Rosas e armas
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Rosas e armas


"Sempre pensei que os assobios dos adeptos benfiquistas a Cardozo eram piropos. Mas não. Desde que percebi o meu erro tenho esperado um bom momento para escrever algo sobre o assunto. Teria sido logo depois do jogo de quarta-feira, contudo acontece que esta coluna é aos sábado.

Ora bem, o próprio Jorge Jesus, numa das suas costumeiras achegas à arte, disse que Cardozo não tinha a magia dos outros, que a arte do paraguaio era o golo. Concordo. É, aliás, arte de mais 100 golos. São mais de 100 artes. Estranho é que, dizia eu, foi precisamente nesta quarta-feira que se deu uma inversão artística do fenómeno: Cardozo não marcou, fez uma assistência para Witsel e foi aplaudido. Não tocou a música dele, tocou a dos outros. E passou a ouvir, como recompensa, uma música diferente na Luz.

Para mal do Benfica, isto pode confundir o rapaz. Ele pode começar a pensar que deve assistir os artistas em vez de marcar golos, incentivando assim passos errados naquele que agora julga ser o caminho para a perfeição que, há tanto, injustamente lhe exigem. Cardozo não tem o talento musical dos colegas, é verdade. É o jogador do acaso, do improviso. Se lhe derem uma guitarra jamais tocará com a perfeição técnica de Carlos Paredes. Porém, do dedilhar constante e sem sentido aparente do paraguaio resulta muita coisa. O lendário guitarrista Slash, por exemplo, compôs o imediatamente reconhecível riff da canção Sweet Child of Mine, dos Guns n'Roses, enquanto treinava a agilidade dos dedos, depois de uma noite desgraçada - uma de muitas - que relata na biografia. E só se tornou música porque alguém se lembrou de gravar o exercício desconexo de Slash. Nasceu sem querer um dos melhores golos da bancada. A perfeição, se existisse, seria esse paradoxal domínio do acaso, faculdade que a ninguém se exige. Uns são rosas, outros são a arma."


Miguel Cardoso Pereira, in A Bola



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