Na sequência das declarações proferidas pelo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, sobre a situação contratual de Marcos Rojo, a Doyen Sports, fundo de investimento que detém 75 por cento do passe do jogador, emitiu um comunicado no qual assegura que «não interfere, nunca interferiu nem pretende interferir em nenhum clube nem na tomada de qualquer decisão».
O documento explica que a Doyen Sports assegura que as decisão de venda de Rojo não passa pelo fundo, e «só compete ao clube e ao jogador».
O fundo diz, ainda, que «tentou por vários meios contactar o Sporting», porque «anteriormente, em reuniões e por escrito, ficou claro que o Sporting venderia o jogador».
A Doyen Sports adianta que não pode «revelar dados concretos do contrato devido à cláusula de confidencialidade imposta, cláusula essa que ontem [terça-feira] o presidente não respeitou».
Eis o comunicado na íntegra:
«No seguimento das notícias veiculados nós últimos dias a Doyen Sports pretende esclarecer o
seguinte:
MANGALA
A Doyen, em perfeita sintonia e totalmente alinhada com o Futebol Clube do Porto, teve o prazer de colaborar numa das maiores transferências de sempre no futebol mundial. Foram salvaguardados os interesses de todas as partes de uma forma exemplar, só possível pela postura demonstrada por todos. Orgulhamo-nos disso.
Pela primeira vez na história um fundo de investimento vendeu os direitos económicos que estavam na sua posse diretamente a um clube inglês com total anuência e supervisão da FA (Federação Inglesa). Tudo correu na perfeição.
Aproveitamos para agradecer a postura também do Manchester City e da Federação Inglesa. Na declaração enviada pelo F. C. Porto à FA destacamos o seguinte parágrafo: "having Doyen an exemplary behaviour during all the referred period of time".
MARCOS ROJO
Perante tudo o que se tem dito e escrito nos últimos dias achamos que foi colocado em causa o bom nome da Doyen, sobretudo por algumas declarações proferidas ontem e que hoje fazem eco na imprensa. Neste sentido apontamos para os seguintes pontos:
1. A Doyen Sports é uma empresa de capitais privados registada e que cumpre todas as normas internacionais a que está submetida pela legislação que rege a sua atividade;
2. A Doyen orgulha-se de investir, colaborar e manter boas relações com imensos clubes a nível mundial incluindo alguns dos maiores e mais respeitosos como por exemplo Real Madrid, tendo com todos uma extraordinária e estreita relação. Através da Doyen Marketing representamos e cooperamos com algumas das maiores figuras mundiais do desporto de onde destacamos David Beckham, Neymar, Xavi Hernandez, Xabi Alonso, Boris Becker, Jorge Lorenzo, entre muitos outros aos quais agora se vem juntar também o "super-homem" Usain Bolt;
3. É de todos conhecido o nosso forte envolvimento e cooperação com vários clubes de onde destacamos alguns, nomeadamente o Atlético Madrid e o Sevilha. Orgulhamo-nos de ter ajudado ambos a manter os seus principais ativos e contribuído para o reforçar dos seus planteis profissionais. O Atlético Madrid venceu a Liga Espanhola e foi finalista da Liga dos Campeões. O Sevilha tem vindo a recuperar o fulgor de épocas anteriores e ganhou a Liga Europa;
4. No quadro de conjuntura económica internacional esta alternativa fonte de financiamento prestada pelos fundos como a Doyen é como um balão de oxigénio que permite aos clubes terem recursos para poderem lutar melhor pelos seus objetivos. Em Portugal este cenário é ainda mais evidente pelas dificuldades ou mesmo impossibilidade de crédito bancário;
5. O histórico da Doyen no mercado desde a sua formação é imaculado e digno de registo. As pessoas que representam a empresa reúnem muitos anos de experiência e têm um currículo profissional que fala por si. A empresa orgulha-se de ter como CEO uma pessoa reconhecida no mercado internacional que participo em centenas de transferências incluindo algumas das maiores transferências de sempre;
6. A Doyen não interfere, nunca interferiu nem pretende interferir em nenhum clube nem na tomada de qualquer decisão. Os contratos da empresa são transparentes, claros e, contrariamente a outros concorrentes, defendem a total independência dos clubes na tomada de decisões. Orgulhamo-nos muito disso e somo utilizados como bom exemplo pelas instituições internacionais que tutelam o futebol. O nosso modelo de contrato será por exemplo a base do modelo que será utilizado e regulamentado pela Liga Espanhola;
7. A Doyen foi fundamental para que o jogador Marcos Rojo pudesse ser transferido para o Sporting porque assumiu, no momento da negociação, o pagamento de 75% do valor da transferência assumindo até as primeiras prestações antes de o Sporting ter que pagar os seus 25%, numa outra medida de facilitar a vida ao clube. Sem a intervenção da Doyen, através do financiamento, o Marcos Rojo não seria jogador do Sporting. Mas mais ainda, em simultâneo realizámos outras operações com o Sporting entre as quais um empréstimo ocasional para o clube poder fazer face às dificuldades de tesouraria que tinha no momento;
8. Foram assinados, de boa fé e livre vontade, contratos entre a empresa e o Sporting que regem a relação de partilha de direitos sobre o atleta em causa. O Sporting recebeu apoio jurídico e fiscal para o efeito através do seu departamento jurídico que ainda hoje está no clube. Todas as partes asseguraram os seus direitos nas proporções e condições negociadas;
9. O Sporting, como qualquer outro clube que trabalha com a Doyen, não está obrigado a vender o jogador com o qual tem um acordo de partilha de direitos económicos porque isso limitaria a independência do clube ainda que não fosse ilegal essa obrigação. A decisão não passa pela Doyen, só compete ao clube e ao jogador. Orgulhamo-nos de defender esta fórmula;
10. Obviamente que a empresa tem que salvaguardar os seus interesses; não existindo regras contratualizadas entre as partes, o investimento realizado poderia nunca gerar qualquer retorno podendo estar mesmo em causa qualquer verba investida;
11. O Sporting está portanto no seu inteiro direito de não transferir o jogador Marcos Rojo sabendo que para isso só tem que compensar o fundo nos termos e prazos conforme está estabelecido contratualmente desde início;
12. No sentido de entender qual a postura do clube a Doyen tentou por vários meios contatar o Sporting no intuito de entender qual a posição do clube até porque anteriormente, em reuniões e por escrito, ficou claro que o Sporting venderia o jogador. Nessa altura foram-nos indicadas condições que estão completamente fora do âmbito contratual;
13. Apesar de não ter direito a exigir mais do que está no contrato o Sporting indicou essas exigências extras e sem nexo como condição para "deixar sair/libertar" o jogador. O Sporting parece que exige agora (parece porque oficialmente não sabemos de nada) ainda mais contrapartidas que só podem ser encaradas num cenário de demagogia e de uma realidade virtual. Entende-se talvez assim a revolta do jogador porque foi-lhe dada a palavra e feita uma promessa que agora o clube não quer assumir, o mesmo com a Doyen que trabalhou, por solicitação do clube, no sentido de obter propostas mais vantajosas para todos;
14. Num ato de boa-fé, até porque a Doyen reconhece o papel importante do clube na promoção do jogador, foi proposto por escrito, tendo sido impossível pessoalmente apesar das várias tentativas, condições especiais que beneficiariam em muito o Sporting caso o clube optasse por transferir o jogador. Para a Doyen, face às propostas existentes e aquilo que por boa vontade oferecemos ao Sporting, o cenário mais lucrativo, substancialmente mais, é que o Sporting decida manter o jogador nos seus quadros profissionais, direito que, repetimos, lhe assiste e que também vem de encontro aos nossos interesses;
15. Por vicissitudes alheias à Doyen, aproveitamos ainda para esclarecer que mesmo pelo valor da cláusula o Sporting tem os mesmos direitos que tem hoje não recebendo portanto mais dinheiro ou contrapartidas caso a oferta seja de 20 ou 30 milhões, sendo trinta o valor da cláusula de rescisão;
16. Infelizmente, porque gostaríamos de revelar mais detalhes para aclarar ainda mais a opinião pública, não podemos revelar dados concretos do contrato devida à cláusula de confidencialidade imposta, cláusula essa que ontem o Presidente não respeitou, tendo chegado a fazer afirmações que não correspondem à realidade contratual e dos factos;
17. Entende-se portanto que as declarações proferidas ontem pelo Presidente do clube, nomeadamente "Não cedo a chantagens, não cedo a pressões, não cedo a interesses de agentes e muito menos de fundos" estão claramente deslocadas no contexto da relação com a Doyen até porque poderíamos alegar precisamente o contrário;
18. É do conhecimento geral a "cruzada" travada por esta direcção contra os agentes e representantes de jogadores e também contras os fundos. Nós, Pini Zahavi, entre tantos outros, incluindo os maiores agentes internacionais, somos pelos vistos inimigos do clube! Não se percebe que benefício o Sporting poderá retirar ao hostilizar os fundos e os agentes não querendo cooperar nem ter relação com quem mais pode ajudar. Estranhamente algum(ns) agente(s) têm relações privilegiadas. Mas mais uma vez está claro que o Sporting pode e deve cooperar com quem entenda e que melhor sirva os interesses do clube e das pessoas que o representa;
19. Para terminar, caso seja necessário, queremos deixar claro que não hesitaremos em usar todos os recursos legais ao nosso dispor para defender integralmente todos os nossos interesses e direitos.
20. Gostaríamos ainda de reafirmar o nosso maior respeito pela instituição que é o Sporting e respetiva massa associativa e todos os seus adeptos.»
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