Era Uma Vez...
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BENFIQUISMO, ECLECTISMO E FILIAIS DE MÃOS DADAS

Hoje o texto não é o que eu queria mas uma tertúlia com Benfiquistas vale múltiplos textos no EDB.


O facto do vice-presidente de Direcção da Casa do Benfica no Seixal, Paulo Lopes me ter solicitado uma intervenção na inauguração da Sala Eusébio ontem, 19 de Julho de 2014 e num pedido entre Benfiquistas nunca há impossíveis, apenas imponderáveis, com o prolongamento da intervenção pela noite dentro foi impossível concluir o que pretendia divulgar hoje, domingo, por falta de tempo para agendar com um mínimo de organização o que estava programado.

Mas nos próximos dias não faltarão oportunidades pois o assunto relaciona-se com a Taça de Honra de Lisboa e a estorieta à volta do número de edições e totais de troféus conquistados pelos clubes. E de como o "Record" é um jornal, que nestes assuntos de rigor, respeito pela história e honestidade intelectual bate os outros - incluindo "A Borla" - por goleada de 15 a zero.

Como não é possível fazer um texto "decente" acerca do assunto aproveito este momento de insónias - é uma da matina e cheguei há pouco do Seixal - para escrever "meia dúzia de linhas" acerca de como se organizavam e filiavam os Benfiquistas de localidades afastadas de Lisboa no Benfica por via da criação de Filiais.

Para já deixo um extracto de um artigo de jornal acerca de um acontecimento que ocorreu no Seixal há... 99 anos a completar dia 25 de Julho, dia que em 2014 corresponde a uma sexta-feira mas que em 1915 foi domingo, dia de bola!

NOTAS INICIAIS: Nesses tempos de antanho "équipes" eram "equipamentos". Aquilo que actualmente chamamos "equipa" era "team" ou grupo. O capitão geral do SCP em 1915 era Francisco Stromp.

Notícia acerca de um jogo que poderia ter existido em 25 de Julho de 1915 e pelas razões descritas não se realizou. Jornal "O Sport de Lisboa"; n.º 101; 31 de Julho de 1915; página 7

Quando numa localidade afastada de Lisboa os Benfiquistas queriam organizar uma Filial, comunicavam à Direcção do SLB tal desejo. Sabendo que a Filial só poderia ter existência legal (como Filial) se fosse votada em Assembleia Geral do Clube. Por isso há muitos clubes, ainda hoje, que têm o nome de Sport Lisboa e Amoreiras, Sport Lisboa e Fanhões mas que nunca foram Filiais, porque não cumpriram os requisitos ou nem chegaram a propor-se.

Para a Assembleia Geral autorizar a filiação de um clube ligado ao SLB haveria que votar um relatório feito por alguém com autorização da Direcção do SLB a propósito da actividade desse clube. Recapitulemos e recuemos aos anos 10 e 20. Até dando como exemplo o SL e Seixal.
1. Um grupo de Benfiquistas residentes no Seixal pedia autorização para organizar um clube S. L. e Seixal requerendo a filiação;
2. A Direcção pedia que o clube, neste caso o SLS, organizasse os seus Órgãos Sociais e iniciasse a actividade desportiva (geralmente futebol) ainda que de um modo provisório e sem emblema aprovado. E que mais tarde seria inspeccionada por um responsável do SLB;
3. Os Órgãos Sociais do SLS comunicavam que estavam a desenvolver-se em pleno;
4. A Direcção do SLB nomeava um relator que "secretamente" visitava e observava a actividade da Filial para saber se estava a proceder em conformidade com os princípios e valores do SLB: tolerância, respeito pelos adversários, capacidade desportiva e associativa, vontade agregadora e sem discriminar, liberdade e espírito de união e família;
5.  O relator apresentava o que presenciara e anotara à Direcção do SLB que agendava para a Assembleia Geral Ordinária anual a discussão do assunto.

Para o SLS o dia da aprovação foi em 29 de Julho de 1915. Daí que a história noticiada tenha sido anterior (25 de Julho) pois o SLS estava em actividade, provisória, há cerca de oito meses. E foi numa Assembleia Geral em que foi aprovado o Relatório e Contas da Direcção e Parecer do Conselho Fiscal anteriores e procedeu-se à eleição anual dos Órgãos Sociais. À Benfica!

O Sport de Lisboa n.º 102; 7 de Agosto de 1915; página 3

Alberto Miguéns




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