Reflexões de um benfiquista do Porto
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Reflexões de um benfiquista do Porto


"1. Cresci num mundo familiar 'hostil', composto por uma coligação negativa de verde lagarto com tons fortes de azul e branco. Só mesmo aquela imperial vermelha e branca dos anos 60 (equipa encarnada, já que a censura salazarista nem nos permitia chamar vermelho ao que era... vermelho) poderia ter transformado este longínquo vianense num benfiquista dos quatro costados.
Claro que aconteceu comigo e com muitos outros milhares de portugueses da minha geração. Tudo obra daquela equipa imensa, da saga estoica da final de Berna e dos primeiros passos do grande e saudoso Eusébio, entronizado em Amesterdão. Mas o risco de me 'perder' até foi grande. É que se os pais são ainda, felizmente, lagartos, o perigo maior vinha do meu avô azul e branco, que, 'aproveitando-se' dos meus oito(nove anos, tudo tentou para me garantir na sua banda. Chegou mesmo a arrastar-me 70 quilómetros (no final dos anos 50, sem portagens nem SCUT) para me mostrar os andrades nas tardes de domingo (e de que recordo um jogo contra o Belenenses, derrotado por sete a zero, e um golo directo do Acúrsio, então guarda-redes das Antas).
Só que ser do contra já me estava - felizmente - na massa do sangue. Embora, com a ajuda do nosso Eusébio e companhia, até me tenha sido fácil (e ao meu irmão) organizar a 'revolta' e impor à família uma outra realidade, toda de vermelho e branco. Como se prova, valeu (e vale) a pena resistir.

2. Vivo há bastante tempo em Matosinhos. Considero-me uma espécie de cidadão do Porto Região, já vivi na cidade, também já estive em Gaia, montei agora arraiais a 500 metros do Passeio Marítimo do 'nosso' Souto Moura, quase em frente à entrada de Leixões. Amigos de Lisboa perguntam-me por vezes se não tenho problemas em ser benfiquista no Porto. Há muita gente que pensa que ser benfiquista no Porto é duro e difícil, que é preciso coragem para suportar a pressão dos andrades. Um dia destes cruzei-me num restaurante com o Miguel Sousa Tavares e logo a tese contrária veio à baila, que o que era mesmo difícil era ser portista em Lisboa, isso sim, era um acto de coragem (...). Neste particular até acho que Sousa Tavares tem certa razão. Só que nada disso tem a ver com coragem ou com maior ou menos tolerância.
Claro que é bem mais fácil um nativo do Porto ser benfiquista que um lisboeta ter tendências azuis e bancas. E a explicação é fácil. É que benfiquistas no Porto são aos magotes, aos milhares, é fácil e natural o encontro, a convivência e a afinidade quotidiana entre benfiquistas em pleno coração do dragão. O contrário não se verifica, portistas em Lisboa são coisa invulgar, razão pela qual os portistas da capital se 'sentem' mal, isolados, como se fossem uma espécie rara.
E na verdade até são.

3. Depois de, em Julho passado, ter saído do Parlamento nacional, confronto-me agora no 'parlamento' municipal da Invicta com Rui Moreira e o seu (ainda) delicodoce estado de graça. Deixei, é claro, bons amigos em Lisboa, que amiúde revejo com gosto, e que, conjugados com novos focos de actividade, ajudam a fazer a transição de 14 anos de um vai-e-vem quase frenético entre o Porto, a capital e muitos outros sítios e locais.
Há contudo, coisas que a distância e a mudança de estilo e de vida comprometeram de forma drástica. O ambiente e a emoção, a corrente de energia positiva entre quem assiste e faz força e quem, tapete, jogo e luta fazem falta. Tem-me faltado, confesso, o som e a luz da nossa Luz...

4. Há dias ouvi Passos Coelho dizer que era benfiquista. Há coisa de ano e meio também ouvira Vítor Gaspar dizer que o era.
Então agora qualquer pessoa pode, a despropósito, anunciar publicamente que é benfiquista? Usar o bom nome do Benfica para benefício próprio? Sem sequer pedir autorização prévia nem pedir direito de admissão? Sem pagar ao menos um imposto e contribuir para aumentar as receitas do Estado? (confesso que até já pensei em remeter esta indignação-sugestão para os homens da troika...).
Por falar em Passos Coelho, o primeiro-ministro anda há uns tempos a dizer que em Maio vamos abandonar o memorando da troika (ainda não percebi porque chama programa cautelar ao memorando, mas enfim...). Argumenta Passos Coelho que o país está diferente, muito melhor que há dois anos. Pode ser que sim, que tenha razão. Mas eu acho que essas afirmações têm que ser provadas, têm que passar pelo teste do algodão.
E o teste do algodão todos sabemos qual é. Por isso, antes de Maio, o primeiro-ministro tem de ir assistir a um jogo de casa cheia na Luz e ser anunciada a sua presença pela instalação sonora. Logo se verá se, efectivamente, o país está mesmo melhor que em 2011..."

Honório Novo, in Mística



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