Benfica
Quantos Fomos? Quantos Seremos ? (II)
O QUE JUSTIFICA A DIMINUIÇÃO DE ADEPTOS DO BENFICA (E DOS OUTROS DOIS RIVAIS) ENTRE 2001 E 2015 FOI A “BALCANIZAÇÃO” DO FUTEBOL PORTUGUÊS.Apesar dos critérios da divisão dos simpatizantes dos clubes não ser o mesmo nas sondagens de 2001 (sete regiões) e 2015 (cinco), podem-se agrupar.
A sondagem de 2001 está publicada neste blogue
E já teve a análise que devia ter (ou a que foi possível ter) face aos conhecimentos que o autor do texto tem destes assuntos. Faz-se o que se pode. Havendo esta, em 2015, a de 2001 deixou de ter interesse como actualidade. No entanto, quem tiver tempo e paciência., sempre pode encontrá-la em: Tempo da demagogia (2 de Julho de 2013)
A página do livro que interessa para hoje (para comparar) dessa sondagem é a seguinte:
Interior Centro Norte (Vila Real, Bragança, Guarda, Viseu e Castelo Branco)
2001 | 52 | 20 | 24 | 4 |
2015 | 52,6 | 19,6 | 19,8 | 8 |
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Os valores são muito semelhantes, em termos percentuais. Numa zona de Portugal muito envelhecida o Sporting CP foi, sem dúvida o clube, que sofreu maior desgaste com transferência de adeptos para os clubes locais. Que passaram de quatro por cento para oito (o dobro).
Área Metropolitana do Porto
2001 | 24 | 64 | 9 | 3 |
2015 | 33 | 55,5 | 4,1 | 7 |
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Ao contrário do que se poderia esperar o FC Porto perdeu adeptos como que havendo um regresso ao Benfiquismo. Uma óptima surpresa. O Sporting CP como seria de esperar perdeu adeptos numa região onde há muito que e um clube praticamente residual. Os adeptos dos outros clubes já são mais que os sportinguistas. O que se deseja é que volta a haver uma bipolarização como existiu aquando da primeira sondagem, em 1987, com 40/45 para Benfica e FC Porto!
Litoral Centro-Norte (Viana do Castelo, Braga, Aveiro e Leiria)
2001 | 54,5 | 20,5 | 22 | 3 |
2015 | 42,6 | 26,7 | 9,8 | 10,9 |
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Esta é a primeira região (embora tivesse que ser adaptada na sondagem de 2001) que ilustra o que se passou nesta última década-e-meia. Benfica a “encolher” (de 55 para 43 por cento, cerca de 12 por cento a menos), tal como o Sporting CP (de 22 para dez por cento), FC Porto em expansão, tal como os clubes das cidades médias (de três para onze por cento). E que é preciso “combater” pelos Benfiquistas pois resulta de uma falácia. Mas ficará para a conclusão, na parte final deste texto.
Área Metropolitana de Lisboa/Santarém/Setúbal
2001 | 57 | 7 | 33 | 3 |
2015 | 45,3 | 5,4 | 38 | 11,3 |
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Tal como na região anterior assiste-se a um crescimento dos adeptos dos clubes locais. O Benfica como clube dominante foi, entre os três grandes, o que mais “encolheu” com a revitalização do Sporting CP. Esta sondagem foi feita no início de Outubro de 2015, depois da conquista da Supertaça.
Sul e Ilhas (Portalegre, Évora, Beja, Faro, Açores e Madeira
2001 | 57,5 | 14 | 23,5 | 5 |
2015 | 38,7 | 20,8 | 30,8 | 9,7 |
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Situação semelhante à região anterior. Aqui seria interessante perceber onde surgiram as mudanças, pois foi necessário agrupar o Sul com as Regiões Autónomas que na sondagem de 2001 aparecem duas regiões (Sul e Ilhas) mesmo…autónomas! Assim qualquer comparação não passaria de especulação. Para isso não!
A necessidade (e elogio) nos mediaao crescimento dos clubes locais é uma falácia
Jamais Portugal teve condições de demografia urbana semelhantes a outros países – Espanha, Reino Unido, Itália, França, Alemanha ou Itália, por exemplo – que sempre tiveram no seu território cidades intermédias com capacidade demográfica e económica para permitir a existência de clubes bem dimensionados face aos clubes das principais cidades, até porque estas acabavam por ter dois ou três clubes, tornando-os mais igualitários. Por vezes funcionou de um modo adverso, como é o caso de Londres. Tanto clube faz deles clubes equivalentes aos outros das cidades intermédias, que têm apenas dois emblemas ou mesmo só um.
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A evolução demográfica das principais cidades portuguesas com base nos nove primeiros censos, entre 1864 e 1950 (de dez em dez anos após 1890) coincidindo com os anos da definição do Futebol português como semi-profissional (anos 30/50) ilustra que a existência de clubes com dimensão para ombrear com os emblemas de Lisboa e Porto era uma impossibilidade. Agora os media portugueses parecem querer fazer a História "andar para trás". Os clubes "fora de Lisboa e Porto" não são "pequenos" por causa dos chamados "Grandes". São pequenos porque os cidades onde jogavam era demasiado pequenas face à macrocefalia bicéfala de Portugal! Querem forçar o que naturalmente não tem razão de ser. A não ser fazer do campeonato português uma competição terceiro-mundista! |
Querer fazer, nesta época de globalização, crescer clubes em cidades mal dimensionadas
É um erro que se pagaria caro. Portugal correria o risco que actualmente existe em países que tem uma dimensão semelhante, embora nenhum clube a nível nacional como o Benfica. A Bélgica, Escócia, Holanda, República Checa, Sérvia, Roménia, Hungria deixaram de ter clubes com expressão internacional. Veja-se o que está a acontecer ao AFC Ajax, Celtic FC ou RSC Anderlecht, por exemplo. Apesar de serem de países mais poderosos, não têm expressão demográfica – serem clubes de cerca de metade da população - em cada um dos seus países para poderem ombrear frente aos colossos económicos dos principais países do futebol europeu. Já escrevi a este propósito (15 de Março de 2011), não vou voltar a dizer o mesmo, mas estava-se a adivinhar o que iria ocorrer quando houvesse uma nova sondagem: Balcanização do futebol em Portugal? Não!
O Benfica não pode perder o norte litoral
Que por ser uma região das mais dinâmicas a nível demográfico e de atracção de imigrantes (que geralmente adoptam como clube o mais popular por ser um factor que facilita a integração) é estratégica para o Benfica continuar a ombrear com os melhores clubes europeus. E passando a dominar o FC Porto ser mesmo um dos 10/15 mais fortes. Porque voltará a ser o Clube dos Portugueses. Como já foi em meados dos anos 80 com cerca de 55 por cento de simpatizantes e 70 por cento como o “segundo clube” que gerava mais simpatia entre os adeptos que não o tinham como primeira escolha! Será isso o melhor suporte para o Benfica não cair na situação que afecta muitos dos clubes de países com dimensão semelhante a Portugal e que estão onde nós não queremos que o Benfica esteja: ser com regularidade eliminado nas pré-eliminatórias de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões e remetidos para a fase de grupos da II Divisão Europeia, a Liga Europa!
Seria um anacronismo
Criar clubes locais mais competitivos, em teoria, em Portugal à custa da desvalorização da popularidade nessas cidades/regiões do Benfica. Ou seja, trocar nada por tudo. Trocar participações episódicas desses clubes em algumas temporadas da Liga Europa por ter um clube com dimensão para poder conquistar quartos, meias e finais na Liga dos Campeões. Isto não lembraria a ninguém. A não ser a uns ilusionistas em Portugal.
É preciso que os Benfiquistas estejam conscientes do que se passa. E pelo que vou conversando…estão!
Alberto Miguéns
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