Aquele que foi capitão e goleador do Benfica e que é agora assessor para a área internacional do Clube esteve quase duas horas à conversa com a Mística. Fez um balanço dos primeiros meses nas novas funções e rebobinou o filme de uma carreira.
Maduro, percorre as várias etapas da vida desportiva e abre a porta a um pouco da sua vivência enquanto homem e pai de família. O antigo 21 está de bem com a vida e com a nova etapa de uma profissão sempre ligada ao Futebol.
Já enquanto jogador e capitão da equipa principal do Benfica era um representante do Clube nas mais diversas acções. Lembro-me de quando esteve com o presidente em Timor num momento de cariz social. Esse tipo de experiências deram-lhe ferramentas para agora exercer estas novas funções com maior à-vontade?
Sim, posso dizer que sim. Enquanto jogador, acompanhei o presidente em algumas viagens institucionais. Representava o Benfica, e hoje continuo a fazê-lo lá fora. É verdade que não tinha nada pensado, mas, sim, serviu para adquirir experiência nessa vertente.
Quando representa o Benfica lá fora, o que testemunha?
Uma paixão enorme. Sentir na pele esse benfiquismo espalhado por todo o Mundo é algo de especial. Uma coisa é sabermos pela TV que é uma realidade, outra é quando sentimos esse carinho, essa vontade de os adeptos estarem sempre ligados com um representante do Benfica. As pessoas estão longe de Portugal por circunstâncias da vida. Estão longe da família e do Clube. É um sofrimento a dobrar. Hoje, pela BTV, nota-se a forma como as pessoas fazem questão de ter o canal e estão totalmente actualizadas em relação ao que se passa no Clube.
E este é um Benfica em expansão para outros mercados, um aumento de responsabilidade nas suas funções...
Sem dúvida. Um dos grandes objectivos do Clube é tornarmo-nos cada vez mais universais. Felizmente, temos muito trabalho nessa matéria. Vai ser um caminho rentável e irá dar importantes frutos. Sinto-me feliz por estar a ajudar nessa matéria, por ajudar a conhecer a nossa marca e os nossos produtos.
Já passaram os primeiros meses depois de assumir este novo papel. Que balanço faz até ao momento, tendo em conta que certamente ainda há a saudade dos relvados?
Por mais que digam que não, é sempre difícil deixar de jogar Futebol. A rotina muda completamente e sente-se um vazio no início. Passei por essa fase, sentir que me faltava algo. As saudades de jogar irão manter-se sempre. Se perguntar ao António Simões e ao José Augusto, eles também vão dizer o mesmo. Mas apareceu esta oportunidade de ajudar o Clube noutras funções e tenho de agradecer, pois estou no Clube que gosto e posso ajudá-lo.
Muito mudou desde o Benfica pré-Fiorentina e o pós-Fiorentina...
Tudo mudou. Não só o Estádio. Todas as condições de trabalho, todas as ferramentas disponíveis para atletas e adeptos. A organização empresarial, o orgulho enquanto Clube. Lembro-me das fases de transição, dos locais onde treinámos, de muito que teve de ser feito para aqui chegarmos. Não podemos esquecer-nos dessa evolução.
Quando olha para trás, que palavras descrevem a carreira do futebolista?
Orgulho-me da minha carreira, mas tenho pena de não ter vencido mais títulos. Não apanhei os melhores anos do Benfica, o que se reflete na conquista de títulos. Mas eu costumo dizer que, se estivesse nesta equipa dos últimos quatro anos, eu teria somado mais uns quantos títulos ao meu palmarés. Ou então nem lugar na equipa teria. [Risos] Mas sim, sinto orgulho na minha carreira.
Leia a entrevista a Nuno Gomes na íntegra na edição da “Mística” que já se encontra nas bancas.