EVIDÊNCIA À (POLÉMICA?) SUBSTITUIÇÃO DOS GUARDA-REDES HOLANDESES
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EVIDÊNCIA À (POLÉMICA?) SUBSTITUIÇÃO DOS GUARDA-REDES HOLANDESES


Luís Vilar (foto ASF)
No último minuto do prolongamento da passada eliminatória dos 1/4 de final entre a Holanda e Costa Rica, e perante o empate a zero golos, Van Gaal substituiu o guarda-redes Cillessen por Krul. Seguiu-se o desempate através da marcação de grandes penalidade em que Krul parou dois remates dando o apuramento à Holanda. Enquanto Fabio Cannavaro julgou esta decisão como uma falta de respeito do treinador para com o seu guarda-redes titular, Van Gaal demonstrou que cada jogador tem funções específicas no seio da equipa e que estas dependem da sua competência individual. Será que a decisão de Van Gaal foi certa apenas porque (desta vez) ganhou o jogo, ou existe evidência que dê suporte à sua decisão?

A investigação sugere que os treinadores devem prescrever responsabilidades específicas a cada jogador da sua equipa. Estas tarefas devem ser definidas em conjunto e aceites por ambas as partes da negociação, pois quão melhor um jogador entender a importância do seu papel no seio do grupo, mais e melhor irá ele trabalhar em equipa. Os jogadores que sentem que estão a desempenhar funções importantes no seio da equipa, julgam a equipa como sendo mais coesa. Ao invés, os jogadores cuja responsabilidade no seio da equipa é difusa ou ambígua julgam a sua equipa como sendo menos coesa.

O sucesso de Krul nas grandes penalidades poderá ter paralelo em estudos que demonstram que os jogadores atingem melhores performances quando sentem confiança do seu treinador. Por ser turno, é expectável que a confiança dada por Van Gaal, e o consequente desempenho elevado de Krul, aumente não só a confiança que o próprio Krul tem nas suas capacidades, como também a confiança que os seus companheiros de equipa têm em si. 

Os benefícios para a equipa são evidentes: quanto maior for a percepção de competência que os jogadores têm uns dos outros, e o seu treinador de todos, maior a entreajuda dos jogadores. Isto irá seguramente promover menos relações tensas entre colegas de equipa no treino. Dados recentes demonstram que 26% da percepção que um treinador e companheiros de equipa têm da competência de um jogador depende da inexistência de relações negativas no decorrer do treino. 

Van Gaal parece ser conhecedor das associações existentes entre percepção de importância do papel de cada jogador, entreajuda, trabalho e coesão de equipa. E mais: deve saber ou sentir que quanto mais os jogadores acreditarem na competência um dos outros, mais coesa é a sua equipa e maior é o seu rendimento desportivo.

Esta interdependência entre coesão, percepção de competência e rendimento das equipas de futebol tem transferes elevados para a vida empresarial. Muito recentemente encontrei um amigo ex-treinador de futebol e questionei-lhe porque tinha abandonado o treino e aceite uma posição de gestor de recursos humanos numa empresa de engenharia de vanguarda. Respondeu-me: «Luís, eu não abandonei a minha atividade profissional pois faço exatamente o mesmo: sou gestor de equipas de alto rendimento cujo objectivo é superarem-se dia-a-dia!»
Investigador e docente universitário na Universidade Lusófona e Faculdade de Motricidade Humana



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