Benfica
Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus
"O Benfica-Penafiel desta tarde vai levar sessenta mil espectadores à Luz, um número bem superior ao interesse do mero confronto do primeiro com o último da tabela. O Benfica corre isolado pelo 34.ª título da sua história e os adeptos encarnados continuam a dar um extraordinário exemplo de fidelidade à causa, dizendo presente, de norte a sul, semana atrás de semana.
Faltam, ao Benfica, seis pontos para ser proclamado bicampeão, um feito que não acontece, para os da Luz, desde 1984, na primeira passagem de Eriksson pelo clube. E, durante o consulado de Pinto da Costa, depois dessa dupla conquista encarnada em 82/83 e 83/84, nunca uma equipa adversária conseguiu dois títulos consecutivos. Creio ser possível dizer, sem margem de erro nem especulação, que a hegemonia do FC Porto no futebol português acabou. A superioridade dos dragões, de forma como foi exercida, já não consta da realidade. Mas o FC Porto foi substituído, nessa liderança, pelo Benfica? Não. Os tempos são de equilíbrio, de lutas apertadas em várias modalidades e escalões, sem que possa falar-se, com propriedade, de inversão de ciclo.
A todo este processo não é alheio Luís Filipe Vieira, que em 14 anos de ligação ao Benfica se constituiu no principal responsável pela regeneração (ou refundação?) de um clube que batera no fundo durante o consulado de Vale a Azevedo. Noutro plano, mais sectorial, também há a assinalar a influência positiva de Jorge Jesus, que deu ao Benfica a coerência competitiva de que carecia. Um e outro, com os altos e baixos próprios dos casamentos longos, contribuíram para a recuperação. Daí que, quando o campeonato acabar e se sentarem para falar do futuro, não haja nenhuma boa razão para que não continuem o percurso comum."
José Manuel Delgado, in A Bola
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