Humildade
Benfica

Humildade


             O Sport Lisboa e Benfica venceu o rival sportinguista em Alvalade, por 0-1. Nada mais justo. No futebol só contam as bolas dentro da baliza. O resto… bom, o resto é mera estatística. E nisso – aquilo que interessa, isto é, os golos - o Benfica foi bem mais competente. Ponto final. Parágrafo.
            Confesso que me soube bem esta vitória. Clássico é clássico e, sejamos sinceros, nesta temporada o Benfica ainda não tinha vencido nenhum. Foi uma espécie de exorcismo de fantasmas. Depois de mais uma semana de completa verborreia (i)literária por parte do rival, o Benfica soube-se comportar como normalmente o faz ao longo da sua centenária História: permanecer num silêncio benéfico para o Clube; sem grande alarido e apenas focado no que interessa: vencer a partida subsequente.
            No jogo dentro as quatro linhas, propriamente dito, o Benfica foi eficiente. Era aquilo que se pedia num encontro desta natureza e que talvez tenha faltado noutros momentos da época. Um golo mais ou menos cedo, por parte do grego Mitroglou, abriu e fechou o resultado. A primeira parte foi equilibrada, mas o Benfica controlou sempre mais. Na segunda, entre os 60 e 80 minutos, grosso-modo, o Sporting pressionou, mas sempre sem acerto, felizmente. O Glorioso soube defender muito bem e fechar os caminhos para a baliza.


Legenda: O nosso momento!
Fotografia retirada de sicnoticias.sapo.pt
            
            Em termos individuais, embora o caro leito saiba que não me apraz fazer isso, hoje fá-lo-ei com clareza. Em primeiro lugar, claro, a baixa sonante de última hora que representou a lesão de Júlio César. E parece que vai demorar. Porém, não será na baliza que teremos problemas. Ederson é um monstro. Já tinha dito isso antes deste jogo. Seguro, tecnicista. Internacional Olímpico pelo Brasil. Senhor de um pontapé fenomenal. Sem balanço – e isso foi visível já nesta partida – coloca a bola a meio do meio-campo adversário. Um pormenor que, não parecendo, poderá estabelecer a diferença em muitos jogos. Ederson não é o futuro. É o presente. Lindelöf: mais uma exibição extremamente madura para o jovem sueco. Que grande partida. É caso para dizer: no Benfica, os suecos são um valor seguro. Jardel – um senhor. Os dois laterais também estiveram bem. Particularmente André Almeida, que, sem desprimor por Nélson Semedo, demonstra mais rotinas neste momento. Almeida tem feito boas épocas no Benfica. Mas esta é a melhor (até agora), sem dúvida. Eliseu foi certinho. Mitroglou fez o golo que colocou milhões de corações aos saltos: o grego mostra apetência pelos tentos e tem-se mostrado nos jogos complicados. É para comprar! Jonas jogou muito bem. Só mesmo quem apenas olha para estatísticas diz o contrário. Trabalha (muito) bem no primeiro golo, sentando o defesa adversário e cruzando para aquela que seria a única jogada de sucesso do encontro. Jonas tem classe e perfume. E inteligência. Samaris: quanto a mim, o melhor em campo. Monstro, monstro, monstro. Meio-campo foi do helénico. Aliás, também as rádios consideraram o nosso número 7 como o melhor em campo. Pizzi esteve benzinho; meio apagado, mas nem por isso deixou de ser útil, o mesmo sucedendo com o nosso mágico Nico Gaitán. Renato cansa ver correr. É incrível que com 18 anos este rapaz jogue desta forma e tenha uma desenvoltura para um jogo com esta pressão que é de fazer inveja aos mais experientes. Na parte final, devido ao cansaço mental, Renato correu muito com a bola, perdendo o esférico algumas vezes. Acontece. Sanches melhorará esse aspeto, com certeza. Os substitutos entraram bem. Em particular Fejsa. O sérvio é fortíssimo a segurar bolas e sabe os tempos em que deve, ou não, fazer falta. Muito bem. Salvio deixou-nos a todos com água na boca e não fora o tal cansaço mental da equipa – natural naquele período da partida – e poderia ter feito mais estragos. Jiménez foi sempre batalhador.
E por falar no mexicano, uma palavra para a arbitragem: não teve influência no resultado, mas Ewerton não ver um único amarelo é de rir. Na primeira parte faz quatro faltas (iguais) sobre Mitroglou. Puxava o grego. E no segundo tempo faz uma gravata a Jiménez que daria a expulsão, porquanto o número 9 iria sozinho para a baliza. Enfim. Situações.
Por último, aos valentes benfiquistas presentes no Estádio José de Alvalade, que puxaram muito bem pelo nosso Benfica. Na transmissão televisiva ouvia-se perfeitamente os bravos vermelhões a cantar e a berrar, gritando (sempre!) pelo Benfica e nunca contra ninguém. Nós somos apenas por nós.
Agora é altura de nos unirmos ainda mais na missão título. Como o Benfica não pára, quarta-feira há mais um encontro. Desta feita na Rússia, para a segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. O Glorioso sairá vivo do frio, certamente, com o apuramento na bagagem. Vamos acreditar. Daqui para a frente temos de continuar na senda da humildade. A humildade e a união serão a chave para os títulos. Chegou a hora!  

           
            Assinado: Palmerston



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