Benfica
Encarnados em regime de poupança
"Benfica apostou na contenção mas só caiu nos "penalties"
Presente em várias frentes competitivas, ao Benfica deparava-se (e depara-se ainda) o grande problema de ter que estabelecer prioridades na hora de atacar a sério os títulos em discussão. As datas, inicialmente flexíveis, "amontoaram-se" de repente e há que saber gerir o plantel, que nunca como agora pareceu tão exíguo. Por isso, para a Taça da Liga, a prova nº3 a nível interno, Jesus entendeu prescindir de alguns "notáveis", correndo naturais riscos, mas não se pode dizer que foi isso que determinou o ingrato desfecho (0-0 e 2-3 g.p.).
Uma conclusão que seria bem diferente se, no final dos 90', o Braga tivesse terminado em vantagem. Nessas circunstâncias, poderia dizer-se, especulando sempre é certo, que as apostas de Jorge Jesus teriam estado na base do fracasso. Mas nem sequer foi esse o caso. Mesmo com estes jogadores de recurso, digamos assim, o Benfica, com maior ou menor mérito, conseguiu impor um nulo no terreno do seu adversário e só na lotaria dos "penalties" é que acabou por ser batido.
O que se poderá afirmar é que com os tais "notáveis" - Garay, Matic, Salvio e Lima - o Benfica teria tido (teoricamente) mais possibilidades de resolver o assunto dentro do tempo regulamentar. Uma convicção que é estribada na lógica (melhores jogadores, logo melhores resultados), mas que carece sempre de demonstração. Porque, por outro lado, os que jogaram até poderiam ter assegurado o resultado máximo. Bastava que uma falta sobre Gaitán, dentro da área, tivesse sido assinalada...
Mas entremos então no jogo que se faz tarde. Jesus optou por Carlos Martins e Roderick como médios mais defensivos - essa foi a grande inovação - com Gaitán e Urreta nos flancos e Rodrigo no apoio a Cardozo. Ficou desde logo provado que aquela dupla de trincos se encontrava em desvantagem perante os adversários directos de um miolo mais rotinado e com muito maior "pedalada". De facto, Viana e Custódio, com Amorim nas costas de Éder e Alan e Mossoró a completarem o xadrez, mostraram sempre maior dinâmica e entendimento.
O que não invalidou que tivesse sido o Benfica a entrar melhor no jogo e a assinar a melhor ocasião, num remate à barra de Rodrigo. Mas o Braga depressa inverteria a situação a seu favor, criando sucessivos lances de apuro para Artur, para o que contribuiu também a acção decisiva dos seus laterais Salino e Baiano. Um cenário que se repetiria no 2º tempo, com o Benfica a revelar maior clarividência, mas aqui por força da entrada de Aimar e Enzo Peréz, importantes no "arrumar de casa", passando Martins para o flanco direito, uma posição mais consentânea com as suas características.
Mas o Braga voltou a empertigar-se e, através de um futebol mais apoiado, com mais gente a incorporar-se nas acções ofensivas, viria a criar novos lances de muito perigo que Artur foi resolvendo. A necessidade de reforçar o ataque levou Peseiro a apostar (bem) em João Pedro, mas em detrimento de Mossoró, que vinha sendo um dos mais esclarecidos da equipa. Até final, a equipa da casa não deixou de tentar resolver o assunto em tempo útil, mas tudo teria ficado comprometido se o juiz da partida assinalasse um castigo máximo a favor do Benfica, no tal lance em que Gaitán foi derrubado na área.
Depois, no desempate através das grandes penalidades, o Braga acabou por superiorizar-se(3-2) e qualificar-se para a final. E, face ao que ficara visto anteriormente, ninguém levou a mal."
Rui Tovar, in Sapo Desporto
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