Eusébio, o joelho e o energúmeno...
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Eusébio, o joelho e o energúmeno...


"Corria o ano 68 do século passado e eu, que andava pela América do Sul, juntei-me ao saudoso Carlos Pinhão que acompanhava o Benfica na digressão e teve como primeira paragem Buenos Aires. A primeira notícia que me deu o Carlos ao ver-me foi: 'No Benfica vem um miúdo de 17 anos que vai ser uma sensação, chama-se Humberto Coelho'. O primeiro desafio foi no Bombonera e apesar de amigável o recinto estava cheio e o ruído dos barras bravas era ensurdecedor. Hoje seria impensável, mas a verdade é que vi o jogo sentado no banco ao lado de Otto Glória - e me apercebi pela primeira vez que ali, no banco, o papel do treinador, pelo menos nessa altura, era, após o desafio começar, pouco mais do que testemunhal, já que ao nível do relvado só se viam pernas e os jogadores não ouviam nada do que o técnico lhes ia dizendo.
Eusébio também lá estava, apesar de duas semanas antes ter sido submetido a ma das seis operações ao joelho esquerdo O contrato que o Benfica tinha assinado com o Boca a isso obrigava. Para cumprir o compromisso, Otto Glória fê-lo entrar em campo já com o jogo a decorrer, coxeava e a joelheira que levava era o que melhor indicava o sítio onde o bisturi entrara. O defesa argentino encarregado de o marcar não perdeu tempo a pô-lo fora de combate, bastou-lhe uma entrada suficientemente dura para que Eusébio saísse na relva e de lá saísse em maca.
O jogo terminou com empate: 1-1, os dois golos foram de penalty,o do Benfica transformado pelo defesa Jacinto. Mas o pior foi o que aconteceu no balneário. Aí se apresentou, como um energúmeno, o presidente do Boca Juniors, um tal Armando, que absolutamente fora de si, chamou de tudo e de ladrões para cima aos dirigentes do Benfica, queixando-se de lhe terem vendido gato por lebre, que o contrato era explícito: Eusébio tinha de jogar e chegara lá quase incapaz de correr, praguejava, exigindo, por isso, que lhe devolvessem o dinheiro que pagara.
O assunto resolveu-se mas a recordação agora, desse episódio, serve para mostrar como foi explorada a figura de Eusébio pelo próprio clube que, como ele ou sem ele, facturava cachets bem diferentes. É certo que depois de ter deixado o futebol, o Benfica soube reconhecer tudo o que Eusébio lhe dera, dando à figura a maior dignidade, mas nada mais justo poderia fazer depois dos êxitos desportivos em que ele foi determinante, e dos sacrifícios físicos que foi obrigado a fazer, aguentando dores impossíveis para que pudessem entrar alguns (muitos) dólares mais nos cofres do clube. Também nisso os benfiquistas lhe têm de estar profundamente agradecidos. E já agora é bom recordar que os colegas de então nunca o deixaram de fazer - e por isso é que diziam sempre que no Benfica o Eusébio não é só o Eusébio era o... «abono de família» de todos eles."

Pereira Ramos, in A Bola



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