O verbo e a verba (I)
Benfica

O verbo e a verba (I)


"O defeso prossegue, já na sua fase II. Depois das férias, os jogadores voltaram, as esperanças renasceram, as transferências prosseguem e os novos equipamentos vendem-se.
Por excesso de oferta de espaço e de tempo, é o período indicado para entrevistar os que entram, os que ficam e os que saem. Cada qual debitando as banalidades do costume, entre frivolidades mundanas e juras de fidelidade eterna. O verbo assume todo o seu esplendor, entre verbas que uns têm e de que outros precisam para sobreviver.
O meu clube já treina, ainda que desfalcado. Com a indefinição habitual do que será o plantel definitivo no dia 1 de Setembro. O treinador já deu uma extensa entrevista ao canal do Benfica curiosa mas estranhamente feita por um administrador da SAD. Falando-se de muitos temas, desejos e convicções. Ainda aqui o verbo no seu expoente.
Tenho para mim que esta fase inicial deveria ser mais recatada possível. Verbo só para dentro, verbo que não empole verba, ou ao invés, não desvalorize (vide Cardozo de que falarei amanhã). O Benfica não precisa de estar sempre a apregoar ser o melhor ou ser hegemónico (que infelizmente agora não o é pelo número de títulos). Acho que se fala de mais. E quando assim acontece lá surge o dia em que se percebe porque não se deveria ter falado. Quando aprendemos com a força e o mistério de um silêncio bem gerido?
Os gestos simples têm mais força do que a propagação mediática de palavras sobre palavra. Por exemplo, a presença no momento inicial de uma nova época transmite liderança, coesão, robustez por parte de quem tem esse dever e vale mais do que muitos concilábulos e panegíricos de efeito repetido."

Bagão Félix, in A Bola



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