Eusébio no Panteão Nacional
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Eusébio no Panteão Nacional


"Com Amália e Eusébio o Panteão ganha visibilidade e talvez passe, enfim, a chamar mais a atenção do que a vizinha Feira da Ladra.

Entre cinco escritores, quatro Presidentes da República, um heróico opositor ao Estado Novo e uma fadista, ou, melhor dizendo, uma cantora de fado, Honras de Panteão, ontem cumpridas em cerimónia impressionante, para Eusébio da Silva Ferreira. Ele é, assim, o primeiro africano, o primeiro desportista, o primeira futebolista a ser incluído no restrito número daqueles a quem a República reconheceu o dever de «homenagear e perpetuar a memória, por serviços prestados ao país».
Não se pode dizer que a decisão unânime da Assembleia da República tenha tido uma representação de unanimidade no país. Há muito boa gente que gostaria de ver reservado o Panteão para a celebração da imortalidade de uma cultura de elite, densa e erudita, em oposição a uma cultura popular, ou de popularidade.
A discussão começou em Amália Rodrigues e tornou-se mais intensa com Eusébio. Sendo, ambos, expressões inquestionáveis de um reconhecimento nacional e popular, a verdade é que se tratavam de figuras representativas de duas das áreas em que assentam os maiores preconceitos da sociedade cultural de elite: o fado e o futebol.
Claro que é fácil questionar e argumentar sobre a justiça de dar honras de Panteão a Amália e a Eusébio, quando ficam de fora Eça de Queirós, Salgueiro Maia, ou Aristides de Sousa Mendes.
No entanto, a argumentação lógica das escolhas para o Panteão Nacional sempre se tem confrontado com a natureza do imprevisto, do circunstancialismo e até da «moda cultural dos tempos».
Entre os que, antes, conquistaram o direito à morada tumular no «museu dos mortos», como lhe chamou Miguel Sousa Tavares, há casos indiscutíveis como os de Garrett, Aquilino ou Sophia na literatura, Manuel Arriaga e Teófilo Braga entre os presidentes da primeira República, mas a verdade é que também no Panteão Nacional se pode adaptar o lema que se tornou particularmente conhecido e que estava registado num antigo Hospital: «Não estão todos os que são; não são todos os que são».
A verdade é que algumas das maiores figuras da nossa História ganharam a Honra da memória eterna noutros templos e até noutras geografias. D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, repousa para a eternidade, com a sua mulher Mafalda, no mosteiro de Santa Clara, em Coimbra; a ínclita geração está para sempre recolhida no exuberante mosteiro da Batalha; Luís de Camões, Vasco da Gama, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa repousam, com pompa e circunstância, no mosteiro dos Jerónimos.
Temos de reconhecer que até na cultura dos mortos Portugal é um país diverso e disperso. De facto sempre fomos um bocadinho caóticos na organização do pensamento nacional.
É por esta circunstância, que torna subjectiva e leve a razão da escolha dos nosso heróis, que não vale muito a pena discutir a bondade e a justiça da decisão da Assembleia da República.
Com Amália e Eusébio, o Panteão Nacional democratiza-se e populariza-se. O Panteão ganha visibilidade e talvez passe, enfim, a chamar mais a atenção do que a sua vizinha feira da Ladra.
É óbvio que tal nunca poderia ser razão de escolha. É importante que os portugueses não reconheçam em Amália apenas uma grande fadista e em Eusébio apenas um grande futebolista. Ambos foram muito mais do que isso. Ambos foram bandeiras de Portugal no mundo, capazes de mudar, pelo talento e pela sua natureza humana, um conceito universal de um Portugal pequenino, pobre, desinteressante, cinzento. E, no caso de Eusébio, ainda um símbolo da lusitanidade no mundo.
(...)"

Vítor Serpa, in A Bola



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