Benfica
O homem da brilhantina (I)
"Chegou de brilhantina, e dizia que era do Benfica - apesar de ter sido atleta do Sporting. Tão solene confissão terá enganado alguns incautos. Terá lançado a confusão, e conseguido o efeito que, na verdade, pretendia. Rapidamente, porém, o homem mostrou ao que vinha, o que se dispunha a fazer, e a quem servia. Hoje, já só é enganado quem quer. E ele, continua a rir-se de nós.
Uma história longa
Estávamos no longínquo mês de Janeiro de 2001, quando o protagonista desta história começou a dar nas vistas. Era Toni o nosso treinador, jogávamos no Bessa as últimas esperanças na corrida ao título, e na jornada anterior fôramos vítimas da pior arbitragem da carreira de Duarte Gomes. Em pleno Estádio da Luz, diante do Sporting, uma vantagem de dois a zero fora então totalmente subvertida pelo senhor do apito (também da Associação de Futebol de Lisboa), com uma dualidade de critérios que poupou duas expulsões a sportinguistas, colocando-nos, pelo contrário, em inferioridade numérica, oferecendo mais tarde uma grande penalidade totalmente absurda que Mário Jardel se encarregou de transformar no 2-1, para pouco tempo depois, o mesmo jogador, partindo de posição irregular, selar o escandaloso empate. Um pormenor: se o Benfica ganhasse, isolava-se no comando da classificação. Mas voltemos ao homem da brilhantina.
Nessa partida frente ao Boavista, que o Benfica perdeu (perdendo também as derradeiras hipóteses de ser campeão), foram ignorados dois penáltis, qual deles mais evidente: um por agarrão a Mantorras, e outro por rasteira a Simão Sabrosa (as imagens podem ser vistas em http://pluribusunum7.blogspot.pt/2012/06/hipocrisia-servilismo-ou-corrupcao.html). A derrota, para além das consequências classificativas óbvias, originou a demissão de Toni. Era o primeiro assomo de alguém cujo protagonismo nunca mais deixaria de se fazer sentir no futebol português. Era o primeiro episódio de uma saga, que ainda perdura, e parece não ter fim. E, olhando ao detergente que tem sido usado ultimamente, deixo aqui a minha aposta em como o filme ainda não terminou.
Pontos altos
Precisamente dois anos mais tarde, o homem voltou a atacar. E logo num dérbi.
Não querendo ficar atrás do colega Duarte Gomes, fez questão de deixar claro que, na arte de apitar, e de condicionar jogos sempre com um sorriso nos lábios, ninguém o iria parar: Rapidamente assinalou um penálti fantasma num lance inócuo entre o sportinguista Silva e o guarda-redes Moreira, em que o primeiro simula uma queda. Depois expulsou Miguel, terminando com um outro penálti inexistente, desta vez após uma carga de ombro de Ricardo Rocha a Sá Pinto. O central também foi expulso, e terminamos com nove. Resultado: 1-3 para o Sporting. Mas o pior estava para vir.
Avancemos para Maio de 2005, altura em que o Benfica de Trapattoni, a três jornadas do fim, dispõe de três pontos de vantagem no comando do Campeonato Nacional, estando assim à beira de se sagrar campeão, onze anos depois do último título. Joga em Penafiel, e o que se passa nessa partida dava para todo um compêndio. Primeiro, o brasileiro Geovanni é pontapeado na área. Depois, Pedro Mantorras é agarrado e deitado ao chão aquando da marcação de um pontapé de canto. Mais tarde, Simão Sabrosa é empurrado pelas costas. E, pelo meio, há um corte com a mão de um defesa penafidelense, a cruzamento do mesmo Geovanni. Tudo isto fica impune. As imagens também estão na Internet. Balanço: quatro-penáltis-quatro (!!!) escamoteados ao Benfica. Resultado: Penafiel, 1 - Benfica, 0 e perda do primeiro lugar. Dúvida: cometendo tantas grandes penalidades no mesmo jogo, será que os jogadores da equipa nortenha sabiam de antemão aquilo que podiam fazer em campo? Certeza: um penálti, passa, dois já é mais estranho, mas quem não marca quatro, não quer mesmo marcar nenhum.
A história continuou meses mais tarde, já na temporada seguinte, numa partida entre Benfica e Belenenses, na qual ficou por sancionar falta clara sobre Nuno Assis. Os 'encarnados' não foram além de um empate a zero, permitindo que o FC Porto de Co Adriaanse se afastasse na liderança da prova. O labor deste árbitro no sentido de prejudicar, sempre, o Benfica, era já digno de nota.
Faltava, todavia, um momento. Um momento de decisão. Penafiel fora um caso exemplar, mas inconsequente - o Benfica, duas semanas mais tarde, conquistaria o título. Faltava decidir um Campeonato, entregando-o de bandeja aos mesmos de quase sempre, e mostrando a quem de direito como um simples árbitro podia fabricar campeões. Esse momento chegaria em 2009.
(Parte II na próxima semana)"
Luís Fialho, in O Benfica
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