Benfica
CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO
Título:
O Arouca é que é do nosso campeonato
Texto:
Por razões que só ao Arouca assistem, o jogo do próximo domingo com o Benfica foi transferido, aparentemente com as autorizações devidas, do Estádio Municipal de Arouca, com capacidade para 5 mil espectadores, para o Estádio Municipal de Aveiro, com capacidade para 30.970 espectadores.
Pode, assim, o Arouca vender mais 25.970 bilhetes o que constitui, certamente, uma alegria para o tesoureiro do clube. Se o Arouca vendesse cada bilhete a 5 euros, um preço de saldos, faria uma receita de perto de 130 mil euros, o que já dava muito jeito com certeza.
Como o Arouca decidiu, e bem, não fazer saldos, a receita pode ultrapassar o meio milhão de euros, verba sonante num momento em que os clubes lutam por verbas como quem luta pela vida.
Quero com isto dizer que é mais do que compreensível a felicidade dos arouquenses em vésperas de receberem o Benfica em Aveiro.
Quanto ao Benfica, é verdade que vai jogar fora num estádio em que, muito provavelmente, vai contar com um apoio massivo dos seus adeptos.
Convém só não se esquecerem, adeptos e jogadores, que foi no Estádio da Luz, com um apoio massivo de benfiquistas, que o Arouca arrancou na primeira volta um empate a 2 bolas.
Lembram-se?
Carrega, Benfica! Mas carrega mesmo!
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André Almeida, impecável. Era só isto.
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É de estranhar o silêncio do Sindicato dos Jogadores sobre uma ocorrência ainda recente e que, por inerência de funções, lhe diria diretamente respeito em defesa do bom nome de um seu associado.
A cessação do contrato do jogador Márcio Rozário por iniciativa do patrão, o Marítimo, que alegou a inusitada justa causa de “quebra de confiança” no desempenho do empregado, não mereceu nem uma conferência de imprensa, nem um comunicadozinho, nem uma linha ao Sindicato dos Jogadores.
Que singular estatuto é este do jogador que não inspira confiança a quem lhe paga o ordenado e que se vê, de um momento para o outro, sem contrato e sem trabalho e sem o apoio formal e obrigatoriamente estridente do seu Sindicato?
Márcio Rozário foi notícia por um dia – melhor, por uma manhã – e o seu tormentoso caso desapareceu como que por artes mágicas das páginas dos jornais.
O país está em crise, todos sabemos. Vivemos um período de grande contenção de despesas e, em boa verdade, ao preço a que está a tinta, só o que se poupou nos rios de tinta que este caso normalmente faria correr, justifica em pleno o silêncio geral sobre o estranho caso de Márcio Rozário.
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Na última jornada da Liga de Honra, o FC Porto-B deslocou-se a Faro e os seus jogadores recusaram-se a entrar em campo de mãos dadas com a criançada local, inocente cerimónia da praxe nos jogos das competições organizadas pela Liga.
A imprensa relatou o episódio. Com paninhos quentes foi até adiantada uma justificação considerada minimamente plausível para a insólita atitude. O Farense vendeu os direitos de transmissão dos seus jogos em casa à Benfica TV e, posto isto, até as criancinhas da terra terão passado a ter peçonha.
No que diz respeito ao resultado do jogo de futebol propriamente dito, pois ganhou o Farense por 1-0. Quanto ao jogo filosoficamente falando, pois perdeu o FC Porto-B por 10-0.
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O treinador do AZ Alkmaar, Dick Avocaat, tem sido inexcedível em encómios ao Benfica desde que o sorteio dos quartos-de-final da Liga Europa colocou os holandeses no caminho da equipa de Jorge Jesus.
Na véspera do jogo da primeira-mão, Avocaat avisou logo que a sua equipa não tinha qualquer tipo de hipótese na eliminatória. A verdade é que o Benfica acabou por vencer na Holanda, ainda que pela diferença mínima, resultado agradável mas que, de modo algum, garante a qualificação para as meias-finais da prova.
Ontem, na véspera do jogo da segunda-mão, Dick Avocaat voltou a dispensar altos elogios ao seu adversário. Diz o treinador do AZ Alkmaar que lhe bastou ver “meia hora” do jogo do Benfica com o Rio Ave para ficar perfeitamente esclarecido sobre o destino que aguarda a sua equipa esta noite no Estádio da Luz.
Por curiosidade, resta apenas saber que “meia hora” viu Avocaat desse jogo da última segunda-feira.
Se viu trinta minutos da primeira parte é natural que o treinador do AZ tenha ficado impressionado com a saúde e com o fulgor da equipa do Benfica. Se viu trinta minutos da segunda parte, terá ficado certamente impressionado com a capacidade de baixar a intensidade do jogo exibida pela equipa do Benfica sem nunca perder o controlo das operações.
Está, portanto, ganha a eliminatória com o AZ Almaar? Longe disso. As palavras de Dick Avocaat são muito bonitas, encantadoras mesmo, mas encarar o jogo de hoje à noite como um pró-forma antes do sorteio das meias-finais poderá ser fatal para as aspirações do Benfica na Liga Europa.
Se é que as tem. Presume-se que sim.
É natural ambicionar mais e melhor numa competição internacional ainda que, por razões de ordem vária, não seja essa a maior prioridade.
Nesta fase quase final da temporada, o Benfica vê-se ainda envolvido em quatro competições mas, como todos sabemos, o Arouca é que é do nosso campeonato.
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Lima, sempre impecável. Era só isto.
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Campeonato à parte, vamos lá então à discussão das coisas menores.
No presente estado das ditas coisas menores, o FC Porto leva vantagem substantiva e formal sobre o Benfica na discussão das outras duas competições nacionais em que ambos os rivais estão ainda envolvidos: a Taça de Portugal e a Taça da Liga.
Dificilmente o Benfica ganhará este ano qualquer uma destas competições ainda que não sejam intransponíveis os obstáculos que tem pela frente até porque, tratando-se de futebol, tudo pode acontecer.
Mas sabemos, por experiência acumulada, que tudo o que pode acontecer em futebol acontece sempre mais a uns do que a outros.
Peguemos na Taça de Portugal, por exemplo. Está em vantagem por 1-0 o FC Porto depois do jogo da primeira-mão das meias-finais que ocorreu no Dragão. Antigamente, 1-0 em casa era um resultado que não dava garantias para o jogo da segunda-mão fora de casa. Era no tempo em que se marcavam muitos golos.
Agora já não é assim. Ao preço a que estão os golos e os goleadores, 1-0 em casa tornou-se num resultado excelente para defender fora de portas. É verdade que se o Benfica repetir para a Taça o resultado que fez com o FC Porto na Luz para o campeonato, segue direitinho para o Jamor. Mas basta o FC Porto marcar um golo para complicar imenso a vida ao Benfica que não marcou no Dragão.
Conclusão: o FC Porto é muitíssimo favorito nesta meia-final da Taça de Portugal.
Peguemos agora na Taça da Liga, ainda sem data marcada para a realização da meia-final a uma “mão”, no Dragão, na sequência da demora da decisão do processo que o Sporting moveu à bondade do atraso do início do jogo FC Porto-Marítimo o que conduziu a uma situação duplamente inédita: a já referida ausência de data para o jogo que decidirá quem se vai encontrar com o Rio Ave na final da competição e, mais raro ainda, o facto de o Sporting ter sido eliminado por três vezes nesta edição da Taça da Liga: uma no campo e duas na secretaria.
É obra!
Com data ou sem data, o FC Porto é também o favorito para chegar à final porque jogará em casa a decisão, num único jogo, e é certo e sabido que o Benfica raramente ganha no Dragão mesmo quando tem melhor equipa e joga melhor futebol, tal como vem sucedendo nos últimos longos anos.
E, portanto, sem devaneios poéticos, é esta a situação: Taça de Portugal e Taça da Liga, no estado em que estão, pendem fortemente para o FC Porto.
Temos pena.
Prioridades são prioridades. E sobre isto ninguém me convence do contrário até porque o Arouca é que é do nosso campeonato.
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