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ISAÍAS RELEMBRA TEMPOS DO BENFICA

Isaías ou, "o Pé Canhão" como também ficou conhecido, atuou pelo Benfica entre 1990 e 1995.

Isaías: «Bobby Robson quase teve um orgasmo quando soube que estava no banco»

LEMBRA PORTUGAL E LAMENTA "ESQUECIMENTO"

Isaías, antiga glória do Benfica, agora com 51 anos, vive uma reforma descansada, que se divide entre o futebol amador e a pesca. Volvidos 20 anos desde que trocou o Benfica pelos ingleses do Coventry City, Isaías, ou "O Profeta", uma das alcunhas com que ficou na passagem pelo Benfica, não esquece o clube da Luz e confessa que não foi fácil trocar o emblema português pelo campeonato de Sua Majestade.

"Sair do Benfica, um clube que joga a Liga dos Campeões, na época a antiga Taça dos Campeões Europeus, para um clube que joga para não descer de divisão, ainda mais na Liga Inglesa, é muito complicado. O nível do campeonato é completamente diferente", afirmou o antigo atacante, em declarações ao "Globoesporte.com".

São várias as histórias que Isaías recorda dos tempos de Portugal, mas recorda com especial orgulho as dores de cabeça que dava ao inglês Bobby Robson, técnico do FC Porto à época. "Um jogador do Porto, o Emerson, disse-me que, durante a semana, o Bobby fazia tudo normal, mas quando tocavam no meu nome ele ficava doido, chutava tudo o que aparecia à frente. Quando ele recebeu a informação de que eu estava no banco (no encontro dessa semana com o FC Porto), o Emerson disse que o 'velho' quase teve um orgasmo", atirou o brasileiro.

Não esquece dois colegas

Na memória de Isaías estão dois nomes com quem jogou em Portugal e que coloca num patamar superior a todos os outros. João Vieira Pinto e Rui Costa. O brasileiro confessa que na época o "Benfica só tinha jogadores de nível de seleção nacional, que todos eram bons", mas são estes dois nomes que nunca se esquecerá. Com João Pinto partilhou o balneário no Boavista e, mais tarde, no Benfica. "Posso até esquecer-me de um ou outro, mas esses dois foram os que eu tive o prazer de jogar", declarou.

Aventura inglesa

Entre 1995 e 1997, Isaías atuou no Coventry City, da Liga inglesa, tornando-se no primeiro brasileiro a jogar na Premier League, ainda que muitos pensem que esse "título" pertence a Juninho Paulista, como o próprio explica: "Ligou-me uma revista há uns tempos para falar comigo sobre a Premier League. Eles acham que o primeiro jogador [brasileiro] a disputar a Premier League foi o Juninho Paulista, mas eles esqueceram-se de mim. Fui o primeiro a jogar. Não sei se eles não me consideravam por causa do meu passaporte português, não é?", disse Isaías, que alinhou na segunda jornada do campeonato inglês, ao passo que Juninho apenas se estreou, pelo Middlesbrough, à jornada 12.

O Guardiola, que na época jogava no Barcelona, quando entrou em campo, veio até mim e abraçou-me. 'Isaías, Isaías, grande jogador. Dá-me um abraço?'

Futuro

Isaías não enjeita agora voltar a um país onde já foi feliz. O antigo futebolista revela que já recebeu uma proposta por parte do Benfica.

"Não faço absolutamente nada agora. Estou a pensar voltar para Portugal, porque o Benfica já me convidou umas três vezes para trabalhar na Benfica TV. Eles têm um programa que interage com os sócios de todo o Mundo através da TV", concluiu.

Abraço a Guardiola

O ex-Benfica, Campomaiorense, Rio Ave e Boavista continuou a recordar episódios da sua carreira e não se esqueceu de mencionar o dia em que abraçou... Pep Guardiola. Corria a temporada de 1991/92 e o Benfica calharam em sorte no mesmo grupo do Barcelona na Taça dos Campeões Europeus e o antigo artilheiro encarnado teve um encontro que não esquece.

"Uma vez calhámos em sorteio com o Dínamo de Kiev, Barcelona e Sparta Praga. O Guardiola, que na época jogava no Barcelona, quando entrou em campo, veio até mim e abraçou-me. 'Isaías, Isaías, grande jogador. Dá-me um abraço?'. Um 'cara' que era um grande jogador e hoje está a ser um grande treinador. A essas coisas você diz: "Caramba". Valeu a pena ter feito aquele sacrifício? Valeu. Tanto é que, hoje, se fala do Valdo, do Ricardo Gomes, do Mozer, mas fala-se muito mais do Isaías a nível de Portugal, a nível de Benfica. Porque as histórias perduraram lá escritas".

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