O Equívoco de Júlio Serrado
Benfica

O Equívoco de Júlio Serrado


ESTE BLOGUE TEVE VÁRIAS SOLICITAÇÕES PARA TOMAR POSIÇÃO ACERCA DAS MAIS RECENTES DECLARAÇÕES DO HISTORIADOR SURREALISTA.


Mas é aconselhável esperar pela publicação do anunciado livro “Mitos do Futebol Português” para conhecer, ler, anotar, encontrar documentos (se for esse o caso) e criticar.

Lenga lenga do costume
Até lá temos a conversa terminada do costume, já conhecida no Benfica (enquanto lá esteve) e depois de ter saído em, pelo menos, duas entrevistas a jornais.

Ricardo Serrado defendeu também que “não há qualquer indício de que Cosme Damião tenha sido fundador do Sport Lisboa”, o clube que está na origem do atual bicampeão português de futebol, na sequência da fusão com o Grupo Sport Benfica.

“Não há qualquer referência à presença de Cosme Damião no Sport Lisboa durante 1904, ano em que o clube é criado, em nenhum dos documentos existentes”, assinalou o autor, que também é mestre em História Contemporânea pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

NOTA: Como neste blogue já por diversas vezes se abordou este assunto vou deixando ligações para alguns dos muitos textos publicados em relação ao historiador surrealista.

O que ele conseguiu no Benfica
Foi tentar alterar a data (28 de Fevereiro de 1904), o modo (reunião à tarde, após um treino matinal) e o local (numa das dependências da Farmácia Franco, em Belém) que por tradição é apontado como o momento da fundação do “Glorioso”. Com isso retira Cosme Damião (e mais 13 associados) dos fundadores do Sport Lisboa sendo o primeiro passo para colocar a fundação em 13 de Setembro de 1908.

O equívoco
Um investigador (seja historiador ou o que quer que seja…) não pode ser preconceituoso. E ele é! E de que maneira! E continua a elaborar num equívoco – que até o levou a escrever o livro “Cosme Damião – o Homem Que Sonhou o Benfica”. É que ele pretende que a fundação do “Glorioso” seja do mesmo tipo do modo como foram fundados o Sporting CP (em 8 de Maio de 1906) e FC Porto (em 2 de Agosto de 1906). Que “tipo”? A origem destes clubes está numa personalidade (José Alvalade para o SCP e José Monteiro da Costa para o FCP). Estes dois elementos são “os principais”. São eles que têm a ideia, dão início ao processo, cativam apoiantes, polarizam as vontades e captam o dinheiro para tal. No “Glorioso” (então com o nome reduzido a Sport Lisboa) não é assim. Foi ideia de um colectivo ocorrido numa confraternização, em Belém, no Café do Gonçalves, num domingo de Dezembro de 1903 (em princípio dia 13) após uma vitória de um misto (só com portugueses) do Grupo dos Catataus e da Associação do Bem, por um golo de diferença, frente ao Grupo dos Pinto Basto (com ingleses), nos terrenos das Terras do Desembargador, às Salésias. Foi uma ideia de um grupo de futebolistas em plena euforia por uma vitória considerada inolvidável, num jogo desforra, pois 15 dias antes haviam perdido (embora só com elementos do Grupo dos Catataus). Não foi ideia de uma pessoa. Cosme Damião nunca foi considerado por quem foi fazendo e falando da história do Clube, “O PRINCIPAL” fundador, a não ser em 2010 por…Ricardo Serrado! Cosme Damião é considerado a principal figura do “Glorioso” pela importância que teve no clube entre 1904 e 1926 (e depois pelo legado que deixou aos seguidores) e não por ser uma espécie de José Alvalade ou Monteiro da Costa do Benfica.

Badana da capa de "Cosme Damião - O Homem Que Sonhou o Benfica"; Ricardo Serrado; Zebra publicações; pp. 157; 1.ª edição; Outubro de 2010; Lisboa
Insistência doentia
Só que o historiador surrealista insiste que Cosme Damião não é fundador porque não tem importância no Clube em 1904. Nem aparece referenciado. Pois não. Nem ele nem todos os que fundaram (para nós 24, para ele 10) excepto três, os dirigentes, da Comissão Administrativa, como é evidente: José Rosa Rodrigues (presidente), Manuel Gourlade (tesoureiro) e Daniel Santos Brito (secretário). Que lógica teria, sendo eleitos (escolhidos entre 24) três dirigentes Cosme Damião ter protagonismo?! Se não foi escolhido, tal como outros 21 (para nós) ou outros sete (para Ricardo Serrado), por que razão haveria de ter protagonismo?! Nem tinha sentido. Só mostraria que os três escolhidos tinham sido…mal escolhidos e não “davam conta do recado”.





Apesar de ter muita documentação (vou esperar pelo livro para a divulgar) no entanto deixo três documentos que exemplificam o que digo. Entre 1904 e 1906 só três nomes aparecem como responsáveis pelo Clube: José Rosa Rodrigues (vários), Manuel Gourlade (muitos) e Daniel Santos Brito (escassos). Como seria lógico. Foram eles os dirigentes escolhidos. Mas de certeza que o Clube não teve apenas estes três associados durante estes três anos. Os restantes treinavam, jogavam, ajudavam, propagandeavam o Clube entre amigos, etc. Como é normal e até nós fazemos agora e pertencemos ao Clube. Quantos milhares nascem, vivem e morrem como associados do Benfica e isso é apenas assunto de família e amigos?

Cosme Damião (tal como os casapianos) nem treinaram durante 1904
Mas alguns deles (António Couto, Silvestre Silva, Pedro Guedes) que nem fundadores foram jogaram o primeiro encontro em 1905. E dos fundadores apenas cinco estiveram nesse jogo (e destes apenas três dos dez indicados por RS). Em menos de um ano o Clube crescera muito. Jogavam na 2.ª categoria, mas se até da 1.ª categoria os registos são escassos quanto mais para a 2.ª categoria. Mesmo Amadeu Rocha (um dos dez fundadores para RS e 24 para nós) não há registo que estivesse em mais algum treino (dos 30 realizados entre a manhã de 28 de Fevereiro de 1904 e a manhã de 1 de Janeiro de 1905) a não ser nesse em 28 de Fevereiro de 1904.

Eu bem avisei os responsáveis no Benfica
Quando o livro de Cosme Damião foi publicado como é evidente li-o de uma penada. Fiquei com uma má ideia: contradições, inexactidões e mentiras. Incongruências acerca da personalidade e interpretações dúbias acerca de resoluções de Cosme Damião em determinados assuntos. Ora eu conhecia há mais de 30 anos (desde o início dos anos 80 do século XX) e lera durante essas três décadas entrevistas a Cosme Damião, desde o tempo de um jornal denominado "Os Sports Illustrados" (n.º 1 em 11 de Junho de 1910) até à grande entrevista ao jornal "A Bola" publicada em 5 de Março de 1945. Aliás achei muito estranho esta entrevista nunca ser citada. O autor tinha feito uma biografia e não tinha lido a principal entrevista do biografado! Assim isso explicava muito da falta de qualidade do livro.
1. Voltei a reler o livro e apontei as contradições, inexactidões e mentiras. Mais de 40! Mentiras umas dez. Descaradas;
2. Quando pude (António Melo é testemunha pois foi na sua presença) confrontei o autor (RS) com essas contradições, inexactidões e mentiras. E perguntei se conhecia a entrevista ao jornal "A Bola". Respondeu vagamente. Nim. Disse que como historiador passou muitas horas em bibliotecas a ler jornais e livros. Como ia preparado, levei uma fotocópia da entrevista. Percebi logo que não conhecia. Aliás só assim se justificava nunca a ter citado. Achei incrível. Como foi possível escrever um livro acerca de Cosme Damião e do Benfica e não ter lido a entrevista feita por Mário de Oliveira (citada várias vezes na História do SLB 1904-1954)! Inaudito! Depois indiquei-lhe incorrecções que nunca admitiu, afirmando sempre que era historiador e eu não! Ele é que tinha a "cátedra"! Disse-lhe que percebia-se que fizera cerca de 80 por cento do livro a partir da história de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva mas fora descuidado pois truncara as informações por negligência trocando datas, horas, posições em campo, etecetra, tamanha era a confusão. Negou sempre. Fez mal em ser vaidoso e pretensioso. Um investigador deve ser humilde e metódico;
3.  Quando soube que o Benfica o contratara, aliás o livro foi aceite como sendo uma proposta do Clube (a editora Zebra estava ligada ao Benfica) para "o credibilizar e tornar conhecido junto dos Benfiquistas" e encontrei os responsáveis pelo Museu (Alcino António e António Ferreira) avisei-os que estavam a cometer um erro crasso. Que RS não era de confiança e iria aproveitar-se do Benfica - conhecendo-o melhor por dentro tendo acesso a informação particular - para depois divagar e especular para ser falado e mediatizado. Tinha ou não razão?


Como foi possível fazer uma biografia de Cosme Damião colocando 116 notas em rodapé (neste exemplo estão quatro, entre a 74 e a 77) a maior parte referente a publicações periódicas (jornais) e não haver nenhuma (nem uma) com referência à entrevista de Cosme Damião ao jornal "A Bola" de 5 de Abril de 1945? Inacreditável! Inexplicável! O desleixo e a ignorância pagaram-se caro neste caso! NOTA: Esta entrevista será publicada em digitalização das páginas 5 e 7 de "A Bola", em 2 de Novembro de 2015, para assinalar os 130 anos do nascimento do "Pai do Benfiquismo"

Doninha numa capoeira
O erro foi ter contratado este tipo de historiador para dentro do Clube. Um erro crasso que vai ter de ser pago com juros como estamos a ver. Até quando? Iremos ver! Isso deu-lhe protagonismo e acesso a informação que ele manipula a belo prazer. Foi o que ele quis. Achincalhar o Clube e ainda lhe pagaram! E tudo (apesar de ser longo e não ter interesse contar agora) porque eu disse que não concordava em fazer um Museu num local (repartido por dois pisos: do 2 em escada rolante para o 1) dentro do estádio pelo facto do espaço não ter condições para dar dignidade a um Museu do Benfica. Não vou contar outra vez a história (quem quiser ela está aqui contada é só clicar). Os responsáveis pelo facto de Ricardo Serrado andar a disparatar com à vontade deve-se a ter tido “as costas quentes” enquanto esteve no Benfica (2010 – 2012). Os responsáveis por tudo o que está a ocorrer, no que diz espeito a Ricardo Serrado, têm nome: Alcino António (vice-presidente "virtual" para o Património), António Ferreira (na realidade o responsável pelo Património), Luís Lapão (curador do Museu) e Rita Costa (Responsável pelo Centro de Documentação e Informação e filha do Responsável pelo Departamento de Sócios, Luís Costa). Está tudo ligado. E Luís Filipe Vieira que deu o aval a tudo isto, talvez pensando que ficaria na história do Clube como Pinto da Costa pensa que fica na do FC Porto por ter feito revisionismo. Foi com ele que se descobriu, finalmente, a verdade. Foi preciso ele chegar ao Benfica, a partir de Maio de 2001, para descobrir até o que ocorrera, de facto, em 1904. Daí o início do texto que foi feito e publicado para lhe agradar: «Após ter realizado uma intensa investigação sem precedentes podemos afirmar o seguinte acerca da Fundação do Clube.» Quem é que possibilitou – quem é que criou as condições - de Ricardo Serrado poder realizar uma intensa investigação sem precedentes? Os leitores sabem!

Este texto só foi retirado, contra a vontade de Ricardo Serrado, António Ferreira e Luís Lapão, após uma carta enviada por três Benfiquistas aos três presidentes dos Órgãos Sociais do SLB e, no seu seguimento, a uma reunião presidida pelo presidente da mesa da assembleia geral do SLB, entre esses três Benfiquistas "cartistas" e os três personagens "enfadonhos" acima indicados.


Ricardo Serrado é trapalhão
Os livros dele estão repletos de aldrabices. O de Cosme Damião tem tantas (às dezenas) que até ele o renega numa entrevista ao jornal “Público” em Maio de 2013:

«Como tal, devo dizer que o meu livro sobre Cosme Damião contém alguma informação que carece de revisão. Isto é, necessita de ser actualizada, nomeadamente um maior questionamento sobre a fundação do Benfica. Fiei-me em demasia nas obras já escritas. Deve-se também a informação errada que consta histórias dos clubes, que são, muitas vezes, mitificadas por má interpretação de uma fonte, desconhecimento da realidade da época ou anacronismo.»

Isto quando ele é que introduziu mentiras, à descarada. Entre uma dezena, reproduzo esta:

Imagem retirada pa página 64 de "Cosme Damião - O Homem Que Sonhou o Benfica"; Ricardo Serrado; Zebra publicações; pp. 157; 1.ª edição; Outubro de 2010; Lisboa
 Onde foi ele buscar esta fotografia?
Ao tal livro que não é de fiar («Fiei-me em demasia nas obras já escritas»). Copiou-a da página 200 não há que enganar. É uma fotografia obtida na cidade do Porto, no campo da rua da Rainha, em 28 de Abril de 1912. Quando ele, na página 64 a transforma (qual ilusionista) numa fotografia que não existe (ou pelo menos dela não há conhecimento) a da equipa que, em Carcavelos, a 10 de Fevereiro de 1907, venceu pela primeira vez os mestres do Cabo Submarino. Seis anos de diferença. Como é evidente pelas camisolas, pois já há nove futebolistas com os novos equipamentos (com atilhos) de algodão. E só não são dez porque ele e/ou os editores do livrinho fizeram questão de "tirar" do onze o nosso dedicado Henrique Costa! Apenas Francisco Pereira (irmão do famoso Artur José Pereira) está equipado com a "velha" camisola de flanela vermelha. Desta equipa de 28 de Abril de 1912 apenas um esteve nesse estrondosa vitória de 10 de Fevereiro de 1907! Quem? Precisamente Henrique Costa, o que foi "cortado"! Extraordinário!
História do SL Benfica (1904-1954); Volume I; Página 200; Mário de Oliveira e Rebelo da Silva; Lisboa; 1954; edição dos autores; Lisboa
Ele é que não é de fiar. Como se vê. Como Cosme Damião era uma figura secundária - futebolista da 2.ª categoria, sem cargos directivos - antes da "Crise do Verão de 1907", para dar protagonismo a Cosme Damião em 1907 (no momento mais elevado - em 10 de Fevereiro - do "Glorioso" desde 28 de Fevereiro de 1904) vai buscar uma fotografia de 1912, obtida/registada/tirada na cidade do Porto, no campo da rua da Rainha (do FC Porto), publicada correctamente na História do Benfica (1904-1954) e "transporta-a" para a Quinta Nova, em Carcavelos, seis anos antes. Para saber mais (clicar)

Mas há outros livros com aldrabices:

O Estado Novo e o Futebol; página 185; Ricardo Serrado; Lisboa; 2012; Editora Prime Books
Um extracto de um livro que descreve a passagem da sociedade Rosa & Comandita a C. Rodrigues & C.ª (Filhos), quando se previa o falecimento do fundador Cândido Rodrigues

Como os irmãos Rosa Rodrigues viviam no 1.º andar do prédio onde estava a Farmácia Franco (no rés-do-chão, rua Direita de Belém n.º 144) passaram a ser filhos do dono da farmácia! RS deverá pensar que só ele domina assuntos acerca do futebol português por isso pode dizer o que quer que a "malta engole que nem patinhos"! Para saber mais (clicar). AVISO: Se um dia pensarem que o historiador surrealista pode escrever acerca de vocês e das vossas famílias, se forem viver para Amesterdão jamais aluguem para habitar uma casa por cima de uma montra do Bairro da Luz Vermelha!

É provável que o anunciado livro »Mitos do Futebol Português» também contenha erros grosseiros.

Vamos esperar pelo livro!


Alberto Miguéns

NOTA2 (às 10:00 horas): O livro é desleixado.Um exemplo:



O que escreveu Ricardo Serrado na página 22 transforma "concelho" em "conselho". Há muito "disto". Félix Bermudes no livro é Félix Bermudez, e assim por diante...



NOTA2(às 09:50 horas): A pedido e para verificar o erro "extractos socais" em vez de "estratos sociais" acrescento a tal carta assinada por três Benfiquistas:


Exm.ºs Senhores
Presidente da Direcção
Presidente da Assembleia Geral e
Presidente do Conselho Fiscal
do Sport Lisboa e Benfica

Fomos há dias surpreendidos com uma informação aparecida no remodelado site do nosso Clube, no sector História – Fundação, assinada por uma denominada “Equipa de investigação histórica do SLB”.

Ali se afirma que, no dia 28 de Fevereiro de 1904, um “grupo de 10 indivíduos de Belém”, cujos nomes são referidos, “sedentos por criar um grupo para jogar football association”, ali realizou o seu 1º treino. E, logo a seguir, acrescenta-se: “São estes, em rigor, os fundadores do Sport Lisboa”.

Depois, acrescenta que “outros treinos se seguiram nos fins-de-semana seguintes com os mesmos 10 elementos”, para concluir que este grupo “será a base humana da criação do Sport Lisboa”.

Mas não se fica por aqui. O último parágrafo de tão infeliz prosa refere que o “Sport Lisboa não é, contudo, uma criação formal e não é uma realidade que acontece num único dia, ao contrário do que até há pouco tempo se pensava”, explicando: “corresponde, isso sim, inicialmente à vontade de um pequeno grupo de 10 indivíduos de criar uma equipa de futebol, os quais começam depois a recrutar outros de forma a fortalecer o seu grupo. É neste contexto que se juntam aos 10 fundadores outros indivíduos, alguns deles pertencentes à Casa Pia de Lisboa, outros não, oriundos de vários extractos sociais, que fortaleceram o grupo e ajudaram na construção de uma identidade que está mais ou menos completa em Agosto de 1904.”

Primeira constatação: segundo esta “equipa de investigação histórica”, ao fim de 108 anos, a acta da fundação do nosso Clube, na qual consta a assinatura de 24 fundadores, não vale nada. O Benfica, afinal, não tem 24 fundadores, mas sim apenas 10. E Cosme Damião, por exemplo, deixou de ser um dos fundadores do nosso Clube. Ele, como outros 13, foram-se juntando ao longo dos meses e em Agosto estavam, finalmente, todos juntos. A reunião realizada na Farmácia Franco na tarde de 28 de Fevereiro de 1904 não teve qualquer relevância.

Tudo isto seria cómico se não fosse bem triste e atentatório da história gloriosa do nosso Clube. Ao fim de 108 anos, fazendo lembrar tristes actuações de outros clubes, a nossa história é alterada. Admitiríamos que o fosse, caso novos e irrefutáveis documentos tivessem surgido, mas nada do que esta “equipa de investigação histórica” apresenta é novo e permite diferentes interpretações. A história dos primeiros anos do SLB foi feita por quem a viveu e está relatada de forma exaustiva na monumental História do Sport Lisboa e Benfica, em dois volumes, realizada no início dos anos cinquenta por Mário Oliveira e Rebelo da Silva, que tiveram oportunidade de contactar pessoalmente alguns dos fundadores e, nomeadamente, Cosme Damião. E essa mesma história está alicerçada em documentos existentes no Clube e que não permitem segundas interpretações.

Esse 1º treino, realizado na manhã de 28 de Fevereiro de 1904, está documentado num cartão existente no Clube e publicado nas páginas centrais do nosso Jornal de 27 de Fevereiro de 2009. Na tarde desse mesmo dia, como estava programado, esses 10 elementos que treinaram e mais 14 outros que por variados motivos não estiveram no treino da manhã reuniram-se na Farmácia Franco para fundar aquele que seria o nosso Glorioso Sport Lisboa e Benfica. A acta assinada por todos eles (por ordem alfabética) afirma: “Grupo Sport Lisboa 28/2/904 – Funda-se em Belém este Grupo, tendo-se realizado nesta data o 1º treino de football. Reunião do grupo na Farmácia Franco, na Rua Direita a Belém. Sócios fundadores”. Seguem-se os nomes e, no final, acrescenta-se: “… deliberam constituir a seguinte Comissão para gerir os destinos do grupo Presidente José Rosa Rodrigues, Secretário Daniel Brito, Tesoureiro M. Gourlade”.

Como é possível, 108 anos depois, vir alterar a história do Clube? Tudo está devidamente documentado – inclusive quem esteve presente, os dias, horas e locais de cada um dos 24 treinos realizados até 3 de Julho. Essa denominada “equipa de investigação histórica” começa por afirmar ter realizado uma “intensa investigação sem precedentes”. Mas não apresenta nenhum documento novo, antes tenta interpretar à sua maneira os primeiros tempos de vida do nosso Clube, desvirtuando a sua história.

Senhores Presidentes:

O Sport Lisboa e Benfica foi fundado há 108 anos por 24 jovens cujos nomes figuram na respectiva acta. A história do Clube não pode ser alterada (e falseada) em 2012, sem qualquer nova documentação de suporte. Apelamos pois a V. Exªs no sentido de ser reposta a verdade histórica, ao mesmo tempo que manifestamos a nossa viva preocupação pelas deturpações e erros que possam vir a ser igualmente cometidos no nosso futuro Museu Cosme Damião, curiosamente um dos fundadores do Clube agora proscritos.

Ao mesmo tempo que nos colocamos inteiramente ao dispor para qualquer esclarecimento adicional, apresentamos os melhores cumprimentos e calorosas

                                                                 Saudações Benfiquistas

Lisboa, 11-4-2012


                                                                 (assinaturas)


PS: Outras inexactidões, embora bem menos gravosas, aparecem na rubrica dedicada aos Presidentes do S.L.B. e às várias décadas, sendo ainda muito discutíveis algumas opções referentes aos jogadores mais em destaque na história do Clube.





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