Formação "Made in SLB"
Benfica

Formação "Made in SLB"


OPINIÃO

NOTA INICIAL (Texto longo): Se não gosta da história do Benfica não leia. Espere pela meia-noite de domingo para segunda-feira quando forem editadas no EDB as habituais notas breves acerca do último jogo do "Glorioso".
 

O Benfica foi sempre um clube que promoveu a formação de futebolistas. É um histórico e tem feito história na formação de jogadores para o futebol. e foi muitas vezes pioneiro. Por isso, em breve, o "Glorioso" vai ser o melhor a formar atletas. Um regresso à essência do Benfiquismo.

Do Sport Lisboa a Sport Lisboa e Benfica
O sucesso do futebol Benfiquista durante as duas primeiras décadas da existência do Clube deveu-se à sapiência e apego de Cosme Damião na organização do futebol, essencialmente a partir de 1 de Maio de 1909 quando é nomeado pelos dirigentes eleitos em 26 de Fevereiro de 1909, como "capitão-geral"! Muito por acção do vice-presidente Alfredo Alexandre Luís da Silva com óbvio consentimento do presidente João José Pires. Por ser um director (Alfredo Silva) com a responsabilidade de "orientação do futebol" delegando em Cosme Damião proveniente do Sport Lisboa. Apesar de Cosme Damião ser associado dos dois clubes: fundador do Sport Lisboa em 28 de Fevereiro de 1904 e associado n.º 81 do Sport Benfica, aprovado em 27 de Outubro de 1907. É bom recordar que fazia parte do acordo de junção (artigo n.º 2) aprovado em reunião conjunta a 2 de Setembro de 1908, os dois clubes não perderem a sua individualidade. Ou seja, no Sport Lisboa e Benfica, o Sport Lisboa mantinha o "controle" do futebol e o Sport Benfica "controlava" a estratégia directiva: abrangência social, infraestruturas e desenvolvimento desportivo no pedestrianismo (atletismo) e velocipedia (ciclismo), o depois denominado eclectismo desportivo.

Cosme Damião e a estrutura vertical dinâmica
O nosso "mais que tudo" depressa implantou no Clube uma estrutura vencedora baseada na competência e apego clubístico dos futebolistas. Estes iniciavam-se nas categorias inferiores e ascenderiam à imediatamente superior quando revelassem apetência para tal - boa condição física, melhoria da técnica individual, boa interpretação táctica dentro do colectivo, pontualidade, treinamentos, resposta às necessidades, integração no espírito colectivo da equipa e Benfiquismo. E foi assim que se foram criando várias categorias.

Estreias das categorias
Categoria
1.ª
2.ª
3.ª
4.ª
Época
1904/05
1904/05
1906/07
1909/10
Data
1 Janeiro
19 Fevereiro
3 Fevereiro
14 Novembro
Resultado
V 1-0
V 1-0
V 3-0
V 1-0
Adversário
Grupo do Campo de Ourique
Grupo do Campo de Ourique
Internacional (CIF)
Sport Grupo Palhavã
(1.ª categoria)

Pensar o futebol honrando os ases que honraram o passado do Clube
Tal como havia ascensão também se fazia a "descida" dentro da estrutura das várias equipas (categorias). Geralmente por questões físicas (idade) mas também por falta de treino, devido a uma menor disponibilidade para o futebol devido a afazeres pessoais (vida familiar) e profissional (emprego). Mas Cosme Damião continuava a dar-lhes toda a importância, pois percebia que ter em coexistência nas categorias "inferiores" futebolistas veteranos multi-campeões com futebolistas jovens a iniciar-se no desporto era dar-lhes uma "injecção de Benfiquismo" para toda a vida. E a responsabilidade de continuarem a vencer e conquistar honrando os veteranos. Como depois Félix Bermudes (um bom exemplo de quem ascendeu até à 1.ª categoria e depois "desceu" até à 3.ª categoria) verteu para a letra do Hino de 1929: "Honrai agora os ases que nos honraram o passado"! É que nessas categorias (que para Cosme Damião não eram "inferiores", porque formavam um todo) jogavam veteranos com mais de 40 anos e jovens com pouco mais de 10 quase com idade, nesse tempo, para serem seus netos.

Cosme Damião (à direita) capitão da 1.ª categoria e "Capitão-Geral" (treinador e orientador) e os capitães das outras três categorias em 1914/15: Horácio Ferreira (4.ª categoria), Mário Monteiro (2.ª categoria) e Arnaldo Sobral (3.ª categoria). Conta-se que no final da temporada de 1916/17 (Horácio Ferreira era então capitão da 2.ª categoria) aquando do habitual e tradicional Jantar de homenagem aos futebolistas campeões, Cosme Damião foi propondo um brinde às categorias campeãs. Começou pela 4.ª, depois a 3.ª e passou à 1.ª. Horácio Ferreira (que foi quem contou esta história ao saudoso Joaquim Macarrão que depois a foi contando a outros para mostrar a "fibra" de Cosme Damião) pediu a palavra para solicitar um brinde à sua 2.ª categoria. Segundo ele, "Não fomos campeões mas conseguimos o vice-campeonato!". Cosme Damião como "Capitão-Geral" tomou a palavra e explicou. "No Benfica não há vice-campeões! Só há campeões! Só cabem exultações aos campeões! Se querem ser saudados por todos conquistem o campeonato na próxima época!" Segundo Horácio Ferreira, uma lição! Pois é! É à Benfica! (Foto digitalizada da página 308 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva)

CAMPEÕES REGIONAIS DE LISBOA (1906/07 - 1925/26)
Época
1.ª
2.ª
3.ª
4.ª
1906/07
Carcavellos
-----------
-----------
-----------
1907/08
Carcavellos
-----------
-----------
-----------
1908/09
Carcavellos
Internacional
CS Império
-----------
1909/10
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
-----------
1910/11
Internacional
SL Benfica
SL Benfica
-----------
1911/12
SL Benfica
GS Cruz Quebrada
SL Benfica
Sporting CP
1912/13
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
Sporting CP
1913/14
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
1914/15
Sporting CP
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
1915/16
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
1916/17
SL Benfica
Vitória FC Setúbal
SL Benfica
SL Benfica
1917/18
SL Benfica
SL Benfica
GD Fábrica Seixas
GF Benfica
1918/19
Sporting CP
SL Benfica
SL Benfica
SL Benfica
1919/20
SL Benfica
SL Benfica
União F Lisboa
GF Benfica
1920/21
Casa Pia AC
SL Benfica
SL Benfica
GF Benfica
1921/22
Sporting CP
Vitória FC Setúbal
SL Benfica
Carcavelinhos FC
1922/23
Sporting CP
CF "Os Belenenses"
União F Lisboa
SL Benfica
1923/24
Vitória FC Setúbal
Carcavelinhos FC
Sporting CP
CF "Os Belenenses"
1924/25
Sporting CP
Carcavelinhos FC
Império LC
SL Benfica
1925/26
CF "Os Belenenses"
Vitória FC Setúbal
SL Benfica
Carcavelinhos FC
TOTAIS
8 em 20
40 %
10 em 18
56 %
12 em 18
67 %
7 em 15
47 %

Três épocas inéditas: 1909/10, 1913/14 e 1915/16
O SL Benfica foi o único clube, entre 1908/09 e 1947/48, ou seja durante 40 temporadas (23 com quatro categorias - 1911/12 a 1933/34 - e as restantes 17 com três categorias) que conquistou a totalidade dos títulos: 1909/10 (três títulos de campeão regional) e 1913/14 e 1915/16 (ambas com quatro títulos de campeão regional). O Sporting CP viria a obter uma proeza idêntica, mas já com a competição reduzida a três categorias, em 1934/35. Inolvidável e inigualável "Glorioso". Três vezes a fazer o pleno!

As quatro equipas do "Glorioso" campeãs regionais de Lisboa em 1915/16

4.ª categoria campeã invicta: 12 vitórias em 12 jornadas e 54/3 em golos. 54 marcados e 3 sofridos, estes três golos nos dois jogos com o Ateneu CL: V 7-1 e V 5-2. O Sporting CP foi derrotado por 11-0 e teve falta de comparência na 2.ª volta! De cima para baixo. Da esquerda para a direita. António Brás, A. Caeiro, José Maria Bastos, Rogério Jonet, Ramiro Vito e Monteiro e Costa; Caetano Santos, José Tavares Bastos, Vítor Gonçalves (capitão), Jesus Munõz Crespo e Alberto Loureiro. Vítor Gonçalves foi internacional por Portugal na 1.ª e 2.ª selecções nacionais (1921 e 1922, nesta capitão). Jesus Muñoz Crespo foi goleador - 122 golos - na 1.ª categoria, onde jogou 12 temporadas entre 1916/17 e 1928/29. Foi o 3.º Águia de Ouro, mas o primeiro futebolista a receber o "Galardão Supremo do Benfiquismo", em 29 de Julho de 1928, por uma vida de futebolista dedicada ao Clube, durante 14 temporadas, entre 1914/15 e 1927/28. Inédito até então! Rogério Jonet chegou a ser o sócio n.º 1 do SLB, em 1993 e 1994. Tive o prazer de o visitar em casa, na rua de Timor, em Lisboa, com o dedicado jornalista Manuel Arons de Carvalho que o entrevistou para uma reportagem publicada no Semanário "O Benfica", na página 7, em 15 de Dezembro de 1993 (Foto digitalizada da página 330 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva)

3.ª categoria campeã invicta com 14 vitórias em 14 jornadas e 40/4 em golos. 40 marcados e 4 sofridos, estes em três jornadas: V 5-1 com o Vitória FC Setúbal, V 3-2 com o SG Sacavenense (ambos na 1.ª volta) e V 6-1 com o GS Cruz Quebrada.  De cima para baixo. Da esquerda para a direita. A confirmar toda a equipa. Guarda-redes: José Picoto (capitão); Francisco Nunes, Horácio Ferreira, Raul Nascimento e António Marques; Silvestre Rosmaninho, Robert Matos, João Coelho e José Forra; Carlos Pinto e Francisco França  (Foto digitalizada do jornal O Sport de Lisboa)

2.ª categoria campeã invicta com 12 vitórias em 12 jornadas e 32/3 em golos. 32 marcados e 3 sofridos, estes em três jornadas da 1.ª volta: V 4-1 com o Internacional, V 4-1 com o Sporting CP e V 12-1 com o SC Império. De cima para baixo. Da esquerda para a direita. João Morais, Ernesto Viegas, Júlio Ribeiro da Costa, Manuel Veloso, Romualdo Bogalho (com a velha camisola de flanela vermelha do Sport Lisboa, "estatuto de veterano", pois chegou à 1.ª categoria em 1910/11 depois de ter iniciado a carreira de futebolista nas categorias inferiores do Sport Lisboa), Carlos Pinto e Manuel Florêncio. Aníbal dos Santos, António Ribeiro dos Reis (capitão), Rogério Peres e Alfredo Mengo. Como 2.ª categoria (reservistas da 1.ª equipa) todos jogaram na 1.ª categoria. Júlio Ribeiro da Costa também foi futebolista na principal equipa da Associação Académica de Coimbra. Depois no regresso a Lisboa foi presidente da Direcção do "Glorioso" em 1938/39 e presidente da Mesa da Assembleia Geral, em 1939/40. António Ribeiro dos Reis foi capitão da 1.ª categoria do "Glorioso", internacional português em 1921, na 1.ª selecção nacional e seleccionador nacional em 1925 e 1926. No Clube não foi presidente da Direcção mas sucedeu a Cosme Damião como Capitão-Geral, em 1926, e foi um enorme presidente da Mesa da Assembleia Geral (sucedendo a... Júlio Ribeiro da Costa), entre 1940 e 1956 (Foto digitalizada da página 327 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva)

1.ª categoria campeã invicta com 7 vitórias em 8 jornadas (mais um empate) e 16/4 em golos. 16 marcados e 4 sofridos, estes em três jornadas da 1.ª volta: E 1-1 com o Sporting CP, V 4-2 com o SC Império e V 5-1 com o Internacional (CIF). De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Cândido de Oliveira, Henrique Costa, Carlos Homem de Figueiredo, Cosme Damião (capitão), Adolfo Stock (guarda-redes) e Leopoldo Mocho. Artur Augusto, Manuel Veloso, Herculano dos Santos, Carlos Sobral e Alberto Rio. Cândido de Oliveira foi o primeiro capitão da selecção nacional, em 1921, e seleccionador nacional entre 1926 e 1929, 1935 e 1945 e em 1952. Foi treinador de muitas e variadas equipas de clubes portugueses e no Brasil. Em todos menos no "seu" Benfica. Saiu em 1920 para fundar o Casa Pia AC quando o Benfica tanto necessitava deste futebolista, que era capitão. Nunca mais poderia voltar. E se ele queria... O seu grande amigo Ribeiro dos Reis nunca o permitiria: "Nem que fosse o melhor treinador do Mundo!". Alberto Rio foi internacional português na II e III selecção nacional, em 1922 e 1923, nesta como capitão, mas em ambas como jogador do CF "Os Belenenses", pois saiu do "Glorioso" em 1918 para o Sporting CP e desde para Belém, em 1919, sendo um dos fundadores do CF "Os Belenenses"  (Foto digitalizada da página 320 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva)


O Grupo Infantil
O Benfica conseguiu em meados dos anos 10, em 1913/14, ter uma quinta equipa, constituída por um grupo de jogadores muito jovens - 12/13 anos - que foi denominado "Grupo Infantil" para não ter a designação de 5.ª categoria, que tinha um significado pejorativo devido a dizer-se "é uma equipa de 5.ª categoria".

António Ribeiro dos Reis e a nova concepção do Futebol Benfiquista
Com o afastamento de Cosme Damião quando nas eleições de 1926 não aceitou o cargo de presidente querendo ser vice-presidente para continuar a liderar o futebol e não presidente tendo como vice-presidente Ribeiro dos Reis, o futebol do "Glorioso" passou a ter uma nova orgânica, com o Benfica finalmente a enveredar pelo semi-profissionalismo contratando futebolistas a outros clubes. Se os efeitos desta nova política para o futebol não tiveram grande impacto nas conquistas regionais da 1.ª categoria, permitiram as primeiras conquistas nacionais no Campeonato de Portugal (antepassado da Taça de Portugal) e no campeonato da I Liga (antepassado do Campeonato Nacional da I Divisão). O Benfica conquistou um inédito bicampeonato de Portugal (1929/30 e 1930/31), mais um Campeonato de Portugal (1934/35) e o tricampeonato da I Liga (1935/36, 1936/37 e 1937/38), antes de conquistar a Taça de Portugal (1939/40 e 1942/43) e o bicampeonato nacional da I Divisão (1941/42 e 1942/43), nesta última temporada - 1942/43 - com a primeira "dobradinha" de uma história gloriosa!

CAMPEÕES REGIONAIS DE LISBOA (1926/27 - 1947/48)
Época
1.ª
2.ª
3.ª
4.ª
1926/27
Vitória FC Setúbal
SL Benfica
CF "Os Belenenses"
Carcavelinhos FC
1927/28
Sporting CP
Carcavelinhos FC
SL Benfica
Casa Pia AC
1928/29
CF "Os Belenenses"
SL Benfica
SL Benfica
Casa Pia AC
1929/30
CF "Os Belenenses"
CF "Os Belenenses"
CF "Os Belenenses"
SL Benfica
1930/31
Sporting CP
SL Benfica
CF "Os Belenenses"
Sporting CP
1931/32
CF "Os Belenenses"
CF "Os Belenenses"
SL Benfica
União F Lisboa
1932/33
SL Benfica
CF "Os Belenenses"
SL Benfica
União F Lisboa
1933/34
Sporting CP
CF "Os Belenenses"
Carcavelinhos FC
União F Lisboa
1934/35
Sporting CP
Sporting CP
Sporting CP
-------------
1935/36
Sporting CP
SL Benfica
SL Benfica
-------------
1936/37
Sporting CP
CF "Os Belenenses"
Carcavelinhos FC
-------------
1937/38
Sporting CP
Sporting CP
SL Benfica
-------------
1938/39
Sporting CP
SL Benfica
SL Benfica
-------------
1939/40
SL Benfica
Sporting CP
SL Benfica
-------------
1940/41
Sporting CP
SL Benfica
Sporting CP
-------------
1941/42
Sporting CP
Sporting CP
SL Benfica
-------------
1942/43
Sporting CP
SL Benfica
SL Benfica
-------------
1943/44
CF "Os Belenenses"
CF "Os Belenenses"
SL Benfica
-------------
1944/45
Sporting CP
SL Benfica
SL Benfica
-------------
1945/46
CF "Os Belenenses"
CF "Os Belenenses"
Sporting CP
-------------
1946/47
Sporting CP
CF "Os Belenenses"
SL Benfica
-------------
1947/48 (1)
Sporting CP
CF "Os Belenenses"
CF "Os Belenenses"
-------------
TOTAIS
2 em 22 (2)
9 %
8 em 22 (3)
36 %
13 em 22
59 %
1 em 8
13 %
NOTA: (1) Em 1947/48 a competição denominou-se Taça de Honra de Lisboa;
      (2) O Sporting CP arrasou com 14 títulos em 22 temporadas, o CF "Os Belenenses" conquistou cinco títulos, o SL Benfica dois triunfos e o Vitória FC Setúbal (antes da criação do distrito de Setúbal e respectiva associação regional) conquistou o outro título de campeão regional de Lisboa;
         (3) O CF "Os Belenenses" conquistou nove títulos (mais um que o Benfica)

António Ribeiro dos Reis e a separação
Este enorme Benfiquista e desportista, pensador e inovador do futebol em Portugal (a par de Cândido de Oliveira) desde que deixara a prática do futebol como jogador da 1.ª categoria (no final de 1924/25) que estava integrado na estrutura criada por Cosme Damião, o conselho técnico. Ribeiro dos Reis foi sempre um defensor da separação entre veteranos e adolescentes. Por isso impulsionou em meados dos anos 20, em 1928/29, a criação do campeonato regional para a Categoria Infantil (na prática os actuais juniores) impedindo a sua presença nas equipas seniores, mesmo da 3.ª categoria. Um inovador. E recordemos que Ribeiro dos Reis apesar de exercer o cargo de seleccionador nacional na temporada de 1925/26, também jogava na 3.ª e 4.ª categoria do Benfica, sagrando-se campeão regional pela 3.ª categoria. Ou seja fazendo o percurso descendente tão do agrado de Cosme Damião.

António Ribeiro dos Reis. Um dos casapianos que não abandonou o "Glorioso" aquando da formação do Casa Pia AC em 1920. Ao contrário do seu amigo de toda a vida, Cândido de Oliveira. Ribeiro dos Reis é um dos mais importantes benfiquistas de sempre e para sempre. (10 de Julho de 1896 a 3 de Dezembro de 1961)

NOTA INTERMÉDIA: Como o texto já vai longo reservo para um futuro próximo (assim o espero!) a conclusão deste tema: Formação com Selo de Origem e Qualidade: SLB.Deixo os temas a desenvolver, que serão "ilustrados" com os quadros dos clubes campeões regionais de Lisboa e clubes campeões nacionais nos escalões de formação.
Mas nesta parte final, ainda vou detalhar o porquê de entender que o Sporting CP no início dos anos 90 do século XX tinha menor expressão na formação que o Benfica com o exemplo das duas selecções nacionais de sub-20 campeãs mundiais em Riade (1989) e Estádio da Luz (1991).

1.      Anos 40 e 50: Valdivielso e a dureza (versão I: querer ser ou não ser futebolista)

2.      Anos 60 e 70: Ângelo e a dureza (versão II: querer ser ou não ser campeão sénior)

3.      Anos 80: Nené e a formação integral


Continuadores da saga para atingir o topo do Mundo
A expressão máxima do histórico contributo do Benfica para as selecções nacionais foi o "contingente do Glorioso" na selecção de sub-20, que consagrou-se no final dos anos 80 e início de 90 com o bicampeonato mundial, em 1989 e 1991.


Oito dos 18 "Campeões de Riade", na Arábia Saudita, eram do Benfica
Foi o Benfica a "fornecer" o maior número de futebolistas, com oito elementos, quase uma equipa e com futebolistas para todos os sectores: dois guarda-redes (o titular Bizarro e Brassard), três (o lateral-direito goleador Abel Silva e os dois centrais Paulo Madeira e Valido), dois centrocampistas (o trinco Paulo Sousa e Xavier), bem como o avançado Resende. Na final, em 3 de Março de 1989, frente à congénere nigeriana actuaram como titulares: Bizarro, Abel e Paulo Madeira. Para o resultado de 2-0 contribuiu Abel Silva que marcou o primeiro golo aos 44 minutos.





FUTEBOLISTAS CAMPEÕES DO MUNDO DE SUB 20 (1989)
N.º
Nome
Posição
Clube
1986/87
Clube
1988/89
1
Brassard
Guarda-redes
SL Benfica (juv.)
SL Benfica
12
Bizarro
Guarda-redes
SL Benfica
SL Benfica
2
Abel Silva
Defesa
SL Benfica
SL Benfica
5
Morgado
Defesa
FC Porto
Gil Vicente
10
Paulo Madeira
Defesa
SL Benfica
SL Benfica
15
Valido
Defesa
SL Benfica
GD Estoril Praia
16
Fernando Couto
Defesa
FC Porto
FC Famalicão
4
Paulo Sousa
Médio
SL Benfica
SL Benfica
6
Jorge Couto
Médio
FC Porto
Gil Vicente FC
7
Tozé
Médio
Leixões SC
Leixões SC
8
Hélio
Médio
Vit. FC Setúbal
Vit. FC Setúbal
9
Xavier
Médio
SL Benfica
GD Estoril Praia
11
Filipe
Médio
SCU Torreense
SCU Torreense
18
Amaral
Médio
Sporting CP
Académico Viseu FC
3
Paulo Alves
Avançado
FC Porto
Gil Vicente FC
13
Resende
Avançado
SL Benfica
SL Benfica
14
João Pinto
Avançado
Boavista FC
Boavista FC
17
Folha
Avançado
FC Porto
FC Porto

Por Clube em 1986/87 (idade de júnior)

SL BENFICA (8)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
1
Brassard
Guarda-redes
SL Benfica (juniores)
12
Bizarro
Guarda-redes
SL Benfica
2
Abel Silva
Defesa
SL Benfica
10
Paulo Madeira
Defesa
SL Benfica
15
Valido
Defesa
GD Estoril Praia
4
Paulo Sousa
Médio
SL Benfica
9
Xavier
Médio
GD Estoril Praia
13
Resende
Avançado
SL Benfica
FC Porto (5)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
5
Morgado
Defesa
Gil Vicente
16
Fernando Couto
Defesa
FC Famalicão
6
Jorge Couto
Médio
Gil Vicente FC
3
Paulo Alves
Avançado
Gil Vicente FC
17
Folha
Avançado
FC Porto

Leixões SC (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
7
Tozé
Médio
Leixões SC

Vitória FC Setúbal (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
8
Hélio
Médio
Vit. FC Setúbal

SCU Torreense (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
11
Filipe
Médio
SCU Torreense

Sporting CP (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
18
Amaral
Médio
Académico Viseu FC

Boavista FC (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
14
João Pinto
Avançado
Boavista FC





Quatro dos 18 "Campeões de Lisboa", com a final jogada no Estádio da Luz, eram do Benfica
Foram quatro, um para cada posição em campo, o "contingente vermelho" na segunda conquista: Brassard (guarda-redes), Rui Bento (defesa-central), Rui Costa (maestro a meio-campo) e Gil (ponta-de-lança). No jogo decisivo, em 30 de Junho de 1991, no empate sem golos frente ao Brasil alinharam: Brassard, Rui Bento, Rui Costa e Gil. Todos! Portugal venceu o Brasil nos pontapés da marca de grande penalidade, com 4-2. Rui Costa marcou o último e decisivo pontapé!


FUTEBOLISTAS CAMPEÕES DO MUNDO DE SUB 20 (1991)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
Clube
1990/91
1
Brassard
Guarda-redes
SL Benfica
Louletano DC
12
Tó Ferreira *
Guarda-redes
Boavista FC
FC Famalicão
4
Peixe
Defesa
Sporting CP
Sporting CP
6
Jorge Costa
Defesa
FC Porto
FC Penafiel
7
Abel Xavier **
Defesa
CF Estrela Amadora
CF Estrela Amadora
8
Paulo Torres
Defesa
Sporting CP
Sporting CP
10
Nélson
Defesa
SC Salgueiros
SC Salgueiros
11
Rui Bento
Defesa
SL Benfica
SL Benfica
13
Capucho
Defesa
Gil Vicente FC
Gil Vicente FC
16
Cao
Defesa
FC Porto
FC Porto
3
Figo
Médio
Sporting CP
Sporting CP
5
Rui Costa
Médio
SL Benfica
AD Fafe
15
Tulipa
Médio
FC Porto
FC Porto
17
João Olv. Pinto
Médio
Sporting CP
Sporting CP
2
Gil
Avançado
SL Benfica
SL Benfica
9
Luís Miguel
Avançado
FC Porto
Gil Vicente FC
14
João Pinto
Avançado
Boavista FC
Atlético Madrileno
18
Toni
Avançado
FC Porto
FC Porto
NOTA:  * Tó Ferreira (emprestado ao Pedrouços AC);
           ** Abel Xavier (jogador do Sporting CP até 1987/88)

Por Clube em 1988/89 (idade de júnior)

FC Porto (5)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
6
Jorge Costa
Defesa
FC Penafiel
16
Cao
Defesa
FC Porto
15
Tulipa
Médio
FC Porto
9
Luís Miguel
Avançado
Gil Vicente FC
18
Toni
Avançado
FC Porto

SL BENFICA (4)
N.º
Nome
Posição
Clube
1990/91
1
Brassard
Guarda-redes
Louletano DC
11
Rui Bento
Defesa
SL Benfica
5
Rui Costa
Médio
AD Fafe
2
Gil
Avançado
SL Benfica

Sporting CP (4)
N.º
Nome
Posição
Clube
1990/91
4
Peixe
Defesa
Sporting CP
8
Paulo Torres
Defesa
Sporting CP
3
Figo
Médio
Sporting CP
17
João Olv. Pinto
Médio
Sporting CP

Boavista FC (2)
N.º
Nome
Posição
Clube
1990/91
12
Tó Ferreira
Guarda-redes
FC Famalicão
14
João Pinto
Avançado
Atlético Madrileno

CF Estrela Amadora (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
7
Abel Xavier
Defesa
CF Estrela Amadora

SC Salgueiros (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
10
Nélson
Defesa
SC Salgueiros

Gil Vicente FC (1)
N.º
Nome
Posição
Clube
1988/89
13
Capucho
Defesa
Gil Vicente FC

Formação de futebolistas, o Benfica e Portugal. Uma ligação de sempre e para sempre!

Alberto Miguéns



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