Os perdões são como os almoços
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Os perdões são como os almoços


 " “Como sócio do Sporting, tem todo o direito a expressar a sua opinião sobre a situação financeira do clube”, ouvi esta semana dizer a mais do que um benfiquista a propósito das declarações públicas de Luís Filipe Vieira sobre os zunzuns que dão como possível um perdão da dívida do Sporting à Banca. Normalmente são os sportinguistas que gostam de picar os benfiquistas com o tema dos anos de associado que o presidente do Benfica já somou ou vai somando em Alvalade.
Esta semana aconteceu o contrário. Perante a estupefacção que as palavras de Luís Filipe Vieira sobre a dívida do Sporting e o tal perdão da Banca causaram em Alvalade, resolveram os benfiquistas contra-atacar com uma porção do mesmo veneno com que são habitualmente seringados pelos vizinhos da Segunda Circular. E trataram de responder à indignação dos rivais com suprema perversão. Pois se Vieira é sócio do Sporting está autorizado a emitir opinião sobre os temas correntes do clube, não é verdade?
Se muitos adeptos e sócios do Benfica não encaram com bom humor a matéria em causa, também é verdade que muitos outros, provavelmente a maioria, terão apreciado a oportunidade da tirada do seu presidente. “Mete-me confusão que bancos que despejam pessoas das suas casas por falta de pagamento possam vir agora admitir perdões aos clubes de futebol”, disse o presidente do Benfica. E, independentemente das paixões clubistas, é muito difícil, quase impossível, não concordar com a ideia expressa pelo presidente do Benfica.
Saberá a Banca o que faz com o seu dinheiro, com as dívidas que tem por cobrar e com os seus clientes preferidos. Mas não é difícil de imaginar um descrédito do sistema financeiro e uma considerável agitação no país todo se a Banca, que não perdoa nada ao cidadão comum e nadinha ao empresário comum, proclamasse o perdão das dívidas dos clubes de futebol em troco de… nada. Seria, aliás, surreal que assim acontecesse. Se o Capital não tem pátria, muito menos tem emblema de futebol. O que o Capital tem é voragem. Um “perdão” seria o princípio do fim da autonomia dos clubes de futebol, tal como os conhecemos e os vimos crescer, construir estádios e endividarem-se. Os perdões são como os almoços. Nunca são grátis.

ERRAR É HUMANO
Um grande desperdício de árbitro
Os desacatos na tribuna VIP do Estádio de Alvalade nasceram de um facto insólito. Um antigo e muito respeitável dirigente do Sporting, Paulo Abreu, homem cordato e de maneiras, insurgiu-se contra a expulsão de Jesualdo Ferreira e de Oceano e não se coibiu de falar alto contra “o sistema” nas barbas de Pinto da Costa e de toda a comitiva oficial portista, incluindo os seguranças. Os visados reagiram em defesa do seu bom nome e em defesa do ambiente de tranquilidade e civismo exigível numa tribuna VIP, atmosfera que os próprios sempre proporcionam quando lhes cabe o papel de anfitriões.
Não foi, naturalmente, em defesa do árbitro Paulo Baptista que se terão erguido as vozes de Pinto da Costa e de outros convidados portistas quando Paulo Abreu tratou de pôr com extrapolações sobre as três expulsões até ao momento somadas. Paulo Baptista nem sequer reúne gabaritos que levem a defendê-lo. 
Baptista não é árbitro internacional, nunca lá chegou apesar de ser um dos nossos árbitros mais asizados e discretos e já se sabe que o FC Porto só quer árbitros internacionais nos seus jogos. E aquelas expulsões todas nem sequer davam jeito ao FC Porto. Porque empatar e ficar com a fama de mandar no árbitro, bem-feitas as contas, já são contratempos a mais.

POSITIVO
Jesualdo “boys”
O desejo de Jesualdo Ferreira seria ter condições para fazer uma revolução silenciosa numa casa onde todos gritam. Contra o FC Porto motivou a miudagem, defendeu-se como pôde e sorriu.

Estoril ao Sol
O Estoril de Marco Silva foi ganhar a Vila do Conde e está agora a 1 ponto do acesso à Liga Europa. Percurso absolutamente notável para uma equipa no seu não de regresso à I Divisão.

Rodrigo acertou
O Benfica vai a Bordéus com o conforto de um resultado de 1-0 na Luz, graças a um tiro de Rodrigo que terá ainda tido a colaboração infeliz do guarda-redes dos Girondins. Independentemente do autor, foi um belo golo.

PÉROLA
“O SPORTING JOGA PARA NÃO DESCER DE DIVISÃO", Rodolfo Reis
Não se entende se o antigo capitão do FC Porto, um histórico do clube, pretendeu com as suas declarações à Radio Renascença mandar abaixo o Sporting, o que seria crueldade desnecessária, ou se pretendeu mandar abaixo Vítor Pereira, o que seria extemporâneo porque ainda falta muito campeonato."

Leonor Pinhão, in Correio da Manhã



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