CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO
Benfica

CRÓNICA DE LEONOR PINHÃO



Uma semana a ver jogar os outros
Texto:
Quinta-feira, 9 de Outubro
Hoje a equipa nacional de sub-21 foi até Alkmaar e despachou com grande categoria a sua congénere holandesa com um resultado de 2-0 dificilmente contornável na próxima terça-feira, em Paços de Ferreira, mesmo que o nosso Ola John venha a ser titular e faça o jogo da sua vida.
O melhor jogador português na Holanda foi Bernardo Silva. Gostaria muito de escrever “o nosso Bernardo Silva” mas não tenho a certeza de assim ser e longe de mim está a intenção de enganar seja quem for. É nosso? Ou não é nosso? Está emprestado e qualquer dia está de volta a casa ou foi vendido e nunca mais o vemos? Aguarda-se o esclarecimento por voz autorizada, se faz favor.
O jogo de hoje dos sub-21 foi engolido nos noticiários pelas declarações da véspera do presidente do Sporting para quem o próximo FC Porto-Sporting, a contar para a Taça de Portugal, só pode “correr pior” do que o último Sporting-FC Porto, a contar para o campeonato, se o próprio “sair de lá morto”.
Carvalho é, destacadamente, o mais “venezuelano” dos nossos presidentes de clubes de futebol no que ao campeonato do mais grosseiro populismo diz respeito. Embora, faça-se justiça, ninguém tenha chamado populista a José Mourinho quando, há coisa de uma década, no comando do Chelsea, desembarcou no Porto rodeado de seguranças esclarecendo o aparato nos seguintes termos em declarações ao “Expresso”. “Se você fosse a Palermo não levava guarda-costas?”.
O homem é o estilo e o estilo é o homem.
Perante tudo isto o que importa realçar é o nome da competição em que os dois emblemas se vão defrontar já no próximo sábado. Chama-se Taça de Portugal, repito, de Portugal, portanto não há aqui lugar para Sicílias-Venezuelas nem para Palermos-Caracas. É simplesmente um FC Porto-Sporting.
Sexta-feira, 10 de Outubro
Hoje, pelas sete e meia da manhã, bem cedo portanto, já havia gente em fila à porta da sede do Sporting da Covilhã esperando a sua vez para comprar bilhetes. Vai lá jogar o Benfica no sábado. É a tal Taça de Portugal. Estão justificados os madrugadores.
O Benfica é o detentor do tão amado troféu. E não o ganha em dois anos consecutivos desde os triunfos de 1985/1986, batendo na final o Belenenses, e de 1986/1987, batendo na final o Sporting. O Sporting da Covilhã é o primeiro adversário desta edição da Taça de Portugal e para não ser o último será da maior conveniência que o Benfica “não espere facilidades”, tal como oportunamente avisou o nosso César Brito que também jogou pelos Leões da Serra. Desde aquela tarde mágica de Abril de 1991, tudo o que o César Brito diz ou faz é para levar a sério.
Entretanto, a selecção dos crescidos joga amanhã em Paris com a França. É o adversário ideal para a estreia de qualquer seleccionador porque a última vitória portuguesa sobre os gauleses aconteceu em pleno período revolucionário, em Abril de 1975, com José Maria Pedroto no banco, acumulando o cargo com o de treinador do Boavista.
“A Bola” dá conta que Fernando Santos experimentou no último treino uma linha defensiva constituída por Cédric, Pepe, Carvalho e Antunes. Tem o meu aval.
O desejável é que Eliseu não jogue porque como é do Benfica e não foi formado na Academia do Sporting como o grosso do contingente será, certamente, apontado a dedo por tudo o que de mal venha a acontecer à nossa seleção amanhã em Paris.
E o importante é não desmoralizar o nosso Eliseu que já nos resolveu à bomba dois jogos do campeonato nacional.
Sábado, 11 de Outubro
Aconteceu precisamente o que temia. Até dos sucessivos falhanços dos avançados franceses que poderiam ter construído um resultado parecido com o vexatório foi o pobre do Eliseu acusado de ser o responsável.
Faço votos para que não jogue na terça-feira na Dinamarca.
Domingo, 12 de Outubro
Talisca brilha na selecção olímpica do Brasil. Jorge Jesus disse que Talisca tem coisas de Rivaldo. Para mim tem coisas de Isaías, o que já é altamente satisfatório. Há muitos anos, desde Isaías, que o Benfica não dispunha de um jogador que tomasse embalo a meio campo com uma passada daquelas toda projetada para a baliza do adversário.
Em Espanha, a jogar pelo Rayo Vallecano, Abdoulaye deu hoje uma entrevista ao “As” e disse que “mudar para o Rayo foi um passo em frente”. E foi.
Sem desprimor para o FC Porto e para o Vitória de Guimarães, os seus últimos clubes em Portugal. Não é a importância dos emblemas que está em causa. É a visibilidade do campeonato espanhol, muitíssimo superior à visibilidade da nossa Liga.
Segunda-feira, 13 de Outubro
O Tribunal Arbitral do Desporto suspendeu a suspensão de Fernando Santos. O nosso novo selecionador pode assim sentar-se no banco amanhã em Copenhaga. Se o TAS, entretanto, mudar de opinião, lá voltará o engenheiro a ver os jogos da bancada. Na conferência de imprensa de hoje vimos o Fernando Santos mais bem-disposto e sorridente de sempre. E se Portugal vencer amanhã a Dinamarca todos estes problemas do senta-no-banco-ou-não-senta-no-banco passam a ter pouca ou nenhuma importância. E é isso que se deseja.
“O importante é continuar a jogar e ter saúde” disse agora mesmo Nani confrontado por um jornalista sobre o passo atrás ou o passo à frente que foi o seu regresso ao Sporting. Ao contrário de Abdoulaye, Nani não dá crédito ao desprimor de jogar na Liga portuguesa.
Terça-feira, 14 de Outubro
Por ordem de entrada em ação:
O nosso Gaitán marcou dois golos pela Argentina num jogo disputado em Hong-Kong. Parabéns!
O nosso Ola John não fez o jogo da sua vida e a Holanda foi à vida nos sub-21. O jogo de Paços de Ferreira teve nove golos. O último foi marcado pelo nosso (é nosso, não é?) Bernardo Silva. Portugal esteve sempre tranquilo com a evolução do resultado.
Quem assistiu ao jogo através da televisão sabe como as coisas se passaram: sempre que o comentador da RTP afirmava que a Holanda tinha um futebol “caótico” os holandeses, que nem o estavam a ouvir, marcavam logo um golo. Foi assim que se chegou a um resultado de 5-4.
À noite, em Copenhaga, entraram os dois Carvalhos na equipa e o nosso Eliseu foi outra vez titular. Como Portugal ganhou à Dinamarca ninguém lhe apontou o dedo. Foi uma vitória sofrida. Garantida com um golo assinado por três autores, o que é apreciável e coisa rara de se ver. O centro de Ricardo Quaresma valeu 30% do golo, a cabeçada de Cristiano Ronaldo valeu outros 30% do golo e o oportuno desvio do dinamarquês Kjaer para o fundo da baliza do filho de Schmeichel valeu os restantes 40%.
Para a História ficará, e muito bem, que o golo foi de Cristiano Ronaldo. Ele merece. É o melhor de todos.
No outro jogo do nosso grupo, o Sérvia-Albânia, o ex-nosso-Mitrovic foi acusado por alguns facciosos de ter provocado o “caos” quando arrecadou à mão o drone que fez voar a bandeira albanesa sobre o relvado do estádio de Belgrado. Não foi o piloto à distância do dito drone que provocou o caos. Foi o Mitrovic.
Na confusão que se gerou lá na Sérvia vimos o ex-nosso-Markovic, que estava sentado no banco, disparar para o centro da acção em grandes gestos e correrias. Também em Turim, na meia-final com a Juventus, fez uma coisa parecida o que lhe valeu um cartão amarelo que o impediu de jogar a final com o Sevilha. Markovic é um irrefletido genial. Aliás, se não fosse irrefletido ainda estava no Benfica.
Quarta-feira, 15 de Outubro
Lê-se hoje na primeira página de “A Bola”. “Estou numa Liga inferior mas boa para crescer.” São palavras de Óliver, actual jogador do FC Porto, pronunciadas numa entrevista à Marca TV. Óliver saiu do campeão Atlético de Madrid para o campeonato português e, tal como Abdoulaye, sabe muito bem o que são passos para trás, para a frente e para o lado.
Quinta-feira, 16 de Outubro
O próximo jogo de Portugal é em Novembro com a Arménia. A vitória de anteontem lança paz e sossego sobre a selecção e as opções do seleccionador. O único motivo de discussão será, porventura, o novo equipamento da selecção. Camisola branca, calções azuis, meias brancas. Gosto. Tem classe. Faz-me lembrar o equipamento do Paço de Arcos. Há quem não goste. O ex-presidente do Sporting, Godinho Lopes, lamentou há dias a ausência do verde no trajar da selecção. Uns meses antes já o actual presidente do Sporting tinha protestado contra o vermelho da bandeira nacional. E, mais recentemente, desaprovou as bolas vermelhas de protecção dos microfones que recolhiam as suas palavras. Gostos são gostos. E desde que Bruno de Carvalho não exija, um dia destes, a retirada do vermelho dos semáforos poderemos continuar a atravessar as ruas com toda a tranquilidade.

texto de Leonor Pinhão in a bola



loading...

- Perdemos Com Cabo Verde Porque Só Jogámos Com 10! (diria O Lopetegui Se Fosse Português)
"Lopetegui, o Medina Carreira da arbitragem, disse que «não devem ser os árbitros a decidir o campeonato» mas não disse que os árbitros não devem decidir a Taça da Liga. NO domingo Matic assinou um golo extraordinário na Luz, a fazer lembrar...

- Em Defesa Da Jovial Maturidade
"Tal como o personagem principal de 'O Curioso Caso de Benjamin Button', a nossa selecção progride em modo de regressão. Até Quaresma parece mais novo do que quando não joga no FC Porto. NA sexta-feira passada lá se venceu à tangente a...

- CrÓnica De Leonor PinhÃo
Título:Perdemos com Cabo Verde porque só jogámos com 10! (diria o Lopetegui se fosse português)Texto:No domingo Matic assinou um golo extraordinário na Luz, a fazer lembrar um golo não menos extraordinário que marcou ao Porto quando era jogador...

- CrÓnica De Leonor PinhÃo
Na sexta-feira passada lá se venceu à tangente a Arménia com um golo do «gajo do costume», tal como ficou expresso na feliz manchete deste jornal na edição do dia seguinte ao jogo no Estádio do Algarve. Na verdade, todas as homenagens ao...

- CrÓnica De Leonor PinhÃo
O Rio Ave é que é do nosso campeonatoTexto:Fez bem o Benfica em concentrar as suas energias no jogo de Braga para o campeonato porque, ao contrário do que se viu ao FC Porto no Funchal, não foi um Benfica de todo cansado aquele que venceu domingo...



Benfica








.