Dez razões para um inêxito
Benfica

Dez razões para um inêxito


"Face às expectativas criadas, face ao brilhantismo que a equipa, a dada altura, chegou a exibir, nada fazia prever o penoso final de época que o futebol benfiquista protagonizou, e que nos entristeceu profundamente. Importa agora reflectir sobre o que contribuiu para tão ingrato desfecho, de modo a que os escombros desta temporada não venham condicionar também a próxima. Limitado, naturalmente, àquilo que se vê de fora, passo a identificar dez aspectos passíveis de explicar este insucesso:

1) Efeitos do Mundial - O Benfica foi a equipa portuguesa mais representada em África, e isso perturbou gravemente a preparação de época, que não contou com elementos preponderantes durante o primeiro mês de trabalho. Alguns destes jogadores (Cardozo, Luisão, Maxi) demoraram a regressar ao rendimento normal, condicionando desse modo os equilíbrios colectivos.

2) Estruturação do Plantel - Tem-nos sido difícil saber conciliar os timings de mercado (ajustados às Ligas que se iniciam em Setembro), com os timings necessários à planificação de uma época vitoriosa. Ramires e Di Maria foram vendidos (e bem), mas o espaço que deixaram não estava devidamente acautelado. Salvio veio muito tarde, e só em Dezembro se afirmou como titular, quando Campeonato e Liga dos Campeões eram já causas perdidas. Gaitán também demorou a adaptar-se a uma posição da qual não trazia rotinas.

3) Optimismo excessivo - Antes de início da época, não conseguimos evitar um discurso triunfalista, que além de alimentar a motivação dos adversários, fez crescer inutilmente as expectativas, com paralelismo no posterior desencanto dos adeptos. Subvalorizando o principal rival, quando tinha de se preparar para uma guerra.

4) Más arbitragens - Não me recordo de Campeonato tão adulterado pelas arbitragens quanto este. Seria fastidioso voltar a enumerar, um a um, todos os lances que nos lesaram. Mas até na Taça (golo em fora-de-jogo), e na Europa (golo do Sp. Braga após empurrão na área), fomos prejudicados, sem que a comunicação social o tenha relevado.

5) Permeabilidade defensiva - Com o Campeonato quase perdido, e fora da Champions, a venda de David Luíz foi, naquela contexto, uma boa decisão. Mas o certo é que, daí em diante, o Benfica revelou uma fragilidade defensiva que dificilmente se coadunaria com a obtenção de títulos. As responsabilidades não se esgotam, porém, no quarteto defensivo: no meio-campo e ataque são sectores onde os golos dos adversários começam a ser construídos, e o Benfica desta época pressionou pouco, desposicionou-se muito, e defendeu globalmente mal.

6) Lesões - A praga começou com Cardozo, continuou com Ruben Amorim, terminou com Gaitán e Salvio. Em fases decisivas da temporada, o Benfica viu-se subtraído de peças chave, com efeitos iniludíveis nas exibições e nos resultados. No lado direito, a dada altura, vimo-nos sem Salvio, nem Amorim, nem mesmo Luís Filipe. Não há plantel que dê para tanto.

7) Falta de sorte - O futebol é um jogo, e, como tal, contempla uma componente aleatória que não podemos desprezar. As três bolas no poste nas meias-finais europeias, a carambola que deu o 3.º golo ao FC Porto na Taça, as oportunidades desperdiçadas nas primeiras partidas do Campeonato (2.ª parte com a Académica, 1.ª parte na Choupana), foram momentos de infelicidade capazes de dizimar campeões.

8) Quebra física - Não entendo nada de preparação física, mas na fase mais crítica da temporada saltou à vista a dificuldade de certos jogadores em aguentar o ritmo e a intensidade dos jogos. Meses antes, os mesmos atletas revelavam enorme fulgor, e mantinham uma série recorde de vitórias consecutivas, abrilhantadas com exibições de luxo. Se a quebra se deveu a factores de treino, ou apenas a factores anímicos, é questão para especialistas. Interessa sobretudo que tal não se repita, pois as épocas terminam em Maio e não em Fevereiro.

9) Fragilidade anímica - A luta inglória por um Campeonato perdido acabou por minar a confiança dos atletas, e os efeitos notaram-se na Liga Europa e na Taça de Portugal. Nos momentos de decisão, esperava-se outro estofo mental da equipa, que não viria a conseguir libertar-se das suas angústias. Alguns adeptos também não ajudaram, pois quando se exigia apoio, responderam com mais pressão, com assobios, e até tentativas de agressão.

10) Super-FC Porto - Por muitas voltas que dêmos ao texto, a razão principal para não termos sido campeões, para não conquistarmos a Supertaça, e para não chegarmos à final da Taça, foi a soberba temporada que o FC Porto realizou. Omitir esta realidade seria esconder a cabeça na areia. Eles foram melhores, e ali, entre muitos aspectos negativos que conhecemos, há também muita coisa que podemos aprender. Desde logo que o futebol, antes de ser uma arte, é um desporto, onde os mais fortes, mais atléticos e mais vigorosos normalmente vencem."


Luís Fialho, in O Benfica



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