A glória do Sport Lisboa e Benfica, Mário Coluna, completou, esta terça-feira, 78 anos de vida e neste dia concedeu uma entrevista à Benfica TV. A conversa foi tão especial como o cenário escolhido: Museu Benfica Cosme Damião.
Por portas e travessas, o antigo capitão contou um número imenso de histórias e muitas outras ficaram por contar. Como se a lucidez fosse uma condição sinequanone foi partilhando-as quase por ordem cronológica começando pela chegada à Luz. “Quando cheguei já havia dois moçambicanos na equipa, o Costa Pereira e o Naldo. O treinador era o brasileiro, Otto Glória, que nos colocava à vontade. Depois tinha a família por parte do meu pai que era portuguesa. A minha adaptação foi fácil”, garantiu.
Porém, tudo começou um tempo antes. Ainda em Moçambique, o rival de sempre do Benfica tentou, em vão, é certo, a contratação daquele que tornar-se-ia o Monstro Sagrado. “O Sporting foi a Moçambique e defrontou uma selecção com jogadores da antiga Colónia. Parece que joguei bem e o Sporting queria ficar comigo. Como era menor tinham de falar com o meu pai que era um benfiquista ferrenho. Avisaram o Benfica do interesse do Sporting e meteram-me num avião para Lisboa para vir jogar no Benfica. Demorei dois dias a chegar”, revelou.
Já instalado na Luz, Mário Coluna viu-se obrigado, num assolo de solidariedade, a prestar todo o apoio possível a um conterrâneo que entretanto havia desembarcado em Lisboa. Eusébio de seu nome. Uma atitude que marca uma amizade sem igual: “O Eusébio quando chegou ao Aeroporto trazia uma carta da mãe para mim que fiz questão de abrir à frente dele. A mãe do Eusébio pedia: ‘Mário Coluna peço, por favor, que tome conta do meu filho Eusébio, porque em Portugal não temos ninguém conhecido’. Fui com ele ao banco abrir a conta bancária dele. Tratava-me por senhor e fui padrinho de casamento dele.”
Outros tempos, outras histórias
Conhecido entre os benfiquistas como o Monstro Sagrado, Coluna não deixou de partilhar como surgiu essa alcunha, curiosamente colocada por um conhecido jornalista do Sporting, entretanto falecido. “O Artur Agostinho, nos seus relatos, começou a chamar-me Monstro Sagrado e ficou”, referiu.
Tal alcunha acabou por ter repercussão no balneário e a glória benfiquista foi, não raras vezes, a extensão do treinador no relvado. “O treinador dava as instruções à equipa antes de entrar em campo e dizia como devíamos jogar. A seguir dizia: ‘lá dentro quem manda é o Mário Coluna’. Naquele tempo, os treinadores não se podiam levantar do banco se não eram expulsos”, frisou.
Do passado reza a história de um Clube que se fez de grandes homens, atletas sem igual e que fizeram do Benfica o que ele é hoje. Um dos casos é Mário Coluna que fica imortalizado numa obra tão ímpar como os que preenchem o seu interior. “Este Museu valoriza-me e a todos os jogadores. Todos têm de se sentir orgulhosos deste Museu e não só os benfiquistas como todos os portugueses”, considerou.
Com o orgulho estampado no rosto, o moçambicano não esquece: “Tive muitas vitórias no Benfica e posso dizer que ajudei o Benfica a ser grande em Portugal e na Europa.”
Recordar que Mário Coluna jogou de “águia ao peito” em 17 temporadas, totalizando 677 partidas e marcou 150 golos.
Recorda carreira no SL Benfica
Coluna e os títulos europeus: “Em Lisboa fomos levados ao colo”
O dia 6 de Agosto de 2013 assinala os 78 anos de vida de Mário Coluna. A glória do Benfica concedeu uma entrevista à Benfica TV, a quem aproveitou para enumerar alguns dos melhores momentos como jogador do Clube.
“O meu momento mais alto foi quando ganhei o primeiro Campeonato Nacional em Portugal, pelo Benfica, e a Taça de Portugal. Depois seguiram-se mais e mais títulos. Entretanto, cheguei à Selecção Nacional. Foram muitos os momentos”, recordou.
Mário Coluna é Bicampeão europeu com a curiosidade de ter marcado em ambas as finais. A saudade e a nostalgia pontuavam as palavras do capitão. “O primeiro título europeu foi uma grande vitória. Ganhámos ao Barcelona e o segundo título europeu ganhámos ao Real Madrid, que tinha um dos melhores jogadores do Mundo na altura que era o Di Stéfano”, elevou.
Depois dos festejos em Berna e em Amesterdão, estes transferiram-se para Portugal e em Lisboa as saudações foram apoteóticas. “Houve muita alegria no final. O Benfica jogou bem. Quando chegámos a Lisboa fomos quase levados ao colo do Aeroporto aos Restauradores. Bons tempos até porque tínhamos um bom futebol”, reconheceu.
O Benfica venceu as duas Taças dos Clubes Campeões Europeus ante o Barcelona e o Real Madrid, com triunfos por 3-2 e 5-3, respectivamente.
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