Benfica
O homem da brilhantina (III)
"É preciso dizer, antes de prosseguir a saga do homem que um dia afirmou ser benfiquista, que a sua acção não se circunscreveu ao Campeonato, nem a jogos do próprio Benfica. Recordemos-nos, por exemplo, da meia-final da Taça da Liga em 2010, e de um penálti evidente perdoado ao PC Porto, frente à Académica, no Estádio do Dragão. Nessa ocasião, acabou por fazer o favor de nos colocar o nosso maior rival por diante,na Final do Algarve, de onde saiu vergado a uma expressiva derrota (3-0).
Na mesma prova, apanhámos com o cavalheiro na Final seguinte. Foi em Coimbra, na Primavera de 2011, num jogo que - entalado entre derrotas com o FC Porto para a Taça de Portugal, e com o SC Braga para a Liga Europa - tinha enorme importância para a estabilidade da equipa e do Clube. Jogávamos com o Paços de Ferreira, e o homem fez uma vez mais questão de exibir os seus predicados. Assobiou para o ar a um penálti do tamanho do estádio a favor do Benfica, ao passo que, na outra área, foi lesto a assinalar uma grande penalidade, que todavia Moreira defendeu. Os 'encarnados' venceram mas, uma vez mais, este árbitro cumpriu aquela que parece ser a sua grande missão: prejudicar o Benfica.
Dois jogos, dois escândalos
Chegamos então a 2011/12. Não será preciso puxar muito pela memória dos leitores, pois todos estarão lembrados daquele que foi o detalhe decisivo da temporada futebolística portuguesa: um golo marcado em duplo fora-de-jogo atribuiu o título nacional a uns (os mesmos de sempre), e retirou-o a outros (igualmente, os mesmo de sempre). Não é de estranhar que o árbitro dessa partida fosse, também ele, o mesmo que esteve em todos os momentos mencionados, desde há três semanas, nestas páginas, e que o seu ajudante tenha tido, também ele, direito a prémio, viajando de pendura até à final da Liga dos Campeões, depois ao Europeu, e depois, à final do Europeu. Quem tanto prejudica o Benfica o Benfica, arrisca-se a tudo isto, e a sabe-se lá que mais.
Esse inesquecível lance (numa bola parada, sem ninguém a tapar a visão) não foi, porém, caso único na época. Aliás, o fulano apitou apenas dois jogos do Benfica no Campeonato, e em ambos fez questão de deixar o seu inconfundível dedo. O primeiro havia sido à 10.ª jornada, em Braga (cidade de Arcebispos e de apagões), onde ele muito fez pela vida. Ainda com zero a zero, deixou passar um penálti claro, quando Luisão foi agarrado e derrubado dentro da área bracarense. Depois, um lance perfeitamente acidental originou um daqueles penáltis que só os predestinados, aqueles que chegam às finais dos Europeus, conseguem descortinar. Emerson estava de costas, não movimentou os braços nem viu a bola partir, mas o Benfica não podia ganhar. A um minuto do intervalo, ora aí estava mais um erro grosseiro de sua alteza árbitro da Final do Euro. Mais um erro grosseiro a prejudicar o Benfica. Mais um resultado subvertido. Como sempre. A apitar desde 2002.
Em apenas dois jogos, três pontos retirados ao Benfica (dois em Braga, mais um no clássico), e três pontos acrescentados ao FC Porto (dois na Luz, e um em Alvalade, onde um fora-de-jogo incrivelmente tirado a Wolfswinkel ajudou os portistas a evitar a derrota). A diferença entre 1.º e 2.º classificados ficou pois, inteiramente, por sua conta. Outros ajudaram (lembro-me particularmente do novo internacional Hugo Miguel, em Coimbra, e também de João Capela, Soares Dias, para além do eterno Benquerença), mas ninguém como o juiz da Final do Europeu conseguiu ser tão decisivo.
Aplausos? Não!
Não me peçam pois para aplaudir. Ser português não é um valor em si mesmo, e até me choca ouvir ou ler benfiquistas a passar por cima de tudo o que aqui me lembrei, concedendo-lhe os elogios que não merece, e ajudando a branquear uma realidade obscura. Não tenho qualquer orgulho na carreira internacional deste indivíduo. Pelo contrário, enquanto português, adepto do Desporto e da seriedade, sinto-me envergonhado, e mesmo revoltado. Não consigo, por exemplo, explicar ao meu filho como pode alguém errar tanto, e ser tão bem sucedido na vida. É o Mundo virado de pernas para o ar.
A escolha deste árbitro para tão importantes eventos deixa-me inquieto quanto ao futuro do Futebol. Quando o vejo decidir Campeonatos com erros grosseiros (sempre a penalizar os mesmos), e ser premiado desta forma, ninguém me impedirá de desconfiar que exista algo por detrás a ligar os factos. E, por isso mesmo, temo que daqui por um ano haja matéria para um quarto capítulo."
Luís Fialho, in O Benfica
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