Vítimas de publicidade enganosa
Benfica

Vítimas de publicidade enganosa


"Em cartões vermelhos, empate 2-2 com o FC Porto. Do nosso lado expulsos Maxi e Katsoranis, do outro lado Pepe e Defour.

"AO longe uma boa notícia nos escaparates da imprensa. Salta aos olhos. O Atlético de Madrid, lê-se em letras gordas. Mais de perto a notícia, afinal, não é boa, é má. Em letras pequenas lê-se qualquer coisa deste género: «porque o Valência já terá assegurado o concurso do jovem guarda-redes do Benfica.»
O Valência do magnata de Singapura senhor Lim leva tudo, ao que parece. A propósito da sangria anunciada, ouvi de um benfiquista dos sete costados um desabafo que me pareceu extraordinariamente pertinente:
- Se a Benfica TV não comprar os jogos todos do Valência desisto da assinatura!
São as saudades já a bater.

UM Mundial de futebol é o palco de eleição para os foras-de-série. Este Mundial não escapa à regra. Neymar e Messi, por exemplo. O astro brasileiro e o astro argentino já deixaram a sua marca, em talento e em golos, na corrente competição e arrastam com as respectivas equipas às costas. E ainda só vamos nos quartos-de-final.
Um Mundial de futebol é também uma oportunidade de ouro para as promessas se transformarem em realidades. Como é o caso do colombiano James Rodriguez que chegou à Europa para jogar no pouco visível campeonato português e que depois se mudou para uma displicente equipa de milionários no principiado do Mónaco que, em abono da verdade, não é propriamente o suprassumo dos emblemas de top do velho continente, muito longe disso.
Mas hoje toda a gente em todo o mundo sabe que é James Rodriguez porque o jovem prodígio colombiano aproveitou e de que maneira este Mundial para se dar a conhecer em todo o seu esplendor. Os brasileiros, por exemplo, nem devem conseguir dormir bem por estes dias só de pensar em James Rodriguez com que se vão encontrar não tarda nada.
Cada Mundial tem as suas estrelas, as suas revelações, os seus heróis inesperados. Este Mundial tem sido, assinale-se, um Mundial para os guarda-redes brilharem a grande altura. O guarda-redes dos Estados Unidos, o guarda-redes do México, o guarda-redes da Argélia e o guarda-redes da Costa Rica são alguns dos surpreendentes heróis da festa.
Não trocava nenhum por Jan Oblak.
Por comparação, a selecção portuguesa também deu nas vistas no capítulo dos guarda-redes mas por motivos estritamente clínicos. Levámos, como os demais concorrentes, três guarda-redes para o Brasil e conseguiu-se a proeza, julgo que inédita, de em três jogos perder dois guarda-redes por motivo de lesões. É obra.
Voltando ao capítulo dos foras-de-série. Cristiano Ronaldo é o nosso elemento excepcional mas, ao contrário de Neymar e de Messi, passou ao lado da competição. No próximo Mundial, na Rússia, Cristiano Ronaldo com mais quatro anos em cima e, por isso mesmo, aliviado das toneladas de responsabilidades que pesam hoje sobre os seus ombros, vai finalmente brilhar à altura dos seus pergaminhos.
Acredito piamente que o Mundial de Ronaldo vai ser o da Rússia em 2018. Quando já ninguém esperar milagres do nosso foras-de-série de meia-idade. Na Rússia é que vai ser.
No Brasil não foi. O melhor jogador do mundo saiu da Copa com um golo marcado ao Gana e ponto final. Na edição anterior da competição, na África do Sul, Cristiano Ronaldo saiu da prova com um golo marcado à Coreia do Norte e ponto final.
Se o madeirense tivesse nascido uns aninhos antes e pudesse ter jogado na selecção nacional do tempo de Luís Figo, Rui Costa, Ricardo Carvalho, Deco e companhia já teria arrumado as botas, é verdade, mas teria com certeza um pecúlio de aproveitamento em Europeus e em Mundiais de fazer inveja a muita gente.
Sendo as coisas como são nada há a lamentar. Cristiano Ronaldo e Mundiais não casam. Até temos noivo, o próprio, e temos noiva, a taça, mas faltam padrinhos de categoria e quando às damas de honor é melhor nem falar.
Por isso Eusébio, que só jogou uma fase final de um Mundial, em Inglaterra em 1966, continua a ser o único futebolista português que, de facto, marcou gloriosamente uma competição deste nível deixando o seu nome perdurar até hoje e até sempre na muito exclusiva galeria das pendas da prova.
Mundialmente falando ainda não nasceu o futebolista português que se chegue aos calcanhares do moçambicano do Benfica.

O Sporting contratou o japonês Tanaka e ficou uma cláusula de 60 milhões de euros. O facto causou espanto na Gazzetta dello Sport. O jornal italiano interrogou-se em título: Ma chi è Tanaka? Ou seja, mas quem é o Tanaka?
Logo se verá, não é verdade?

EM jeito de balanço da presença portuguesa no Brasil, sem entrar em inferioridades vingativas e sem sentido como por exemplo, a relação causa-efeito no que respeita a penteados e barbas dos nossos jogadores, é caso para se dizer que a selecção mais os seus adeptos foram por igual, nas respectivas expectativas, vítimas do mesmo mal: a publicidade enganosa.
De publicidade enganosa foram também vítimas os telespectadores nacionais que terão confiado no slogan da RTP. O Mundial somos nós, acreditando que poderiam ver todos os jogos da competição na estação pública de televisão. O que não é verdade, longe disso.

ADMITINDO a complacência com que olho para qualquer competição em que o Benfica não esteja envolvido e à falta de adrenalina da pura entretenho-me a infectar de clubismo este Mundial.
Em termos de expulsões, por exemplo, estamos empatados com o nosso rival FC Porto. Em cartões vermelhos o resultado vai em 2-2. Do nosso lado já foram expulsos Maxi Pereira e Katsouranis. Do lado adversário já foram expulsos Pepe e Defour. Altamente lógico, não acham?
Em termos de golos leva grande avanço o FC Porto porque Quintero, Varela, Jackson Martinez e James Rodriguez já marcaram enquanto do nosso lado o primeiro golo benfiquista sem discussão foi o de Di Maria à Suíça no jogo dos oitavos de final. Aqui estamos francamente a perder.
Poderíamos também contar para o Benfica com o golo de David Luíz mas esse foi um golo com discussão, teve de vir a FIFA com sua autoridade certificar o nome do autor. E como se trata de um Mundial, império do fair-play, só contam os golos em discussão para este campeonato entre gente nossa conhecida.
Em termos de grandes penalidades cometidas, estamos decididamente empatados com o Sporting graças ao lapso de João Pereira no jogo com a Alemanha. Como João Pereira jogou nos dois rivais da Segunda Circular divide-se o mal feito pelas duas aldeias e o resultado vai em 1-1.

O Brasil de Scolari vai fazendo o seu percurso sem entusiasmar grande coisa. Normalmente é o apanágio dos campeões do mundo. Começam mal ou assim-assim, vão tendo sorte pelo caminho e depois chegam à final e limpam a taça.
O Brasil quer chegar ao hexa em sua casa, naturalmente. Este é o segundo Mundial organizado pelos nossos irmãos transatlânticos. O primeiro perderam-no para o Uruguai na famosa final no Maracanã. Ainda não havia padrão FIFA. O segundo é este que está a correr.
Se, porventura, o perderem será remédio santo contra as manias de grandeza e contra as grandes convulsões sociais. É que se o Brasil não for o próximo campeão do mundo em casa, em 2014, passa-lhes a vontade de organizar outra Copa nos próximos cinquenta anos."

Leonor Pinhão, in A Bola



loading...

- Tanta Gente Conhecida
"O país ficou indignado com a exibição perante Merkl. Exigia-se aos jogadores que vingassem as atrocidades económicas que nos são impostas. Meus amigos, fossem mas é votar! DE quatro em quatro anos acontece a mesma coisa. Há Mundial de futebol....

- Rei é Rei
"Estará aberta uma nova discussão no futebol português? Se Ronaldo é ou não o novo rei? Não se perca tempo... Há muito que venho esperando ver os portugueses sentirem orgulho na carreira, prestígio, valor e talento de Cristiano Ronaldo. Um futebolista...

- O Real Madrid Quer Ter Sempre Os Melhores Jogadores
Carlo Ancelotti falou esta quinta-feira pela primeira vez no decorrer do estágio de pré-época do Real Madrid, nos Estados Unidos, abordando as contratações de Toni Kroos e James Rodríguez.«Kroos e James podem jogar em várias posições e dão-nos...

- CrÓnica De Leonor PinhÃo
Título:Tanta gente conhecidaTexto:De quatro em quatro anos acontece a mesma coisa. Há Mundial de futebol. E o que é isso exatamente? Trata-se, no fundo, de uma questão muito simples. Um Mundial, propriamente dito, é a oportunidade de ver e de...

- Ronaldo É Único No Planeta.
Não há como o evitar, não há como o minimizar. O Mundial do Brasil assume transcendência total e acaba por ser um estímulo inigualável na cabeça de qualquer jogador, mais ainda dos portugueses, ligados por uma irmandade única ao anfitrião da...



Benfica








.