Quanto custa a Benfica TV?
A Benfica TV tem um gasto na casa dos 8,5 a nove milhões de euros/ano, incluindo conteúdos internacionais, cerca de 70 pessoas, as amortizações dos meios técnicos (novos cenários, estúdio virtual, novo grafismo, transmissões em HD). A Benfica TV não comprou direitos dos jogos em casa, mas actua em nome da Benfica SAD. O modelo faz com que a Benfica TV recupere custos e toda a receita gerada de forma adicional pertence à SAD.
Quantos assinantes tem?
Estamos a chegar aos 190 mil.
Qual é a meta definida?
Os números estão acima das projecções. A taxa de penetração é bastante distinta nos diversos operadores, não divulgo números, mas é óbvio que naqueles que já tinham Benfica TV houve maior facilidade de crescimento rápido. Mas não é despiciendo, bem pelo contrário, aquilo que Vodafone e sobretudo Zon conseguiram, não tendo Benfica TV na altura em que o projecto arrancou.
O que investiu na Premier League foi compensado?
Foi. Todos os operadores tinham estudos. No que fizemos, identificámos conteúdos que suscitavam mais interesses. Quando perguntámos por conteúdos internacionais para aumento significativo, isso não existia. Passados dois meses, conheço adeptos que não são do Benfica, mas subscreveram porque juntam Premier League e Brasileirão e não têm mentalidade extremada, aceitando o resto do conteúdo internacional. A ideia de que haveria mais clientes com Premier League está na base da decisão estratégia de ter dois canais com conteúdos diferenciados - esta é a parte mais inovadora quando recebo pedidos de explicação a cadeias inglesas, alemãs, etc.
Juntámos algo que ninguém tinha: canal de clube com projecto comercial de transmissões televisivas. Há cerca de 30 a 35 clubes com canais próprios de âmbito limitado: conteúdo de arquivo, debate, escalões de formação e, com excepção do Barcelona, nenhum com abrangência do Benfica nos desportos. Nós temos mais de 30 modalidades, Fundação e Casas do Benfica, não podemos deixar de manter conteúdos do clube. Quem não é benfiquista e quer ver outros conteúdos tem o direito a não ver futsal e ver Chelsea ou Manchester United.
O Benfica recebeu quatro milhões da Zon, outro tanto da Meo e dois milhões da Zap?
Não são esses os números. Aprendemos a maximizar receitas que estavam consignadas à PPTV não só de direitos de transmissão. Existem quatro fontes de receitas: uma é tudo o que pode ser obtido em termos nacionais no plano das assinaturas, incluindo contratos de distribuição; segunda é o que vem do plano internacional; publicidade do próprio canal e quarta a publicidade de primeira linha que está no Estádio e levantou celeuma entre Liga e Olivedesportos. Nestas quatro componentes, o que fomos buscar a nível internacional, publicidade do canal e de primeira linha é praticamente equivalente àquilo que a Olivedesportos nos pagava por ano.
Antes de falar sobre os subscritores, logo no arranque já existia um valor significativo (o contrato anterior tivera um cash advance na fase inicial, mas digamos que os valores são próximos). Convidámos todos os parceiros em Portugal a aderir à distribuição da Benfica TV, aderiu quem quis, a fusão da Optimus não estava decidida e entendeu que não deveria aderir. Outra componente é o valor angariado por cada subscritor, distribuído pelo operador e nós em função do modelo progressivo, compensando os distribuidores que consigam maior número de assinantes. Estas rubricas permitem ultrapassar o valor sugerido na última proposta pela PPTV, mas ainda há um longo caminho.
O projecto tem visão de médio e longo prazo: primeiro três anos com muitos dos direitos internacionais; depois, daqui a cinco anos, terminam os contratos dos outros clubes e, nessa altura, outras coisas podem acontecer, inclusive centralização de directos.
Falou na publicidade à Cabovisão nos jogos: é preciso assembleia de clubes para alterar o regulamento que não parece ser suficientemente elucidativo?
Há alguma indefinição, mas com boa vontade resolve-se. O que me pareceu foi que, a certa altura, isto foi utilizado como mecanismo de guerra entre Liga e PPTV com ameaças, transformando clubes (que fazem viver o futebol, não a Olivedesportos ou a Liga, não podem ser ameaçados entre duas entidades neste processo) em arma de arremesso no assunto. A situação dos clubes é difícil, pois vivem a contar tostões. Quando o actual detentor dos direitos de transmissão televisiva os ameaça com incumprimento, no fundo está a utilizar 80% da sua receita como arma de arremesso.
Carlos Pereira, presidente do Marítimo, admitiu um dia ceder à Benfica TV os seus direitos televisivos. Como analisa estas declarações?
Não gosto de comentar palavras de outros dirigentes, mas, se hoje dirigisse um clube que não o Benfica, aquilo que procuraria era maximizar receita associada aos direitos televisivos, porque essa é a principal fonte de receita dos clubes.
Ficaram com os direitos TV do Farense e admitiram avançar para os da Liga Zon Sagres - não há ameaça à integridade das competições com essa atitude?
Não demonstrámos até à data especial interesse pelos primodivisionários, porque esses clubes têm contratos com a PPTV até 2017/18. É provável que a própria PPTV proponha a renovação dos contratos com a devida antecedência para garantir que outras entidades não se aproximam com propostas. O Farense ainda não tinha contrato com a PPTV, entendemos que o Algarve (e Faro em particular) tem interesse para justificar o nosso investimento (canais pagos dependem de assinaturas e não tanto de publicidade e outros aspectos), é uma grande cidade e justificava a aposta. Salvaguarda da verdade desportiva: os nossos jornalistas têm o mesmo grau de exigência no rigor que os dos outros canais, sujeitos a mesmos códigos de conduta e supervisionados pelas mesmas entidades, parece-me falacioso que se questione e engraçado que venha dos nossos adversários a colocar em causa a capacidade para a transmissão ou relatos...
A minha pergunta não era essa. Não existe aí interferência comercial entre parceiros da mesma competição?
Isso partiria do princípio que um canal de TV tenha capacidade para interferir... Primeiro deveríamos ter questionado se a Sport TV teria capacidade para influenciar. Por haver relação comercial entre clubes nas transferências pode haver alguma questão que afecte a verdade desportiva? Relações comerciais entre clubes vão continuar a existir, mesmo concorrentes entre si, fazendo-se distinção entre os dois campos.
Os resultados e exibições do início da época colocam em risco as metas?
Não diria isso. Toda a actividade comercial do Benfica depende muito do sucesso ou insucesso no relvado: mais camarotes, cativos, nível de quotização, predisposição para contratos de patrocínio e Benfica TV não foge a isso: não compromete, mas não alavanca tão rapidamente como se desejaria.
Qual é o modelo de partilha de receitas com os operadores?
É variável com diversos escalões e termina num escalão máximo: desde que haja centenas de milhares de subscritores é repartido 50-50. O começo é com a Benfica TV mais compensada e vai evoluindo.
Como avalia a entrada da PT na Sport TV?
Opinámos na Autoridade da Concorrência sobre isso, colocando-se a questão se a Benfica TV é concorrente da Sport TV...
E é?
Não à data de hoje. Com os direitos dos outros clubes na PPTV que vende à Sport TV esses conteúdos e havendo accionista comum não me passa pela cabeça que possa abrir concurso sobre o assunto. Não me parece que tenhamos capacidade de ser concorrente da Sport TV. Tivemos muitos contactos internacionais e o mercado português é apetecível - a Sport TV teria mais de 600 mil subscritores, pagando em média quase 30 euros, algo que garante uma receita interessante e poderia ser objecto de concorrência, mas se há contratos assinados por cinco anos, ninguém vai querer só um clube.
Gostava de participar na entrada da PT na Sport TV?
Se gostávamos de entrar no capital da Sport TV? Nunca pensámos nisso...
A Sport TV não tem resultados positivos, mas, se pensarmos em toda a cadeia de valor, desde que se compram os direitos até à sua revenda, é um negócio muito interessante e rentável. Do ponto de vista estritamente financeiro claro que gostaríamos de integrar um processo desses. Só que houve manifestações dos benfiquistas não contra a Sport TV, mas perante determinada linha com a qual não queriam pactuar. É impossível pensar no assunto quando os adeptos não gostam dessa linha.
A centralização de direitos TV é defendida pela Liga e pela FPF. Existe contradição com a Benfica TV?
A centralização não é em si um problema, deve ser encarada como possível solução. Não tenho dúvidas de que a abordagem conjunta da Liga no seu todo cria mais valor do que se cada clube procurasse as suas soluções. O modelo centralizado podia conduzir a resultados mais interessantes para a indústria do futebol em Portugal. Mas isto implica reconhecer várias coisas: que o Benfica deve ter a dimensão de maior clube reconhecida de forma adequada, sendo uma questão de procurar modelos da distribuição de receitas por essa Europa fora. Os números com subscrições da Benfica TV são a demonstração prática do que vale o Benfica...
Isso significa que a Benfica TV será usada num modelo centralizado para fazer prevalecer direitos?
Não usada no seu todo, mas sem esquecer os números da Benfica TV em termos de receitas. A centralização só vale a pena se os direitos centralizados forem colocados a concurso, envolvendo Sport TV e outros concorrentes. Veja-se em Inglaterra: a Sky tinha uma determinada posição, a British Telecom concorreu e as receitas aumentaram este ano 60%, ou seja, o modelo tem de ser aberto; se for uma solução mitigada não chegaremos a lado algum.
fonte:site,serbenfiquista
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