Benfica
CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO
Título:
Perdemos com Cabo Verde porque só jogámos com 10!
(diria o Lopetegui se fosse português)
Texto:
No domingo Matic assinou um golo extraordinário na Luz, a fazer lembrar um golo não menos extraordinário que marcou ao Porto quando era jogador do Benfica.
Na véspera do jogo dos sérvios com os portugueses, Matic expressou-se em bom português perante os jornalistas para lhes dizer que acredita que o Benfica vai ser campeão.
Curiosamente, da última vez que Matic falou à imprensa nacional foi também para se atrever a uma previsão arriscada de que se saiu com extraordinário brilhantismo. Lembram-se?
Na semana que antecedeu a visita do Benfica a Alvalade o jogador sérvio não se coibiu de afirmar perentoriamente que Jardel marcaria um golo ao Sporting na casa do Sporting.
Acertou? Acertou em cheio. E não digam, por favor, que esta era fácil.
O nosso desejo é que Matic continue a acertar em todas as suas previsões, umas naturalmente mais extraordinárias do que outras.
*
Notícias frescas, fresquinhas, dizem-nos que o Kléber do Estoril está em dúvida para o jogo de sábado no Porto. Dizem-nos que Kléber está “condicionado”.
Só pode ser boato.
*
O Real Madrid é um colosso, é dono de uma equipa mirabolante, tem milhões de adeptos espalhados pelo mundo inteiro mas do Real Madrid, com toda a franqueza e com o devido respeito, a única coisa que me interessa verdadeiramente é o Fábio Coentrão.
Já na última final da Liga dos Campeões, aquela que foi disputada no Estádio da Luz, vi-me a braços com o dilema de por quem torcer se por um lado estava, precisamente, o Real Madrid de Fábio Coentrão estando no outro campo o Atlético de Madrid de Tiago, que não é de somenos.
Mesmo assim devo confessar que torci convictamente pelo Real Madrid enquanto Fábio Coentrão esteve em campo mas assim que o dito Coentrão foi substituído pelo brasileiro Marcelo passei a desejar de todo o coração a vitória da equipa de Tiago, o que não veio a acontecer com grande tristeza minha.
Sou, portanto, Coentrão à parte, alheia às coisas do dia-a-dia do Real Madrid. É lá com eles. No entanto, quase juraria ter passado os olhos recentemente por uma notícia a respeito de um outro jogador do mesmo emblema, Cristiano Ronaldo.
Dizia-se que estava em black-out. Que não prestava declarações à imprensa por estar aborrecido com qualquer coisa que se escrevera a seu respeito e que, entretanto, já esqueci por não me ter parecido assim tão importante ao ponto de a reter.
Tudo isto vem a propósito do jogo de domingo da selecção contra a Sérvia. Tratou-se, em súmula, de um pequeno festival protagonizado por dois ex-jogadores do Benfica – Matic e Fábio Coentrão, por ordem de entrada em cena –, que viria a terminar com a vitória por 2-1 da nossa equipa nacional. Merecidíssima, acrescente-se.
Quero crer que o black-out de Cristiano Ronaldo foi ótimo para a selecção. Deixou-a concentrar-se em si mesma sem barulheiras fúteis a causar distrações.
Muitos parabéns a todos. Não mudem.
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Outra notícia fresquíssima.
Em entrevista ao Porto Canal, Julen Lopetegui, com um ar muito sério, exigiu competência aos árbitros portugueses.
Se não é boato olhem que parece.
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No jogo com o Paraguai, Talisca marcou um golo pela selecção olímpica do Brasil e caiu redondo. O desmaio do jogador do Benfica causou grande alarme no relvado e nas bancadas do Estádio Kléber Andrade, na cidade de Vitória.
Talisca foi prontamente levado ao hospital mais próximo e sujeito a uma catrefada de exames radiológicos e neurológicos que não indiciaram qualquer tipo de lesão.
Talisca chegou ao Benfica no início desta temporada e, sem fazer férias, integrou-se imediatamente nos trabalhos do seu novo emblema. O rendimento de Talisca na equipa do Benfica não é agora tão fulgurante como quando chegou mas é da maior conveniência e justiça contrapor que o jovem jogador brasileiro não goza férias vai para dois anos.
A meia-dúzia de minutos que esteve sem dar acordo de si no jogo com o Paraguai foi o único período de descanso, ainda que forçado, gozado por Talisca nos últimos longos tempos. A ver se chega porque precisamos muito de Talisca daqui até fins de Maio.
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De acordo com um matutino da capital, o presidente do FC Porto viu-se obrigado a defender com veemência o seu treinador perante o discurso aguerrido e, principalmente, inconformado do dirigente Antero Henrique consumado que foi o empate com o Nacional na ilha da Madeira.
Outro boato. Isto está imparável.
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Se a Natureza prosseguir o seu curso, como lhe cabe por definição, o nome a ser mais falado durante toda a próxima semana será o do árbitro Carlos Xistra, a quem presto já por antecipação toda a minha solidariedade institucional.
Carlos Xistra está nomeado para dirigir hoje o jogo Marítimo-Porto que decidirá o nome do segundo finalista da Taça da Liga e, como se não lhe bastasse, foi também nomeado para dirigir depois de amanhã o Benfica-Nacional para a Liga que decidirá se o Benfica está ou não está no seu perfeito juízo tendo em conta que quer ser campeão, outra vez.
No entanto, e para mal dos nossos pecados, o árbitro Carlos Xistra vai entrar mais condicionado na Luz, no sábado, do que condicionado vai entrar nos renovados Barreiros do Funchal, já nesta quinta-feira.
E porquê?
Porque Lopetegui, o emérito catastrofista, a quem já chamam o professor Medina Carreira da arbitragem nacional, disse que “não devem ser os árbitros a decidir o campeonato” mas, atentem bem, não disse que não deviam ser os árbitros a decidir a Taça da Liga.
Ou disse? Não, não disse.
Coisas cirúrgicas como estas servem apenas para lançar mais e maior confusão nas cabeças dos árbitros. Quanto ao Benfica, que é o que nos interessa, ser-lhe-á conveniente não entrar nestas discussões e, sobretudo, ser-lhe-á da maior conveniência jogar muito à bola com o Nacional não se atrevendo a repetir o trabalho indigente com que nos presenteou, vai para quinze dias, em Vila do Conde.
*
Depois da boa vitória sobre a Sérvia, sem ponta-de-lança em campo e com o treinador fora do banco, a selecção perdeu frente a Cabo Verde com ponta-de-lança sempre em campo e com o treinador sempre no banco.
E se perdeu não foi por causa do árbitro
Aliás, se o Fernando Santos fosse tipo-Lopetegui, (não é), ter-se-ia justificado no final do jogo de terça-feira alertando para o facto, indesmentível, de Cabo Verde ter jogado com 11 contra 10 durante a última e fulcral meia hora de jogo.
“O que fez toda a diferença”, acrescentaria Lopetegui.
O Portugal-Cabo Verde foi divertido e teve as suas curiosidades. A primeira dessas curiosidades nem sequer foi o resultado, como se poderia facilmente admitir, mas sim a persistência da nossa seleção em Éder, o avançado do Sporting de Braga que somou anteontem a sua 17.ª internacionalização pela equipa A sem nunca ter conseguido marcar um golo que se visse.
O mesmo Éder, no entanto, já marcou nesta temporada um golo ao Benfica, nem mais nem menos do que ao campeão nacional, e um golo que fez muita diferença.
Gosto de repetir que o Benfica é muito mais do que um clube, é uma obra social.
E é mesmo. Mas às vezes, caramba, exagera…
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Ao serviço das respectivas seleções muitos foram os jogadores do Benfica que, pela primeira vez este ano, fizeram um jogo a meio da semana. Acredito que se vão apresentar com grande intensidade competitiva frente ao Nacional.
Os jogadores do Benfica são todos atletas de altíssima competição, não são atletas de baixa competição. Por isso mesmo tem-lhes faltado jogar na Europa e testarem-se naquele frisson internacional que dá balanço para os grandes cometimentos. Foi o que aconteceu no ano passado. E no ano anterior ao ano passado.
Esta coisa de não ter nada que fazer a meio da semana amolece os espíritos mais audazes.
Texto de Leonor Pinhão in a bola
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