As transmissões dos jogos da 1.ª Liga que a Benfica TV vai realizar estão a levantar ondas de choque no futebol português, mas ninguém ousa pronunciar-se abertamente para além do presidente do FCPorto, Pinto da Costa, que denunciou aquilo que chamou de "conflito de interesses", estimulando a Liga a tomar uma posição. Mas não foi bem-sucedido.
Contactado João Tocha, responsável pela comunicação do organismo liderado por Mário Figueiredo, disse apenas que a Liga "não tem conhecimento de qualquer posição oficial sobre o assunto e, por isso, não faz qualquer comentário".
Em causa estão dois problemas. O primeiro diz respeito ao serviço assegurado pela Benfica TV e que alguns temem poder colocar em causa a igualdade de tratamento das equipas, nomeadamente no esclarecimento de casos disciplinares que estejam na origem dos famosos processos sumaríssimos.
Segundo fontes abordadas, essa é uma situação salvaguardada pelos regulamentos da Liga, que obriga os clubes participantes a disponibilizarem-se para o esclarecimento de casos polémicos, segundo o artigo 19.º.
"Os agentes referidos na alínea b) do artigo 4.º são obrigados a apresentar-se aos órgãos de justiça desportiva se convocados no âmbito de um processo disciplinar ou de inquérito, mesmo quando neles sejam arguidos" - a alínea b) do artigo 4.º do Regulamento Disciplinar da Liga define o que é o "agente desportivo", conceito onde cabem "jogadores, dirigentes, maqueiros, apanha-bolas e repórteres", entre outros.
Sendo as imagens pertença do Sport Lisboa e Benfica, este está automaticamente obrigado a cedê-las para avaliação disciplinar, sob pena de ser punido.
O mesmo não se terá passado com o Porto Canal, que transmitiu o famoso FC Porto-Benfica (juvenis) que terminou em batalha campal, mas cujo processo disciplinar acabou arquivado, porque as imagens não foram avaliadas. Na verdade, o FC Porto gere o canal, mas a propriedade é da MediaPro.
O outro problema diz respeito à compra de direitos de outros clubes que a Benfica TV está a fazer, nomeadamente os do Farense. Mas a respeito de um competidor financiar outro não há lei nem reação.