Poder, dinheiro e futebol
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Poder, dinheiro e futebol


"Blatter não se mostrou arrependido. Apenas surpreso. Apresentou-se como a mais sofredora das vítimas. Ele que tudo dominou e controlou.

Blatter está à beira do abismo e, como na história do louco, decidiu dar um passo em frente. De repente, em vésperas da consagração para mais um mandato em Zurique, fez a espantosa descoberta de que o esplendoroso universo FIFA, que ele comanda, domina e controla sem contemplações, consentiu, afinal, um mundo execrável de influências, fraudes e corrupção, com esquemas organizados para lavagem de dinheiro ilícito.
Perante os congressistas da FIFA, chegados de todos os continentes, Blatter não se mostrou arrependido. Mostrou-se, sim, surpreso, e fez questão de se apresentar como a mais sofredora das vítimas das misérias humanas que corromperam cidadãos que ele tanto respeitava e nos quais tanto acreditava. Tudo o que ants de falava, tudo o que antes de dizia, tudo o que antes de criticava era, para Blatter, apenas um coro desafinado e rapazes invejosos e maledicentes.
Eleito no 51.º Congresso da FIFA, em 1998, em Paris, e sucedendo a João Havalange (24 anos do presidência da FIFA) que lhe entregou a eleição como se entregasse a sucessão de um trono de monarquia absolutista, Joseph Sepp Blatter, hoje, com 79 anos de idade, teve a sagacidade de entender que não poderia tirar com uma mão, sem dar com a outra. Com ele, a FIFA consolidou não apenas o Estado do futebol, considerado, admirado e venerado pelos chefes de estado de quase todo o mundo, mas o império, onde não apenas o imperador, mas a corte que lhe era fiel, garantia uma sobrevivência generosa de condições e privilégios. A riqueza que o futebol proporcionava passou a estar, para a FIFA, como o petróleo para os países árabes e por isso o nível de vida das elites do organismo de Zurique tanto se aproximava de uma vida das arábias, com hábitos luxuosos próprios de reis e de príncipes.
Blatter sempre soube fazer crescer esse império e sempre garantiu a ausência de um efectivo escrutínio. Porém, sempre soube ser generoso para com aqueles que se mostravam fiéis, aqueles que nunca interrogavam, e, em especial, aqueles que o idolatravam.
Ao longo dos tempos de presidente, Blatter foi-se tornando refém do seu próprio culto de personalidade. Nas Galas anuais da FIFA, os mais independentes faziam apostas jocosas sobre quantas vezes, em cada ano, ele subiria ao palco e falaria perante as câmaras de televisão, assumindo-se, sempre, como artista principal.
No entanto, Blatter sempre cuidou de garantir provas suficientes de que, com ele na liderança, a FIFA se tornara próspera e universal e, além disso, uma organização interessada e comprometida com o desenvolvimento social, política e económico, sobretudo, nas zonas mais carenciadas do mundo.
Foi essa política de compensação, essa ideia de criar uma cultura forte de contribuição para as grandes causas humanitárias, essa preocupação em promover uma política de benemérita contribuição para os pobres e para os desprotegidos da vida, que levou a FIFA a importantes associações e convénios com instituições e organizações de carácter humanitário, entre as quais, a própria ONU.
Não se deve, nunca, desprezar nem a sagacidade, nem a inteligência, nem a capacidade de sobrevivência de um homem como Blatter, que está há 40 anos na FIFA e conseguiu, ao longo de todo este tempo, construir um império de dimensão global, implicado nas diversas alianças, envolvido em complexas estratégias políticas, em enredos de negócios das maiores multinacionais. Blatter tem muito poder, tem muito dinheiro e tem o conhecimento, como poucos, do mundo do futebol. A notícia da sua queda, por enquanto, ainda é muito exagerada.

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Fora da área
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De facto, o futebol, vivido com despudor na plataforma da discussão política, torna-se perigosamente caricato e vulnerável. O povo estremece só de ver o jogo de que tanto gosta manipulado ao sabor de estratégias que não lhe dizem o menor respeito."

Vítor Serpa, in A Bola



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