e 2 TCCE (o FCP tinha zero).
Troféus Oficiais (últimas dez épocas)
1972/73 a 1981/82
Clube | TOT | C.º Nac. | T.P. | S.T. |
SLB | 8 | 5 | 2 | 1 |
SCP | 8 | 3 | 4 | 1 |
FCP | 5 | 2 | 2 | 1 |
Nas últimas dez temporadas, antes de PdC conquistar a presidência do FCP, entre 1972/73 e 1981/82, o SLB tinha conquistado oito troféus (incluindo 5 Nacionais) enquanto o FCP obtivera 5 (apenas dois Nacionais).
Presidência de Fernando Martins
(durante a presidência de Pinto da Costa)
Competições | Dif. Totais | 1982/83 | 1983/84 | 1984/85 | 1985/86 | 1986/87 | Dif. Totais |
C.º Nacional | (+ 17) | SLB | SLB | FCP | FCP | -- | (+ 17) |
T. Portugal | (+ 12) | SLB | FCP | SLB | SLB | -- | (+ 14) |
Supertaça | ( = ) | SCP | FCP | SLB | FCP | FCP | (- 2) |
TCCE | (+ 2) | -- | -- | -- | -- | -- | ( + 2 ) |
Total | (+ 31) |
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| 6 – 6 (+ 31) |
Durante a presidência de Fernando Martins vai esbater-se a superioridade do SLB em relação ao FC Porto. O Benfica que nos últimos anos conquistava o “dobro” passa a conquistar “o mesmo”.
Presidência de João Santos
Compe- tições | Dif. Totais | 1986/87 | 1987/88 | 1988/89 | 1989/90 | 1990/91 | 1991/92 | Dif. Totais |
Camp. Nacional | (+ 17) | SLB | FCP | SLB | FCP | SLB | FCP | (+ 17) |
Taça de Portugal | (+ 14) | SLB | FCP | Bel | E.A. | FCP | Boav | (+ 13) |
Supertaça | (- 2) | -- | SCP | Gui | SLB | FCP | FCP | (- 3) |
TCCE | (+ 2) | FCP |
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| (+ 1) |
Total | (+ 31) |
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| 5 – 8 (+ 28) |
Durante a presidência de João Santos manteve-se o equilíbrio, no Campeonato Nacional (três triunfos para cada clube nas seis épocas da gerência de João Santos), mas vantagem portista – com mais um triunfo em cada uma - nas outras três competições. Mas, pagou-se um preço elevado: por indigência de Gaspar Ramos (vice-presidente para o futebol) gastava-se (Gastar Ramos) de mais, em vez de desmantelar-se a estrutura mafiosa do portismo.
Presidência de Jorge Brito
Compe- tições | Dif. Totais | 1992/93 | 1993/94 | Dif. Totais |
Camp. Nacional | (+ 17) | FCP | ''' | (+ 16) |
Taça de Portugal | (+ 13) | SLB | ''' | (+ 14) |
Supertaça | (- 3) | Boav | ''' | (- 3) |
TCCE | (+ 1) |
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| (+ 1) |
Total | (+ 28) |
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| 1 – 1 (+28) |
Durante a curta presidência de Jorge Brito, não foi possível continuar o seu “mecenato ressarcido” que implementou no Clube, ainda como vice-presidente da Direcção presidida por João Santos. Problemas pessoais, condicionando a sua estratégia de financiamento, inviabilizaram que o mandato trienal chegasse ao seu termo em Maio de 1995, terminando com ano e meio. Se alguém não “merecia o que lhe aconteceu” foi Jorge Brito. A vida financeira tramou-o. Quis o destino que assim fosse. Obrigado, por tudo, Jorge Brito.
Presidência de Manuel Damásio
Compe- tições | Dif. Totais | 1993/94 | 1994/95 | 1995/96 | 1996/97 | Dif. Totais |
Camp. Nacional | (+ 16) | SLB | FCP | FCP | FCP | (+ 14) |
Taça de Portugal | (+ 14) | FCP | SCP | SLB | Boav | (+ 14) |
Supertaça | (- 3) | FCP | FCP | SCP | FCP | (- 6) |
TCCE | (+ 1) |
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| (+ 1) |
Total | (+ 28) |
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| 2 – 7 (+ 23) |
Sem estratégia financeira, nem percebendo como conseguira o “Glorioso”, nas últimas épocas, equilibrar as conquistas com o FC Porto, o mandato trienal (repartido por duas eleições, devido à antecipação em 1996 e 1997) seria desastroso. Pensando que o problema do Benfica, as suas dificuldades, resultava apenas de má gestão financeira e fraco, ou nulo, aproveitamento da nossa grandeza, descuraram o principal – a componente externa, a teia montada pela estrutura mafiosa portista. Resultados?! Ruinosos.
Presidência de Vale Azevedo
Compe- tições | Dif. Totais | 1997/98 | 1998/99 | 1999/00 | 2000/01 | Dif. Totais |
Camp. Nacional | (+ 14) | FCP | FCP | SCP | -- | (+ 12) |
Taça de Portugal | (+ 14) | FCP | B.M. | FCP | -- | (+ 12) |
Supertaça | (- 6) | Boav | FCP | FCP | SCP | (- 8) |
TCCE | (+ 1) |
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| (+ 1) |
Total | (+ 23) |
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| 0 – 6 (+ 17) |
Tomada de Posse: 3 de Novembro de 1997
Último dia na presidência: 31 de Outubro de 2000
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Vale Azevedo (1957 // 54 anos) |
Estratégia externa quezilenta, inadequada e inoportuna
Para Vale Azevedo a fraqueza do Benfica, nos últimos anos (e atingindo vários presidentes e dirigentes) era a “falta de liderança”. Sendo um clube tão grande (gigante em Portugal) só não vencia mais e conquistava mais títulos por que as personalidades que o lideraram nas últimas gerências não eram líderes naturais. O problema é que o polvo portista estava cada vez mais implantado. Depois de começar nos árbitros, implantara-se na redacção Norte da RTP e alastrava aos restantes media (em particular, “obrigando” a criar delegações no Porto infestando-as de portistas). A ponta do “iceberg” era (e é…) a Olivedesportos. Vale Azevedo conhecendo o “meio futebolístico”, apenas, pelo que lia, ouvia e via nos media (ou seja, mal informado, e pior que isso, desinformado) ao comprar guerras cavou a sepultura. Com a teia montada, a estratégia da aranha azul-e-branca é esperar pela presa. Durou um mandato.
Estratégia interna irresponsável… inoportuna e inadequada
A nível interno, temendo boicotes, por não confiar na estrutura existente foi marginalizando a “torto e a direito” trazendo para o “Glorioso” gente da sua esfera de influência. Não demorou muito a gerar conflitos e a ter de gerir problemas que o enfraqueceram, ainda com a agravante de estar fragilizado a nível externo. Pela 1.ª vez, desde a criação do Nacional (1934/35) o Benfica, em 1998/99 ficava cinco anos sem conquistar o Nacional. “Seca” que iria durar… mais… cinco épocas! Uma política de contratações alicerçada em negócios “clandestinos” com prejuízo para o erário público, fizeram dele um alvo fácil para o justicialismo português. Quando abandonasse a presidência do “Glorioso” teria os dias, em liberdade, contados. Por culpa própria. Deixaria as contas e credibilidade do Clube como não se via desde… 1917. Lastimável, comprometendo o futuro do Clube e os corpos gerentes seguintes. Inacreditável, tendo em conta que Vale Azevedo era associado do Clube desde 1973. Inexplicável (ou talvez não). As fraquezas humanas tornam os homens mesquinhos, interesseiros e frágeis. Ainda que ao “verem-se ao espelho” (que pode ser, apenas, o reflexo – opiniões e elogios - dado pelos seus apoiantes) pareçam gigantes e fortes. Terrível… para ele e família.
A “herança de conquistas” que Vale Azevedo deixou para o presidente seguinte, foi pior (muito pior) do que aquela que recebeu. E assim será, como se constatará, para as sucessivas presidências... até hoje.
Alberto Miguéns
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