Quando Eusébio foi... o "Ladrão de Bagdade"
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Quando Eusébio foi... o "Ladrão de Bagdade"


" «O Ladrão de Bagdade»: filme do inglês Michel Powell. «The Thief of Bagdade». Recentemente ouve-se falar muito de Bagdade: nem sempre pelas melhores razões. Talvez haja muitos ladrões na Bagdade de hoje em dia.
Iraque: país velho daquilo que antigamente se chamava as Arábias.
«Eusébio-Benfica-Portugal: a senha mágica que abriu o Mundo Árabe», escreveu-se. Dia 5 de Novembro de 1966, a equipa do Benfica chegou a Bagdade, convidada de honra do governo iraquiano para inaugurar o novíssimo estádio de 'Al Ahaab'.
'Al Shaab' quer dizer: O Povo. Estádio do Povo. 50000 pessoas se juntaram nessa tarde nas bancadas para verem Eusébio, Simões, Torres e José Augusto  a máquina de golos mais terrível de um Campeonato do Mundo que acabara há quatro meses.
Kassim Mamhoud, o 'capitão' da Selecção de Bagdade, o adversário dos 'encarnados', entrou em campo com uma bandeira portuguesa na mão. Havia outra, dependurada num dos topos do estádio. Tinham sido pedidas especialmente pelo governo do general Abdul Rahman Arif à Fundação Gulbenkian, afinal a grande responsável por esta festa estranha de amizade iraquiana-portuguesa.
Explique-se: Sarkis Gulbenkian, o arménio que escolhera Portugal para viver, investira entre nós muitos dos rendimentos da Irak Petroleum Company e das suas labirínticas ramificações. Seria a Fundação Gulbenkian a construir e a doar ao governo do Iraque o Estádio 'Al Shaab' de Bagdade. A obra foi concebida por dois arquitectos portugueses, Keil do Amaral e Carlos Manuel Ramos; muitos dos materiais de construção foram de origem portuguesa, nomeadamente os materiais de acabamentos e as torres metálicas de iluminação; a Gulbenkian manteve, ao longo de toda a obra, diversos fiscais e contra-mestres Portugueses em Bagdade. Orçamento total: 80000 contos.
Não admira que, perante todo este esforço português, o governo do Iraque se tenha empenhado em receber para a inauguração do estádio o grande representante de Portugal além-fronteiras: Eusébio. E o Benfica com ele.

'Rendo-me perante Eusébio!'
O convite chegou às mãos do Dr. Azeredo Perdigão, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Gulbenkian, e este acolheu-o com um tremendo entusiasmo: 'A ida do Benfica ao Iraque será um enorme serviço prestado ao País', diria numa entrevista concedida na época. 'Rendo-me! Rendo-me perante uma equipa de futebol que é capaz de derrubar assim fronteiras. Rendo-me perante Eusébio. Foram eles,os iraquianos, que nos fizeram sentir a importância de receberem o Benfica. E foram eles que insistiram connosco no sentido de conseguirmos que isso fosse possível'. Foi. No dia 4 de Novembro, a comitiva benfiquista acompanhada pelo Dr. Azeredo Perdigão e Robert Gulbenkian, partia para Bagdade numa representação diplomática 'sui generis'. A viagem com escalas em Zurique e Atenas, demoraria quase vinte horas.
Era domingo. Os iraquianos encheram o seu novo estádio. Viram o seu presidente, Abdul Rahman Arif, dar uma volta de honra, sobre a pista de Atletismo, num carro aberto, acenando à populaça. Viram o presidente da Federação Iraquiana, o coronel Adil-Bashir, que por acaso era também o seleccionador nacional e o treinador da selecção iraquiana, receber uma águia de bronze. A sua equipa, uma selecção dos melhores jogadores de Bagdade, recrutados no Al Talaba, Al Rasheed e Al Jaishe, os principais clubes da capital, era a base da Selecção Militar. O seu entusiasmo não chegou para a arte do Benfica e para o ataque mais famoso da Europa - os 'encarnados' venceram por 2-1, com golos de Torres e Cavém. Mas saíram do estádio felizes: viram Eusébio, o 'ladrão de Bagdade', que roubou para si as luzes da festa."

Afonso de Melo, in O Benfica



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