DISCURSO DE VIEIRA NA INAUGURAÇÃO DO MUSEU BENFICA COSME DAMIÃO
Benfica

DISCURSO DE VIEIRA NA INAUGURAÇÃO DO MUSEU BENFICA COSME DAMIÃO


16h30: Museu Benfica Cosme Damião acabou de ser inaugurado
L. F. Vieira: “Obra mais apaixonante desde que cheguei ao Benfica”

Inauguração do Museu Cosme Damião

L. F. Vieira: “Obra mais apaixonante desde que cheguei ao Benfica”

O Museu Benfica Cosme Damião teve a sua inauguração institucional esta sexta-feira. O presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, realizou um sonho antigo e neste momento solene não escondeu a emoção. Leia na íntegra o discurso do presidente:

“É impossível, depois da viagem que acabamos de fazer, não sentir o peso da história, o orgulho da obra feita, mas principalmente a admiração por aqueles que em 1904 deram início a esta fantástica aventura.

Acabamos de fazer uma viagem de 109 anos na história do Sport Lisboa e Benfica, mas também visitamos a história da cidade de Lisboa e de Portugal, porque a história do Benfica só faz sentido se for lida em conjunto com a história da cidade que assistiu ao seu nascimento e do País que sempre representou com orgulho.

Não escondo que gostaria de ver aqui pessoas que não estão. Lamento e registo essa ausência. Mas fico feliz com os que cá estão porque, com a vossa presença, reconhecem o esforço que foi necessário fazer para pôr de pé este equipamento cultural que vai servir e projectar Portugal, porque o Benfica sempre foi um Clube que, tendo nascido em Lisboa, fez de Portugal a sua bandeira e de todos os portugueses o seu destino final.

A viagem que acabamos de fazer foi realizada naquela que é, seguramente, a obra mais apaixonante desde que cheguei ao Benfica, uma obra que vai permitir a todos – sejam ou não benfiquistas, sejam de Lisboa, do Algarve ou de Bragança, sejam portugueses ou estrangeiros –que conheçam a nossa alma.

Estão aqui os alicerces do Benfica. São alicerces sólidos, porque sólidas foram as convicções dos nossos fundadores.

Este é, permitam-me que o diga, o dia certo em que devemos homenagear o esforço e a memória daqueles que sem o seu impulso não estaríamos a celebrar o Clube que hoje somos.

Sem memória, não existimos. Por isso, temos a responsabilidade de cuidar dessa memória e de cuidar do exemplo de todos quantos ao longo dos últimos 109 anos nos trouxeram até aqui.

De entre todos, permitam-me que destaque a figura e o exemplo de Cosme Damião, um dos maiores símbolos do clube, um homem que viu muito para além do seu tempo. Um homem que em 1904 ousou sonhar com o maior Clube do Mundo.

É justo que o Museu leve o seu nome. É justo recordá-lo hoje e dizer-lhe obrigado pela sua visão e pela sua acção. Mas também é justo que no seu exemplo se recordem todos os restantes fundadores.

A história deve ser uma janela para o futuro, um espaço de inspiração, um desafio para a acção. Nunca deve ser um capítulo fechado e arrumado, porque os que vieram antes de nós merecem muito mais do que isso, e os que virão depois de nós, também.

O Museu Cosme Damião deve ser um lugar de vida, de desafio, um espaço de projecção do Benfica, de Lisboa e de Portugal. Este espaço é um projecto aberto, que nunca se vai completar, por uma simples razão: o Benfica nunca será um projecto acabado.

Hoje cumpro uma promessa que fiz no passado, mas a verdade é que este Museu não resulta de qualquer promessa, resulta de uma necessidade histórica nunca antes cumprida.

O nosso ADN, os nossos valores, a nossa universalidade estão aqui. Está aqui o nosso ponto de partida, a Farmácia Franco, mas não vão encontrar aqui é o nosso ponto de chegada, porque esse estará sempre em aberto, é esse o segredo da vitalidade do Benfica.

O nosso presente é o ponto em que se cruza o futuro e o passado. Se não cuidamos do passado, o nosso presente estará – como muitas vezes esteve – ameaçado, e o nosso futuro, comprometido.

A melhor homenagem que podemos prestar à nossa história é continuá-la, com confiança, com vontade de continuar a mudar e a inovar, com vontade de querer fazer melhor.

Permitam-me agora alguns testemunhos de gratidão:

O primeiro ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Dr. António Costa.

Devo-lhe um agradecimento especial porque sempre nos estimulou a fazer o melhor que podíamos para a cidade, porque sempre teve a cidade como objectivo. É uma referência pelo exemplo, pelo rigor e pela integridade de carácter.

Vive a política com um enorme sentido de serviço prestado à comunidade, com princípios e com palavra. Pragmático e com visão. Este Museu ganhou muito com os seus contributos.

Quero, já agora, aproveitar para lançar-lhe publicamente novo desafio:

Eusébio da Silva Ferreira, mais do que uma referência do Benfica, é uma referência de Portugal e da cidade que o adoptou, Lisboa. É da mais elementar justiça que a cidade de Lisboa lhe dedique um espaço permanente. Um espaço dedicado a um dos maiores talentos de sempre do futebol mundial e que sempre foi – e continua a ser – bandeira de Portugal.

Sabe que o Benfica está disponível para participar e ajudar a construir esse espaço, mas precisamos do apoio de Lisboa, da sua Câmara Municipal. Eusébio merece, ainda em vida, poder inaugurar esse espaço.

E quando falo de um espaço, falo de um espaço com a dimensão e a dignidade de Eusébio da Silva Ferreira.

Tenho a certeza de que este pedido vai merecer a sua melhor atenção e compromisso!

A minha segunda palavra de gratidão vai para o Eng.º António Ferreira, que teve o dom de perceber o sentido do Museu e dar-lhe forma. Garantidamente, a construção do Museu durou pouco mais de ano porque ele nunca saiu daqui.

É claro que neste agradecimento cabe toda a sua equipa, a Rita Costa, a Inês Mata e o Luís Lapão. Mas, na pessoa deles, quero estender os meus agradecimentos a todos os trabalhadores anónimos, a todos os parceiros, a todos quantos contribuíram para tornar real este espaço.

Ainda uma palavra de agradecimento ao Eng.º Abreu Rocha, ao Alberto Miguéns e ao Arons de Carvalho, que ajudaram na pesquisa e no rigor da história que aqui é retratada.

Finalmente, a minha palavra de gratidão para o Alcino António. Foi a ele, dentro da Direcção do Benfica, que coube o acompanhamento e a supervisão da obra. Fez, como era de esperar, um trabalho exemplar, e por ele todos nós estamos reconhecidos.

Não posso terminar esta intervenção sem uma palavra dedicada ao ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Dr. Luís Marques Guedes.

Em primeiro lugar, o agradecimento por nos dar a honra da sua presença.

Em segundo lugar, um pedido que não é do presidente do Sport Lisboa e Benfica, mas, sim, de todo o futebol: que a política não continue a olhar o futebol com a desconfiança com que tem olhado. O futebol tem sido uma das melhores referências de Portugal além-fronteiras, tem sido uma das suas principais indústrias exportadoras e, no entanto, temos de enfrentar um IVA de 23%, o que é absurdo quando comparamos com outras áreas de actividade.

Senhor ministro, as portas do Benfica estão abertas para si. Espero que as portas do Governo também estejam abertas para os clubes de futebol.

Para o Benfica, existir significa renovar-se diariamente. Ninguém vai fazer por nós aquilo que devemos ser nós a fazer. Este é o princípio que vale no Benfica.

Quero terminar esta minha intervenção dizendo apenas que a história que hoje aqui celebramos, também ela vai julgar o meu tempo e a minha acção, mas o que certamente não poderá julgar é a minha dedicação e o meu esforço.

S.L. BENFICA



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