Damas e Eusébio
Benfica

Damas e Eusébio


"Meu caro Bruno de Carvalho:
Estava 1973 a caminho do fim, houve um Benfica-Sporting - e no regresso ao Porto, o árbitro despistou-se a alta velocidade e morreu. Porém, do que lhe quero falar é de outra coisa. Aos 54 minutos, Fernando Leite assinalara livre contra o Sporting, Artur deu toque subtil para o lado e... não foi um remate, foi um morteiro. A bola bateu no suporte da rede - e voltou em carambola para fora da baliza. Damas, convencido (mas convencido mesmo...) de que fora na barra que batera, agarrou-se e pô-la em jogo:
- Como era livre a 30 metros da baliza, não quis barreira. Deu no remate fulminante, como eu nunca vira. Deixou-me atarantado, sem sequer perceber se tinha sido golo. Eu e mais gente. Aliás, o primeiro a perceber foi ele, o Eusébio. A festa que fez é que levou à festa do Terceiro Anel. No fundo, esse lance mostrou que o Eusébio via sempre primeiro e mais longe do que qualquer um de nós, era um génio, um daqueles raros jogadores que jogariam em qualquer equipa 100 anos antes ou 100 anos depois...
Nunca me esqueço: sempre que esse lance lhe saltava à memória de uma cavaqueira, Eusébio deixava-se ir numa espécie de contracorrente à fascinação:
- Toda a gente fala desse golo, mas eu dou mais valor a outro que marquei ao Damas, um em que fui do meio-campo à baliza a driblar, houve gajos que eu passei duas vezes... Aliás, mesmo nesse jogo do golo do livre, o segundo golo é que foi um espectáculo e para mim o melhor prémio foi o que o Damas fez depois...
Foi um golpe de cabeça, de costas para a baliza, na sequência de canto do Vítor Baptista. Tão assombroso que Damas se desembrulhou das redes e correu a tirar o Eusébio de magote onde estavam Artur, Toni e Nené em euforia para o abraçar, dar-lhe parabéns. Era, era disso que lhe queria falar. Para lhe dizer, na força da metáfora, que o resto em que você tem andado nos últimos dias, não é futebol, nem sequer folclore - é uma vergonha, para o futebol. (Mas, sim: muito pior é a tarja, foi a tarja do Very Lught 1996 - que nem sei como qualificar...)"

António Simões, in A Bola



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