A maldição do Colombino
Benfica

A maldição do Colombino


"O troféu, organizado pelo Recreativo desde 1965 e disputado em Huelva, é um dos mais prestigiados dos «veraniegos» espanhóis. O Benfica esteve presente em três finais, mas nunca trouxe a taça para a Luz.

HUELVA é uma pequena cidade da Andaluzia, com cerca de 150 mil habitantes. É de Huelva o Recreativo, o mais antigo clube de Futebol de Espanha, fundado em 1889.
Em Huelva, sob o patrocínio do histórico Recreativo, disputa-se o Troféu Colombino.
É curioso: os grandes «veraniegos», torneios internacionais disputados em Espanha na época do Verão, têm como sede, na generalidade, cidades periféricas. Pois bem, em Huelva, o Troféu Colombino, um dos mais prestigiados do Futebol internacional, teve início em 1965. Em 1966, o primeiro convidado português, o Belenenses, não foi além do quarto e último lugar de uma competição disputada por quatro clubes, com meias-finais, jogo para o terceiro e quarto posto e Final.
Foi preciso esperar pelo ano de 1973 para que o Benfica surgisse em Huelva. Participantes, além dos 'encarnados' , o Atlético de Madrid, o Derby County e o Dínamo de Tibilissi. Coube-lhes defrontar, no primeiro jogo, os ingleses do Derby County, que tinham como grande estrela o escocês, Archie Gemmil, que viria mais tarde a ser um dos esteios do grande Nottingham Forest. A vitória do Benfica acabaria por ser mais tranquila do que o resultado o faz crer: 2-1. Com Jaime Graça, Vítor Martins e Toni no meio-campo e Nené, Moinhos e Vítor Baptista no ataque, cedo ganhou vantagem com um golo de Vítor Baptista, aos 19 minutos. E o domínio dos portugueses alicerçar-se-ia em novo golo, igualmente de Vítor Baptista, aos 64 minutos, garantindo a presença na Final que nem o pontapé certeiro de McGovern, aos 82 minutos, foi capaz de pôr em causa.
O Dínamo de Tibilissi, da então União Soviética, libertava-se do Atlético de Madrid no desempate de grandes penalidades depois de um jogo sem golos.
Ainda um desconhecido no Futebol europeu - teria de esperar oito anos para vencer a extinta Taça das Taças - o Dínamo de Tibilissi impôs-se surpreendentemente na Final. Uma entrada de rompante valeu-lhes dois golos, aos 5 e aos 21 minutos, por Kiniani e Gyzaev. Vítor Baptista iria reduzir cinco minutos antes do intervalo, mas de pouco serviu. Uma segunda parte de equilíbrio testemunhou apenas mais um golo, Gyzaev, aos 89 minutos. Os homens da Geórgia levaram a caravela de prata - a taça para o vencedor - para Tibilissi. Voltariam depois a Huelva, mas sem sucesso. O Benfica regressou em 1987.

Mais duas finais perdidas
E regressou para chegar de novo à Final. Eliminando no primeiro jogo o Espanhol de Barcelona, por 2-1, golos de Nunes (22 minutos) e Diamantino (88 minutos) contra um de Pichi Alonso (58 minutos). No outro jogo, a equipa da casa, o Recreativo de Huelva, despachava o Bétis de Sevilha, por 1-0.
Mais uma vez, o Benfica sairia derrotado da Final. Nem Bento, nem Veloso, nem Diamantino nem Chiquinho Carlos e Wando, foram capazes de contrariar a raça do Recreativo. Marquez deu vantagem ao Huelva logo no primeiro minutos, respondendo Rui Águas, aos 44'. Tudo em aberto para uma segunda parte que ficou definida através de um penálti apontado por Luzardo, aos 71 minutos. Ainda não era desta que o Benfica juntava o seu nome a alguns dos históricos do Futebol mundial que conquistaram o Colombino: São Paulo, Real Madrid, Ujpest, Feyenoord, Vasco da Gama, Flamengo, Nottingham Forest...
Em 1992, o Benfica estava de novo em Huelva. E o torneio tinha novidades: além do Benfica e do Recreativo, estavam presentes as selecções do Uruguai e do Chile. E se, na meia-final, o Benfica foi capaz de bater os uruguaios, por 1-0, na Final viu-se derrotado pelo Chile: 0-2. Já era um Benfica diferente, com Neno, Hélder, Schwartz, Isaías, Rui Águas, Kulkov, Yuran, João Pinto... Um Benfica com jogadores de grande categoria mas que, mais uma vez, falhara a conquista de um dos mais famosos «veraniegos». Seria feliz noutras paragens de Espanha.
O Troféu Colombino teimou sempre em fugir da Luz..."

Afonso de Melo, in O Benfica



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