O minuto de (não) silêncio
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O minuto de (não) silêncio


"Há dias, num jogo de futsal foi anunciado que se iria guardar um minuto de silêncio por uma pessoa falecida. Não interessa, aqui, em que jogo e por quem. Porque o que importa é o gesto, a homenagem, o sentido universal do respeito pelo outro. O silêncio na morte diz tudo no respeito de nada dizer.

Mas que vi e ouvi eu? O mesmo que, há muito, em Portugal, e em qualquer estádio: um inqualificável e triste momento. O insuportável grunhido de quem não é capaz de ter a sensibilidade e o respeito pela morte de alguém conhecido ou desconhecido como se um minuto cronológico fosse uma prisão perpétua para os javardos. Às vezes ainda se dissimula (disparatadamente) a incapacidade do silêncio com palmas, como se fossem seus sucedâneos ou substitutos.

Ao contrário, nestas últimas semanas no Reino Unido, Dinamarca e Holanda, pude ver o respeito absoluto pelo minuto de silêncio, em estádios de futebol.

Sinal dos tempos. O silêncio é, hoje, motivo de chacota. Já não é de ouro.

O silêncio já não é de ouro. Numa reunião de trabalho ficar em silêncio desqualifica, mesmo que nada se tenha para dizer. Num debate o que perde é o que fala menos, mesmo que no intervalo do seu silêncio, tenha sido o que disse mais.

A nossa sociedade incomoda-se com o silêncio. O silêncio não é comercial, não é televisionado, não enche jornais, não se associa ao sucesso, e chega às novas gerações como um fúnebre desconforto.

Por isso, o silêncio é ameaçado mesmo onde, no simples quotidiano, deveria existir: na espera do telefone, no elevador para compensar a má-criação de quem não tem a educação mínima de cumprimentar, nos transportes, no consultório, em toda a parte.

O silêncio incomoda porque interpela."


Bagão Félix, in A Bola



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