O que se viu...
Benfica

O que se viu...


"Três coisas me mostrou o fim de semana, no futebol.
A primeira? Que não se podendo dizer que, contra o Marítimo, o FC Porto tenha já sido um FC Porto deslopeteguizado, não deixou de ser já FC Porto em sinais de deslopeteguização. Não foi o que fora: grupelho de jogadores de coração desarrumado a jogar com a cabeça em cinza e os pés em carvão, mas já foi equipa a tentar ser isso mesmo: uma equipa - a deslateralizar-se, a verticalizar-se, a procurar chegar mais depressa à baliza do outro lado. (Ainda o não fez bem, ao menos tentou fazê-lo.) Ou seja, não deu para que jogasse um futebol em forma de Sara Sampaio, mas não: já não jogou um futebol em forma de Miss Piggy - um futebol a boicotar-se a si próprio, a prender-se dentro das fragilidades que as obsessões e as pataretiquices de Lopetegui abriam nos seus jogadores, fazendo da posse da bola uma extravagância inútil - ou coisa pior.
A segunda coisa que me mostrou? Que se com Lopetegui, o FC Porto jogava esse futebol estéril que às vezes parecia râguebi: com a bola sempre para o lado e para trás - o Sporting não. Sim, o Sporting joga cada vez melhor no contrário disso - no seu futebol à Jesus. Um futebol que, nele, tem o seu traço bíblico: Jesus quer que o craque da sua equipa seja a equipa e consegue fazer da equipa o seu craque - sem que ela, a equipa, deixe de exaltar os craques que ela tem. E, assim, nessa aparente quadratura do círculo que Jesus vai criando, arguto e engenhoso, vê-se o que se viu de novo, no sábado: o encanto da canção do bandido nos pés de Bryan Ruiz, o Iniesta a soltar-se dos pés de João Mário, o melhor de João Moutinho no que vai sendo o Adrien Silva, o Drogba no corpo do Slimani.
A terceira coisa que me mostrou? O que me mostrou o meu amigo Hugo Leal num dizer que eu gostaria de ter dito: - O Jesus fez um Benfica à Jesus. O Vitória está a fazer um Benfica à Benfica. Mesmo quando perder, vai ser à Benfica, e não se pode pedir mais do que isso. (E é por isso que o Rui vai sendo cada vez mais vitória - e não só no nome...)."

António Simões, in A Bola



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