Responsabilidade e rigor
A vantagem de escolher os dirigentes através de eleições em que todos (ver 1) os associados se podem candidatar e, em simultâneo, podem votar, é ampla. Pois permite que os dirigentes não pertençam a uma “casta” mas são “pares entre pares”. Com mandatos temporalmente definidos, os dirigentes são “obrigados” – associativamente – a submeter as suas decisões aos outros associados. Que as validam (reelegendo), criticam, sugerem ou recusam (não os reelegendo). E ficam sufragados, porque tal como definiu Ferreira Bogalho, há que ter em conta que os resultados de um mandato vão muito para além do mandato: «há que ter em conta as condições que uma Direcção herdou e também… as condições que vai deixar para a Direcção seguinte.»
Melhores e seguintes
Há uma identificação real entre eleitos e eleitores, próprias do sistema democrático, que vincula quem elege a quem é eleito e quem se abstém do processo, tendo a possibilidade de o fazer. Não fazendo qualquer tipo de discriminações (económicas, ideológicas ou de género), clube tolerante e agregador, o que interessa, sempre interessou, é quem consegue engrandecer o Benfica. Há uma filtragem, natural, separando os melhores dos piores (os que por diversos motivos e motivações) não sabem ou não conseguem estar à altura das exigências de um clube sem igual. «No Benfica interessa muito pouco, ou nada, o que se é ou diz, mas muito mais, tudo, o que se faz (e como se faz).»
Identificação e identificados
Uma das vantagens da democraticidade num clube é o facto de isso permitir que os associados se sintam verdadeiramente integrados, porque se sentem próximos de quem elegeram. Talvez isso ajude a explicar o facto de no “Glorioso”, apesar das inúmeras e fantásticas personalidades que desenvolveram a sua acção no Clube, eles sejam recordados em exclusivo pelo que fizeram, ficando na memória (de gratidão) colectiva do Benfica, e não pelo facto de emprestarem o seu nome, a uma infra-estrutura ou a parte dela, que com o tempo deixará de ter significado pela ausência de referências, acabando por restar apenas um “nome”, quase sem significado real. «Nada é de ninguém, tudo é do Benfica.»
Liberdade e comprometimento
Sem constrangimentos (não há “castas”) ou entraves (ver 1) na possibilidade de se candidatarem todos os associados são responsáveis pelo desenvolvimento do Clube. Se não se candidatam é porque concordam com quem se candidata. Se não concordam podem (e devem) apresentar-se como alternativa, pois todos são responsáveis. Deste modo os dirigentes são, efectivamente, entendidos como um prolongamento dos sócios, com estes a estarem bem identificados com eles, por que os escolheram directamente, apoiaram, foram vencidos ao apresentarem-se como alternativa ou não concorreram, tendo no entanto as condições exigidas para tal. «No Benfica não se é dirigente… está-se dirigente.»
Ainda não se realizaram as próximas eleições (26 de Outubro de 2012) e já se sabe a data das… “próximas”: 28 de Outubro de 2016! É o Benfica, estúpido!
Alberto Miguéns
(1) De acordo com as normas estatutárias, que têm variado. E têm mudado, no sentido de proteger o desenvolvimento do Clube, evitando aventureiros que, sabendo da restrita participação associativa nos actos eleitorais (o nosso recorde cifra-se em 21 804, em 2000) podem influenciar votações com inscrições de “última hora”.
NOTA FINAL:
Aparentemente, enquanto vigorar o “Futeluso”, a democracia parece fazer do Benfica um clube mais fraco face a outro suportado por tiranetes. Mas acredito que será… temporário. A democracia há-de mostrar que é, sempre, o melhor caminho. Como foi sempre…
AMANHÃ NO EDB:
1. História Eleitoral do Benfica
2. Opiniões de um associado (eu) acerca dos Estatutos (actuais)