Como pode um baiano chegar tão à vontade na fria Europa e, em pouquíssimos jogos, converter-se num dos grandes destaques de um clube como o Benfica? Para Anderson Talisca, o processo foi simples. Tão natural que nem ele sabe explicar: simplesmente aconteceu. Uma das novidades da seleção brasileira sub-21 para os amistosos contra Bolívia e Estados Unidos, o atacante chega com moral à equipe após o belo começo no Velho Continente.
Em 10 partidas pelo Benfica, Talisca marcou seis gols: é o artilheiro dos Encarnados no Campeonato Português. O bom começo gerou até uma discussão entre seu técnico, Jorge Jesus, e José Mourinho, do Chelsea, que disse que o brasileiro só não foi para os Blues por não ter o visto de trabalho necessário na Inglaterra. Jesus reagiu alegando que o rival não conhecia o atacante.
Alheio a isso, Talisca, que de tão adaptado já chama até o técnico de "mister", termo usado com frequência na Europa, projeta seu futuro na seleção sub-21. Enquanto surgem alguns pedidos por sua utilização na equipe principal, o baiano mantém a calma. Um passo de cada vez...
Confira na íntegra a entrevista com Talisca:
Como você se sentiu sendo o “pivô” de uma discussão entre Mourinho e Jorge Jesus?
Fico muito feliz pelo trabalho que venho fazendo. São dois treinadores de alta qualidade. Só tenho a agradecer. Não tenho o que dizer. Sei que essas coisas acontecem porque estou trabalhando e fazendo as coisas certas. Agradeço ao Mourinho também, mas o Jorge Jesus está trabalhando muito comigo, tendo paciência e me ajudando bastante.
Como é ser elogiado pelo Mourinho?
É importante. É gratificante estar nesta ascensão, mas mantenho a cabeça no lugar, tranquilo. Fazendo o meu trabalho, a gente vai conquistando o objetivo passo a passo.
Com seu bom começo na Europa, já tem gente te pedindo na Seleção principal. Acha que é isso mesmo ou é melhor dar um passo de cada vez?
Tudo tem o seu momento. Acho que estou preparado para a seleção olímpica. Se um dia vou chegar na Seleção principal, só trabalhando para saber. Até lá, estou focado aqui para sempre dar o meu melhor.
Você imaginava ter este início tão bom no Benfica?
Já imaginava, porque vinha fazendo as coisas certas, me preparando, aprendendo coisas todos os dias. Lá (Benfica) é uma escola, temos que ter humildade para aprender. Estou jogando mais avançado. Espero manter o trabalho na seleção.
Como foi a adaptação?
Para mim foi rápida. Não tive dificuldade. Não sei agora, que vai começar o inverno. Mas cheguei num tempo bom, quase igual a Salvador, com calor. Agora que vai começar o frio. Vamos ver como vai ser. Será um pouco difícil, mas temos que superar tudo isso.
Como foi a sensação de estrear na Champions?
Bateu a emoção de ser o primeiro jogo. Eu sabia o que tinha que fazer. O mister (Jorge Jesus, técnico do Benfica) está sempre me ajudando, me apoiando. Tenho que agradecer a ele e ao Benfica.
Você levou alguma coisa da Bahia para te ajudar a se adaptar?
Eu não, mas meu primo levou umas coisas para mim há uns 15 dias, aí me senti no Brasil (risos).
Há muita diferença entre o futebol europeu e o brasileiro?
Sim. O jogo europeu é mais coletivo, mais pegado. É diferente. Mas me adaptei bastante. Estou bem.