Estamos na era da tecnologia da informação, em que tudo o que nos rodeia acaba, invariavelmente, por chegar ao conhecimento de cada um. A realidade, porém, é que os árbitros portugueses estão a tentar evitar ser como o comum dos adeptos do futebol.
Os últimos dias estão a ser marcados, de forma acentuada, pelos protestos provenientes do polémico Sporting-Nacional. Os leões reivindicam um erro grave da parte do árbitro Manuel Mota, ao invalidar um golo à equipa orientada por Leonardo Jardim, tendo a partida terminado com um nulo no marcador.
"A crítica é constante. Eles [árbitros] sabem que se errarem, no dia seguinte vai estar toda a gente atrás deles", salienta José Gomes, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), em entrevista a Bola Branca.
"Muitos deles deixaram de ver certo tipo de programas ligados ao futebol e ler jornais para estarem aliviados e não terem que pensar que um presidente de um clube anda em guerra com o presidente de outro clube", adianta José Gomes.
Ora, perante a convivência aparentemente salutar com a crítica, poderão os ecos do encontro de Alvalade condicionar, "a priori", a actuação do árbitro que for nomeado para o clássico Sporting-FC Porto, no domingo?
"Não interfere em nada", remata. "O árbitro que for escalonado para esse jogo [a contar para a Taça da Liga] estará simplesmente concentrado na tarefa que tem de desempenhar. Nenhum árbitro quer errar num jogo e logo nestes jogos mediáticos, que têm uma exposição enorme", argumenta o presidente da APAF.
O caso de Duarte Gomes recordado
Profissional ou não, um árbitro não vive alheado do Mundo que o rodeia. Constantemente confrontado com a pressão, o antes e o durante nos jogos não se assumem como os períodos mais críticos no subconsciente do juiz.
"Não é durante o jogo que o árbitro se sente mais incomodado com isso. É durante a semana apos o jogo", explica José Gomes, recordando o caso particular de Duarte Gomes.
O árbitro da AF Lisboa foi visado pelo Sporting após o "derby" com o Benfica para a Taça de Portugal. Mas a reacção do público estendeu-se para lá das quatro linhas.
"A semana após o 'derby' que o Duarte Gomes arbitrou mexeu com a família dele e isso é que incomoda os árbitros", afirma, deixando um reparo à postura dos dirigentes dos clubes, em Portugal.
"Não consigo perceber como é que dirigentes do futebol, cada vez que há um erro, acham que é premeditado ou intencional.Isso não cabe na cabeça de ninguém", completa.
fonte :rr