Benfica
Europaexit?
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1. O Benfica conquistou ontem três importantes pontos num jogo difícil em Paços de Ferreira. E com a presença marcante de milhares de adeptos que mostram o seu fervor, a sua dedicação, a sua crença, a sua extrema confiança. O que valeu, de verdade, foi o resultado final. E o golo de Lindelof. E, também, o quinto amarelo conquistado pelo Eliseu - o que permite estar no determinante jogo de Alvalade frente ao Sporting - e principalmente os minutos dados a Sálvio e a Nelson Semedo. Rui Vitória suscitou, e já com uma diferença de dois golos, uma rotação importante tendo em conta as ausências anunciadas de Jardel e André Almeida na Rússia frente ao Zenit. Para além da vitória evidencio o alto momento artístico do golo do Paços de Ferreira marcado por um dos jovens futebolistas com maior futuro do futebol português, Diogo Jota. Com Renato Sanches a crescer jogo a jogo, Diogo Jota, se se concretizar a sua transferência para o Benfica, juntar-se-á a um lote bem promissor de jovens portugueses que ajudarão, estou convencido, o Benfica a manter-se em lugares cimeiros da Europa do futebol. E tendo sempre presente que é compatível a disputa interna com uma presença relevante na Liga dos Campeões. Como Rui Vitória bem assinalou nas suas serenas declarações nos últimos dias.
2. Se o Benfica e o Sporting de Braga - este com a sua vitória na Suíça frente ao Sion e com Rafa a mostrar, uma vez mais, a sua imensa qualidade - deram pontos a Portugal no relevante ranking da UEFA, Sporting e Futebol Clube do Porto - claramente em situações diferentes tendo em conta, respectivamente, a natureza de visitado de um e de visitante de outro - ficaram a zero. Zero golos e zero pontos para o ranking europeu. Olhando para o ranking da UEFA percebemos que Portugal está no sexto lugar. A França está em quinto ainda com três equipas e a Rússia em sétimo igualmente com três equipas. E chegar ao quinto lugar é possível. O Marselha perdeu na Liga Europa em casa face ao Atlético de Bilbau. E o Saint-Étienne venceu o Basileia por três bolas a duas. O PSG - distanciado de forma impressionante na desequilibrada Liga francesa! - também ganhou por duas bolas a uma frente ao Chelsea. E o Benfica se eliminar, como espero, o Zenit e o Fenerbahçe de Vítor Pereira afastar o Lokomotiv de Moscovo Portugal, a nossa Liga, tem todas as condições para chegar de novo ao quinto lugar e afastar-se do sétimo. E, assim, no final da próxima época desportiva continuar a apurar de forma directa duas equipas para a fase de grupos da Liga dos Campeões. E mesmo que os prémios da conquista da Liga interna sejam mais apetecíveis - por mais próximos - do que aqueles proporcionados na Liga dos Campeões ou na Liga Europa o que é relevante é que o futebol português assuma que é importante estar na Europa e não assumir uma lógica tipo de Europaexit, isto é, não atribuir relevância a uma presença significante nas duas principais competições europeias de clubes. Se a Europa criou, na passada sexta feira, as condições para o Reino Unido não abandonar a Europa, também o nosso futebol deve interiorizar que estar na Europa, e o mais longe possível é um desafio estratégico. Se olharmos para o conjunto dos clubes que estão nos oitavos de final da Liga dos Campeões ou nos dezasseis avos de final da Liga Europa constatamos que lá encontramos, salvo poucas excepções, os clubes que estão nos lugares cimeiros das suas diferentes ligas. O que significa que começa a ficar consolidada uma hierarquia de clubes no espaço da Europa do futebol. Daí que a indústria do futebol português não deva minimizar as competições europeias. São importantes para todos. Para todos mesmo.
3. Na próxima sexta feira a FIFA irá eleger o, seu nono Presidente. Em 112 anos de história é um número bem escasso. De 1974 até hoje apenas dois: João Havelange (de 74 a 98) e Joseph Blatter (de 98 até hoje). A FIFA, que nasceu a 21 de Maio de 1904 tem, hoje em dia, 209 membros. Mais do que os Estados que integram a Organização das Nações Unidas. Basta recordar que a Federação de Gibraltar, por exemplo, tem um voto. Como Portugal ou a República Popular da China, os Estados Unidos da América ou a República Russa. A FIFA teve sete Federações fundadoras: A França, a Bélgica, a Dinamarca, a Holanda, a Espanha, a Suécia e a Suíça. Onde está, aliás, a sede - Zurique - desta organização que é uma verdadeira multinacional e uma referência deste planeta global. E logo, e agora, e a partir dos EUA, com um conjunto de questões a abalar a sua credibilidade. São cinco os candidatos à sucessão de Blatter. Acredito que a disputa final será entre o europeu Gianni Infantino e o asiático Ali Al- Hussein, Presidente da Federação de Futebol da Jordânia. Até ao momento - e salvo o longo mandato do brasileiro João Havelange - todos os Presidentes da FIFA são originários da Europa: três ingleses, dois franceses, um suíço e um belga. Este com um mandato curto de um ano. Mas apenas outros dois marcaram a história do futebol mundial: o francês Jules Rimet (1908-1954!) e o inglês Stanley Rous (1961-1974). Portugal está empenhado, diria que muito a fundo, na candidatura de Gianni Infantino. A questão é saber se toda a Europa vota no Secretário Geral da UEFA - e visto como herdeiro de Michel Platini - e se o Príncipe jordano não consegue o voto unânime das Federações da África e da Ásia. Que valem, no todo, salvo erro, 106 votos! Até pode acontecer que haja também aqui um Europaexit! Uma derrota da Europa! Importa acompanhar estas eleições. Onde o voto é igualitário. Cada Federação um voto. E, depois, olhar para as candidaturas para UEFA. Ao que se lê uma será espanhola e outra holandesa. Por ora... O que é relevante é que a geopolítica do futebol aí está! A ferver! Com novas alianças em face de novas e inovadoras disputas. Também no futebol estão a ocorrer mudanças. E bem relevantes. Que importa acompanhar. Mesmo por aqueles que acham que o futebol importante é o do lado de cá do Guadiana..."
Fernando Seara, in A Bola
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