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Revolta dos pobres e remediados
"Era uma questão de tempo: a revolta contra o regime de transferências de jogadores de futebol. Depois da coragem de Bosman quanto às indemnizações para possibilitar a mudança de clube, o “sistema” reconstruiu-se à volta do “Regulamento sobre o Estatuto e Transferência de Jogadores” da FIFA, repercutido nos regulamentos das federações internacionais. Uma reconstrução baseada no pagamento de “compensações pela formação” dos atletas, por um lado, e na possibilidade irrestrita de clausular o montante das indemnizações pela “rescisão” unilateral, antecipada e sem fundamento dos contratos de trabalho.
Uma reconstrução que fundou a construção de “direitos económicos” e “direitos desportivos” para a transacção dos “passes” dos jogadores, com a concomitante entrada dos “fundos” na partilha económica. Uma reconstrução que potenciou uma oligarquia de clubes ricos, jogadores “galácticos” (ou perto disso) e empresários opulentos, funcionando numa espécie de oligopólio conjunto. Uma reconstrução que compartimentou “mercados” e “campeonatos”, tendo em conta onde se “recruta”, onde se “valoriza” e onde se “vende” com os valores mais elevados e especulativos das cláusulas de rescisão (ou, se quisermos, “de negociação”).
A FIFPRO (a federação internacional que representa os jogadores profissionais) anunciou neste final de ano o início da batalha contra o “sistema” junto da Comissão Europeia, do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e do Tribunal de Justiça da União Europeia: “uma acção legal bem sustentada” contra o modelo vigente. Um modelo que, segundo a FIFPRO, atenta contra os princípios de liberdade de circulação dos trabalhadores; “cria uma espiral de desequilíbrios que só beneficia os clubes mais ricos e os empresários”, evidenciada com a percentagem residual de 2% dos valores de transferências que chega aos clubes mais pequenos; concentra 28% dos 550 milhões de euros movimentados em transferências anuais nos bolsos dos empresários; gerou um fosso entre jogadores pagos como reis e a horda de trabalhadores sem salários pagos, que, por isso, se tornam “vulneráveis para a indústria de manipulação de resultados e ameaçam a credibilidade das competições”; um modelo em que urge, por fim, corrigir os abusos das “cláusulas de rescisão”. A FIFA e a UEFA parecem não querer avançar com uma reforma global, em que se juntariam as disciplinas dos “fundos” e do fair play financeiro. Seria a melhor forma de prevenir uma nova onda de “desregulação” caso a FIFPRO consiga fazer de “novo Bosman”. Pois a precaução valeria mais que a cura. A verificar em 2014."
Ricardo Costa, in Record
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