Ponham os capuzes! Vamos ao assalto!
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Ponham os capuzes! Vamos ao assalto!


"Ah! Foi um regalo vê-los naquele desfilar ridículo de fardas novas! Um deslizar de pobres tontos, agarrados aos seus títulos de pacotilha, orgulhosos de vitórias obtidas à custa dos serviços prestáveis de mulheres da vida, como no tempo da Babilónia, de repastos de frutos do mar, e de tardias visitas de circunstância dos empregados do senhor de cócoras a casa do antigo vendedor de frigoríficos. Umas das fardas, imagine-se, era negra. Talvez para que quem tanto esforço faz para os trazer ao colo não se sinta desfazado no tom e haja assim uma equipa de 14 mais homogénea.

Havia risos e galhofa. Terá havido, seguramente, no meio da tranquibérnia, graçolas ordinárias dirigidas àqueles que não fazem parte da pandilha, como é hábito da casa e vício bacoco do insuportável senhorio. «Gentinha sem nível», murmurará quem faz o favor de me ler. Pior do que isso, paciente leitor: gentalha bárbara e sem princípios, viciada na trampolinice sem a qual não sobrevive, tal e qual é fundamental para nós o oxigénio que respiramos. Já ninguém estranha. Quanto muito ainda há quem se ofenda de, neste alguidar manhoso onde a Europa lava os pés, haver ainda tanto descaramento, tanto descoco, tanta impudícia. Enfim, é próprio de quem desconhece o significado da palavra probidade e ignora os sinónimos de honradez. Por mim, confesso: resta-nos rir. Mesmo que seja um riso triste...

A certa altura, eis que se apresentam, na «passerelle», uns moços de capuz escondendo as caras, as identidades. E, então, percebemos que depois da fraude a que fomos obrigados a assistir recentemente, se prepara novo assalto. Encapuzados, à boa maneira de bandoleiros de outros tempos, eles estão prontos! Provavelmente a cavalo de quem tão docilmente se põe de cócoras, ei-los que aí vêm. Por onde passarem não crescerá relva, como sucedia com Átila, o Flagelo de Deus, e seremos sujeitos aos roubos, aos esbulhos, às afrontas e às vergonhas que desde há mais de 25 anos se cozinham nos subterrâneos esconsos deste Mundo podre que parece não ter fim."


Afonso de Melo, in O Benfica



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