D. Palhaço e a sua irresistível atracção por mulheres baratas
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D. Palhaço e a sua irresistível atracção por mulheres baratas


"Se há algo de que não se pode acusar D. Palhaço é de não se interessar por mulheres. De diversas idades, diversas cores e de diversos preços... Há quem diga que cada vez mais baratas, mas já se sabe como são as más-línguas no que a mulheres diz respeito.

Maio é mês de Rosas e de Fátimas. E com Maio no fim, D. Palhaço não perdeu a oportunidade de, meloso, rogar a Fátima:

-Fátinha, faz!...

E Fátinha fez.

-Um luxo!, disseram logo alguns.

-De génio!, disse logo o Lambe-Botas, de língua negra de azeviche de tanto andar com ela para cá e para lá em superfícies engraxadas.

-Uma obra de joelharia acrescentou um terceiro, convencido de que as obras de joelharia são assim chamadas porque se fazem de joelhos.

D. Palhaço brilhou. Os palcos são lugares onde se sente bem.

Sobretudo quando lhe dão carta branca para largar as suas porcarias, as suas breijeirices insuportáveis com o maior dos à-vontades. D. Palhaço mentiu. Mentir para ele é uma arte. Arte de palhaço pobre que a mentir ganhou a vida.

D. Palhaço insultou. O insulto é para ele a expressão natural da sua falta de educação, da sua tacanhez, do seu cérebro caliginoso.

D. Palhaço, exigiu:

-Fátinha, lava!...

E a Fátinha lavou, o mais branco possível, tudo o que o freguês deu ao rol. Cantando:

«Ó rio não te queixes

Ai o sabão não mata

Ai até lava os peixes

Ai põe-nos cor de prata...»

A D. Palhaço dá sempre jeito ter uma Fátinha que lave mais branco. À Fátinha dava jeito um bocadinho de dignidade, ou pelo menos uma pontinha de nojo. Fátinha canta:

«Um lençol de pano cru

Vê lá bem tão lavadinho

Dormindo nele, eu e tu...»

D. Palhaço, sempre irresistivelmente atraído por mulheres (há quem diga que cada vez mais baratas), católico apostólico e romano como poucos, já deixou Fátima para trás: vai a caminho de Lurdes, Ou de Roma, quem sabe?"


Afonso de Melo, in O Benfica



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