Foi apenas uma temporada, mas foi marcante. Da mesma forma que o Benfica ainda hoje recorda Ramires, o brasileiro também não esquece o clube da Luz. Numa altura em que se comenta muita a ténue ligação dos jogadores aos clubes que representam, o Maisfutebol questionou Ramires, agora no Chelsea, sobre a forma como vive, atualmente, o Benfica.
«Continuo a torcer sempre pelo Benfica. Acompanho sempre», começou por dizer.
Depois, alongou-se um pouco mais e explicou os motivos desta ligação: «É difícil desvincular-me do Benfica. Deu-me uma oportunidade enorme de jogar na Europa. Fui muito bem recebido. Vá onde vá, encontro benfiquistas e ainda sou muito acarinhado. Tenho um carinho muito especial pelo Benfica.»
Já lá vão quatro anos desde a saída de Ramires da Luz, rumo ao Chelsea. A verdade é que apesar de estar longe de Portugal, manteve-se sempre em contacto com o país até no seu clube.
Agora treinado por José Mourinho, o brasileiro também estava na equipa de André Villas-Boas, aquando da passagem do atual técnico do Zenit por Stamford Bridge. Se somarmos Jorge Jesus, já são três treinadores portugueses em cinco anos na Europa.
Ramires acha que só tem a ganhar. «Tenho aprendido muito. É uma escola muito boa. São grandes treinadores, grandes pessoas e fico sempre muito feliz com a oportunidade de trabalhar com eles», garante.
Pedimos uma comparação, mas Ramires mostrou-se incapaz: «São diferentes. Nenhum treinador é parecido. São muitas coisas diferentes. Fico feliz de ter trabalhado com eles. Dou-me muito bem com eles, todos.»
«Comentei que o clima poderia prejudicar os Europeus»
Espanha e Inglaterra já estão fora. Portugal está quase. Itália e Alemanha precisam vencer na última ronda para se apurarem. E já nem vamos ao ponto de abordar Croácia ou Bósnia. A verdade é que o Mundial do Brasil está a ser duro para as seleções europeias. Ou, pelo menos, para a maioria.
Questionámos Ramires sobre se encontra uma explicação para este dado curioso. O médio brasileiro garante que não fica surpreendido.
«Antes de começar, comentei que o clima poderia dificultar um pouco para as seleções europeias. O clima aqui é muito diferente. Para quem joga em Manaus ou Fortaleza é muito quente. Jogo em Inglaterra, joguei em Portugal e lá nunca jogámos numa temperatura como estas que apanhámos aqui. Isso pode ter dificultado um pouco», explica.
Sobre o caso específico da seleção portuguesa, Ramires lamenta o desfecho anunciado. «É uma grande equipa e esperava que Portugal passasse a primeira fase. Torci para Portugal, até, porque tenho lá amigos com quem joguei, mas é difícil», diz.
Depois, deixa um aviso para memória futura: «Um Mundial é muito difícil. Às vezes um adversário que pensamos que vai ser fraco acaba por não ser. Há exemplos já nesta Copa. É importante estar sempre concentrado em relação aos adversários.»
«Chile? Não escolhemos adversários»
Ramires foi suplente utilizado na goleada do Brasil aos Camarões, por 4-1, depois de ter sido titular frente ao México, na ausência de Hulk, lesionado. Segue-se o Chile e o médio do Chelsea projeta «mais um jogo difícil».
«O Chile é uma excelente equipa que está a fazer um bom Mundial. Agora no mata-mata não pode haver vacilos. Temos de nos concentrar e preparar bem para o Chile», anteviu.
Questionado se foi uma surpresa ter de enfrentar o Chile e não Espanha ou Holanda, Ramires garantiu que não. E deixou um sublinhado: «Nós não escolhemos adversários. Queríamos era a qualificação, independentemente de quem fosse o rival.»
Por fim: o Brasil é favorito? «Todos os adversários querem ganhar ao Brasil. Claro que, a jogar em casa, o favoritismo será sempre do Brasil, contra qualquer adversário. Estamos tranquilos quanto a isso», concluiu.