Benfica
O tempo da quarta cadeira
"Os três grandes já estão na frente, disse Jorge Sequeira, um licenciado, especialista reconhecido da formação para a competição. Jorge Sequeira é adepto do Sporting (de Braga) e foi nessa qualidade que disse, na TVI, a frase que irritou o representante do Sporting (de Lisboa) no programa “Prolongamento”, um dos muitos talk-shows que animam os serões ao fim de cada jornada. A fórmula desses entretenimentos é velha e simples. Um moderador imparcial e três figuras públicas, cada uma defendendo o seu clube com a maior dose de parcialidade disponível no mercado.
Há uma razão para estas discussões se cingirem exclusivamente aos representantes dos clubes a quem se convencionou chamar grandes: os três emblemas juntos reúnem um vastíssimo número de adeptos e garantem a esses programas um nível de audiências satisfatório. E como os preços da publicidade em televisão se medem pelas audiências e como os programas em causa são de baixo orçamento, porque o elenco ainda assim é curto, a receita está aprovadíssima.
Saliente-se, portanto, a ousadia da TVI ao convidar um adepto do Braga, o único emblema que nos últimos anos têm lutado com o FC Porto e o Benfica, intrometendo-se na questão do título com um descaramento que é de saudar. O Braga tem vindo, certamente, a ganhar muitos adeptos com as suas proezas. Mas não tem um número de adeptos suficiente para convencer as televisões de que um adepto seu em estúdio é encaixe certo. Por isso mesmo surpreendeu e bem a TVI ao apresentar Jorge Sequeira na qualidade de adepto do Braga, com direito ao seu emblema em fundo.
Era engraçado que fosse para manter esta ideia dos quatro representantes, dava um retrato mais fidedigno da realidade competitiva do futebol português. Julgo, no entanto, que esta solução colhe mais votos a favor entre benfiquistas e portistas do que entre os sportinguistas que, ao verem chegar o Braga à mesa, podem sentir o estatuto histórico ameaçado. Jorge Sequeira, que sabe destas coisas todas, entrou a matar e foi direito ao assunto: os três grandes já estão na frente, disse excluindo o Sporting do grupo sem parcimónia. Se isto continuar assim quem gostar deste género de programas vai ter muito com que se entreter.
ERRAR É HUMANO
Dois árbitros dormiram em paz
Só há uma maneira de os árbitros serem ilibados de culpa nas derrotas das nossas equipas. É quando as nossas equipas jogam tão mal, tão mal que se chega ao ponto de os maus da fita passarem a ser os nossos jogadores ou os nossos treinadores em vez de serem os árbitros, como é mais tradicional. Deve ser um grande alívio para os árbitros quando uma coisa destas sucede e, para descanso deles, a verdade é que estas coisas sucedem mesmo.
Neste último fim-de-semana sucedeu, por exemplo, ao Real Madrid e ao Sporting. Jogaram mal, perderam e não há "hincha" do Madrid nem adepto do Sporting que percam tempo a dizer ou a convencerem-se de que a culpa foi do árbitro. Curiosamente, José Mourinho e Sá Pinto, com estilos diferentes, reagiram de maneira próxima aos respectivos infortúnios. Mourinho disse que os seus jogadores tinham feito uma partida "inaceitável" e nem quis ouvir falar de uma eventual mão de um jogador do Getafe no lance do terceiro golo. Sá Pinto nem falou do árbitro e mandou os seus jogadores cumprimentar as claques no fim do jogo para delas ouvirem a opinião sobre o seu trabalho. E ouviram mesmo. Puderam assim dormir em paz o senhor Marco Ferreira e o señor Pérez Lasa, os juízes inocentados dos jogos com o Rio Ave e com o Getafe.
POSITIVO
Salvio justifica
Não foi consensual entre os benfiquistas a urgência do regresso de Salvio, mais um ala para juntar aos muitos de que a equipa dispõe. Mas o argentino tem justificado e bem a contratação. E com golos.
Peseiro também
Notável proeza do Sporting de Braga de José Peseiro eliminando, em Itália, a Udinese no desempate por grandes penalidades e assegurando a presença na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Pepe ainda mais
Sem Pepe o Real Madrid perdeu em Getafe e a sua defesa foi mais do que vulgar. Com Pepe o Real Madrid ganhou ao Barcelona a Supertaça e o central luso-brasileiro foi o melhor em campo.
PÉROLA
"OS ÁRBITROS TÊM DE SER MAIS CONTEMPLATIVOS COM ALGUMAS SITUAÇÕES DE JOGO", Fernando Oliveira
O presidente do Vitória de Setúbal não gostou de ser goleado pelo Benfica. Para Fernando Oliveira a arbitragem foi o factor decisivo. Jorge Sousa deveria ter-se limitado a contemplar a acção de Amoreirinha sobre Melgarejo. Não tinham dito que este Melgarejo era pau para toda a obra?"
Leonor Pinhão, in Correio da Manhã
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