Benfica
Mil e Cem de Cem em Cem
SÓ UM CLUBE MÍTICO E GLORIOSO CONSEGUE HONRAR TODOS OS QUE O HONRARAM
A estreia de Derley no estádio do Restelo, no primeiro encontro desta temporada de 2014/15, frente ao GD Estoril Praia, nas meias-finais da Taça de Honra de Lisboa, entrando como titular e sendo substituído ao intervalo, significou a estreia do 1 100.º futebolista a vestir o "Manto Sagrado" na equipa de futebol do Glorioso Benfica.
É tudo uma questão de metodologia
Numa série estatística definida por jogos de futebol nem sempre é possível saber quem é o futebolista a que corresponde determinado número de ordem. Por exemplo no primeiro encontro do "Glorioso" em 1 de Janeiro de 1905 os onze jogadores são todos número 1. E no jogo seguinte os que se estrearam são todos n.º 12. Quando há mais de um futebolista a estrear-se de início ou ao intervalo num jogo todos terão o mesmo número de ordem (de estreia) como é evidente. Quando se estreiam em simultâneo nas substituições durante a primeira parte ou no segundo tempo aquele que entrar primeiro em campo terá o número mais baixo, ou seja, já não era estreia absoluta. Mas como não faz sentido dar o mesmo número de ordem a diferentes futebolistas, nas estreias em simultâneo - início do jogo ou ao intervalo - é necessário estabelecer um critério para manter uniforme, época-a-época, o estabelecimento da numeração. Eu opto pela numeração própria do futebol: guarda-redes (1.º), defesa-direito (2.º), etc. até extremo-esquerdo ou médio-ala-esquerdo, nas tácticas actuais (11.º). Como se percebe as simplificações numéricas da realidade não são a verdade.
A lista dos 1 100 (de 100 em 100)
Como numerar futebolistas é um artificialismo, neste texto serão referenciados todos os possíveis "centésimos" e depois escolho um para desenvolver o tema. O importante no Em Defesa do Benfica é mostrar a grandeza do Clube utilizando o Clube. O SLB é tão grande que não precisa de comparar-se a outros. Chega mostrar-se. Esta efeméride é também um pretexto para mostrar a Gloriosa História e um Benfiquista de Sempre, além de Glória do Futebol.
Nesta lista como é óbvio " há de tudo": desde Glórias do Benfica, como Bastinhos até jogadores de um jogo! Comecemos por ordem cronológica e logo por uma Glória: José Maria Bastos, Bastinhos entre os Benfiquistas.
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José Maria Bastos em 24 de Setembro de 1921 no Campo Calle Industria (primeiro espaço desportivo do FC Barcelona) na estreia da temporada 1921/22, em Barcelona, numa copiosa derrota por 0-5. Com 21 ou 22 anos é o primeiro, em cima, a contar da esquerda (Foto digitalizada da página 400 e 401 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva)
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100.º - Bastinhos
Em 18 de Fevereiro de 1917 estrearam-se dois jogadores: o guarda-redes Carlos Guimarães e o defesa-direito José Maria Bastos. Qualquer deles foi o 100.º jogador a vestir o "Manto Sagrado". Pelo meu critério estatístico Carlos Guimarães será o 100.º e Bastinhos o 101.º. Em termos de Clube são os dois 0 100.º. Para esta selecção escolhi Bastinhos.
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4.ª categoria campeã invicta em 1915/16: 12 vitórias em 12 jornadas e 54/3 em golos. 54 marcados e 3 sofridos, estes três golos nos dois jogos com o Ateneu CL: V 7-1 e V 5-2. O Sporting CP foi derrotado por 11-0 e teve falta de comparência na 2.ª volta! De cima para baixo. Da esquerda para a direita. António Brás, A. Caeiro, José Maria Bastos, Rogério Jonet, Ramiro Vito e Monteiro e Costa; Caetano Santos, José Tavares Bastos, Vítor Gonçalves (capitão), Jesus Munõz Crespo e Alberto Loureiro. Vítor Gonçalves foi internacional por Portugal na 1.ª e 2.ª selecções nacionais (1921 e 1922, nesta capitão). Jesus Muñoz Crespo foi goleador - 122 golos - na 1.ª categoria, onde jogou 12 temporadas entre 1916/17 e 1928/29. Foi o 3.º Águia de Ouro, mas o primeiro futebolista a receber o "Galardão Supremo do Benfiquismo", em 29 de Julho de 1928, por uma vida de futebolista dedicada ao Clube, durante 14 temporadas, entre 1914/15 e 1927/28. Inédito até então! Rogério Jonet chegou a ser o sócio n.º 1 do SLB, em 1993 e 1994. Bastinhos como futebolista da 1.ª categoria foi elemento fundamental na conquista de três campeonatos regionais, duas Taças de Honra e uma Taça Associação, três competições organizadas pela Associação de Futebol de Lisboa. (Foto digitalizada da página 330 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Início "por baixo"
José Maria Bastos nasceu em 1900. Seria como “Bastinhos”, designação que ilustrava bem a sua popularidade, que os benfiquistas o tornaram famoso em todo o País. Aos 14 anos em 1914/15, foi um dos futebolistas que integraram o “Grupo Infantil”, uma equipa de futebol em que fomos (mais uma vez) pioneiros na sua organização, entre os clubes portugueses. Na época seguinte (1915/16) estreou-se na 4.ª categoria, em 7 de Novembro de 1915, com o SC Império, no Regional de Lisboa, como defesa-direito, fazendo o “percurso de Cosme Damião”: começar nas categorias inferiores, aprender a ser simultaneamente futebolista e benfiquista, ganhar experiência e conquistar títulos, para na 1.ª categoria continuar a manter esse “estatuto” de futebolista campeão, lutando sempre pela desporto, pela equipa, pelos triunfos e pelos títulos!
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José Maria Bastos em 13 de Novembro de 1921 no Campo Grande (alugado pelo Sporting CP) na jornada do campeonato regional de Lisboa frente ao Império LC (V 5-1). Com 21 ou 22 anos está em 2.º plano, primeiro da esquerda, com as mãos nos joelhos como se fosse médio-direito, mas jogou como defesa-esquerdo. Este onze titular fez cinco jogos, dois antes deste e dois depois do jogo em que esta fotografia registou a equipa para a posteridade (Foto digitalizada da página 435 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Ser campeão aos 16 anos
Na sua 2.ª temporada como futebolista, em 1916/17 ascendeu à 2.ª categoria, como titular a defesa-direito. Na equipa principal do “Glorioso” estreou-se a meio da época, em 18 de Fevereiro de 1916, na vitória por 4-0 num jogo particular com o FC Porto, no nosso campo de Sete Rios. Tinha 16 anos. Jogou logo como defesa-direito, conquistando a titularidade, nos poucos encontros que faltavam para concluir a época. Mas ainda a tempo de contribuir para a conquista do Regional de Lisboa.
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Em 3 de Maio de 1921 a defender a baliza do "Glorioso" junto ao glorioso guarda-redes Arsénio frente ao Carcavelinhos FC, no campo de Palhavã, na primeira eliminatória da "Taça Mutilados de Guerra", da qual o Benfica foi afastado, na derrota por 0-2 (Foto digitalizada da página 433 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Estouvado
Foi um inovador como defesa. Não era habitual colocar no sector defensivo futebolistas esguios, optando-se geralmente por atletas mais pesados. José Maria Bastos foi o primeiro defesa de grande nível dotado de rapidez. Só o facto de “ter nascido para ser back” lhe permitiu jogar nessa posição. O facto de apresentar características físicas diferenciadas da generalidade dos defesas, fazia dele um jogador muito popular. Era exímio a “desarmar e despachar”, superando a “falta de envergadura” com muito sentido posicional, rapidez e fibra. Por vezes excedia-se em brincadeiras desnecessárias causando calafrios. Mas isso era próprio da sua personalidade estouvada, sempre no “fio da navalha”. Detestava perder um lance, e quando perdia algum dificilmente voltaria a ser batido uma segunda vez no mesmo jogo!
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Em 12 de Abril de 1922 na ilha da Madeira, após os dois primeiros (dos 4) que o Benfica disputou no Funchal e outro - 5.º jogo - no campo da Achada, em Santa Clara. O Benfica foi o primeiro clube a deslocar-se à Madeira, onde esteve entre 8 e 20 de Abril de 1922. Bastinhos é o segundo a contar da esquerda na 1.ª fila (Foto digitalizada da página 453 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Uma história contada por Rogério Jonet
Num dos meus encontros com Rogério Jonet, em 1994, então sócio n.º 1 e em tempos colega, como guarda-redes, de Bastinhos, ainda na 4.ª categoria em 1915/16, questionado por mim acerca da importância do futebolista, na equipa, no Clube e entre os adeptos, disse-me algo do género. Bastinhos tinha uma popularidade entre os Benfiquistas apenas ao alcance dos foras-de-série - guarda-redes, avançados-centro e capitães da equipa. Para um defesa era algo invulgar. Só que Bastinhos valia por dois. Todos nós guarda-redes queríamos ter à nossa frente o Bastinhos. Safava-nos de apuros e colocava-nos mais à vontade. Infelizmente o futebol naquele tempo era amador e apenas conseguiu emprego longe de Lisboa (Vila Nova de Gaia) afastando-se precocemente do Clube. Perdi-lhe o rasto... Mas nunca hei-de esquecer o modo como "dava corda" ao relógio. Quando sabia que o relógio necessitava de corda e passava por um muro, colocava o botão da corda junto ao muro e enquanto andava o muro encarregava-se de dar corda ao relógio. De vez em quando fazia mal as contas e "partia a corda". Nada que um relojoeiro Benfiquista amigo não resolvesse!
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Em 7 de Outubro de 1921 no campo do Real Madrid CF apesar de Bastinhos ser derrubado por um madridista António Pinho controla a bola que Clemente Guerra irá agarrar. Ao centro Vítor Gonçalves e Fernando Jesus junto a Bastinhos (Foto digitalizada da página 417 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Meia década
Jogou no Benfica, ao mais alto nível, entre 1916/17 e 1921/22, em seis temporadas. Foi titular em cinco – a defesa-direito entre 1916/17 e 1917/18; uma temporada a defesa-esquerdo (1919/20) e mais duas épocas em 1920/21 e 1921/22, estas as suas melhores, enquanto futebolista. Na época de 1918/19 não foi titular na 1.ª categoria (apenas um jogo como defesa-esquerdo), mas foi o defesa-direito da 2.ª categoria, com seis jogos disputados. As suas características inatas – aptidão natural para o lugar – aliadas à maturidade, fizeram dele um defesa extraordinário. Porque fibra sempre teve, chegando a jogar excelentemente apesar de lesionado nos braços. Mesmo em recuperação de lesões ou maleitas apresentava-se sempre para jogar! Efectuou 17 jogos consecutivos pelo “Glorioso” num total de 1 530 minutos, em 1920/21, a sua melhor época no Benfica, participando em todos os encontros da nossa equipa durante sete meses, entre 3 de Outubro de 1920 e 10 de Abril de 1921. Jogou pela última vez com a “camisola vermelha da águia” em 25 de Junho de 1922, com o Real Madrid CF, no campo do Racing da capital espanhola.
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As equipas do SL Benfica e do Real Madrid CF, em Madrid, no campo do Racing, em 25 de Junho de 1922. José Maria Bastos é o segundo futebolista do "Glorioso" a contar da esquerda (entre Joaquim Belford e Fernando de Jesus). Aos 22 ou 23 anos, foi a última vez que jogou com o "Manto Sagrado". Jogou em Barcelona, na Madeira e em Madrid. Uma vida de futebolista bem preenchida. Entretanto conseguiu um emprego no Norte e foi viver para Vila Nova de Gaia. Foi vedeta no FC Porto dos anos 20. Em 1922/23, conhecido como José Bastos, jogou no Campeonato de Portugal (nome inicial da Taça de Portugal) pelo FC Porto (Foto digitalizada da página 456 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva)
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Rumar a norte
No final da temporada de 1921/22, aos 22 anos, deixou Lisboa para viver em Vila Nova de Gaia. Passou a jogar no FC Porto desde o início da época seguinte. Foi o 3.º jogador do Benfica a representar o clube portista, juntando-se a Tavares Basto (avançado) e Artur Augusto (médio), que jogavam nesse clube há quatro e uma temporada, respectivamente.
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Futebolistas, dirigentes e acompanhantes do Benfica, no vapor que os levou ao Funchal em Abril de 1922. Na fotografia distinguem-se Vítor Gonçalves, Bastinhos, Vítor Hugo, Jesus Muñoz Crespo, Herculano Santos, Joaquim Belford, José Francisco Simões, Fernando Jesus, Cosme Damião, José Melo, Alberto Augusto e Fausto Peres (Foto digitalizada da página 454 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Muita qualidade
Jogou sete temporadas no “Glorioso” sempre a titular – uma na 4.ª categoria (1915/16), uma na 2.ª categoria (1918/19) e cinco na 1.ª categoria (em 1916/17 a 1917/18 e entre 1919/20 e 1921/22). Seis temporadas a defesa-direito (entre 1915/16 e 1918/19 e entre 1920/21 e 1921/22) e uma a defesa-esquerdo (1919/20). Jogou um total de 7 805 minutos (130 horas ou 5 dias) em 87 jogos, com 86 completos. Apenas não completou um jogo, saindo dele logo aos 5 minutos, após ter fracturado um braço em Espanha, no campo da capital da Andaluzia, com o clube local Sevilha FC. A defesa-direito jogou 3 785 minutos (63 horas), participando em 43 encontros.
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Uma "gasolina" faz o transbordo da nossa delegação que regressa da ilha da Madeira, em Abril de 1922, entre o vapor "Funchal" da Empresa Insulana de Navegação e o cais em Lisboa (Foto digitalizada da página 455 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
Títulos regionais
Na equipa de 1.ª categoria conquistou seis troféus, com três títulos, oficiais: três Regionais de Lisboa em 1916/17, 1917/18 e 1919/20; duas Taças de Honra de Lisboa em 1919/20 e 1921/22; e uma Taça Associação em 1921/22. Nos 87 jogos em que representou o Benfica ajudou o Clube a obter 43 (49 %) vitórias e 13 empates. Como defesa-direito em 43 jogos, esteve em 18 (41%) vitórias e sete empates. Entre os jogadores do Benfica, é o 26.º defesa direito mais utilizado e o 168.º jogador com mais tempo de jogo!
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José Maria Bastos em 7 de Outubro de 1919 no Campo O' Donell (primeiro espaço desportivo do Real Madrid) no início da época de 1919/20, numa digressão a Espanha que começou em Madrid e terminou em Vigo e Pontevedra. Com 19 ou 20 anos é o primeiro, em cima, a contar da direita, num dia histórico em que o "Glorioso" derrotou, por 5-1, o Real Madrid CF (Foto digitalizada da página 416 do 1.º volume da História do SLB: 1904-1954, de Mário de Oliveira e Rebelo da Silva) |
200 - Dyson
Em 27 de Outubro de 1929
300 - Bettencourt
Em 14 de Dezembro de 1941
400 - Ângelo
Em 9 de Novembro de 1952
500 - Lóio
Em 17 de Abril de 1966
600 - Carlos Pereira
Em 4 de Outubro de 1981
700 - Rui Costa
Em 22 de Julho de 1991
800 - Poborsky
Em 3 de Janeiro de 1998
900 - João Pereira
Em 4 de Setembro de 2002
1 000 - Aimar
Em 25 de Julho de 2008
1 100 - Derley
Em 18 de Julho de 2014
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